Ex-técnico do Atlético, Cuca se manifestou com exclusividade ao No Ataque sobre o atrito que teve com o atacante venezuelano Jefferson Savarino enquanto treinava a equipe, em 2021, ano em que o alvinegro conquistou os títulos do Campeonato Brasileiro, da Copa do Brasil e do Campeonato Mineiro.
A situação havia sido externada pelo jogador nessa segunda-feira (2/12) em entrevista ao programa Jogo Aberto, da Band, após a conquista da Copa Libertadores pelo Botafogo no sábado (30/11), com vitória por 3 a 1 sobre o Galo no Estádio Monumental de Núñez, em Buenos Aires, Argentina.
Destaque do Glorioso, Savarino disse que teve “briga” com Cuca quando se machucou e que, depois, perdeu espaço no time. O técnico, no entanto, discorda que houve briga: em depoimento exclusivo à reportagem, ele contou que considera ter agido corretamente perante descontentamento do atacante por não estar jogando, revelou não guardar mágoas do venezoelano e explicou a situação sob sua ótica.
O que Cuca falou
“Nós tínhamos um relacionamento bom e que teve uma briga, eu nem acho que foi briga. São decisões que um treinador tem que tomar quando lida com grupo. Savarino gostava muito de estar jogando, machucou, perdeu a posição. Quando voltou a treinar, eu treinava no campo com ele e o Guilherme, fisioterapeuta, para estimulá-lo. É natural perder a posição porque jogavam Keno, Nacho, Hulk e Zaracho, ele tinha que ter paciência para voltar à titularidade nos treinamentos e nos jogos.
Um dia ele me perguntou isso, me falou que queria voltar, falei que tivesse paciência, mas ele não teve, e não quis viajar para o jogo contra o Fortaleza. Eu, como treinador, comuniquei ao grupo de imediato, falei que ele não quis viajar e estava fora da viagem. Como comandante que sou, agi corretamente, na minha opinião. Preservei o jogador, não tornei público, fomos a Fortaleza, vencemos por 2 a 1, depois de voltarmos ele ficou fora de alguns jogos, mas eu recuperei o jogador, recuperei o prestígio dele com o grupo, tanto que na final da Copa do Brasil, contra o Athletico-PR, em Curitiba, ele jogou e até deu passe para o segundo gol. Ele também jogou as finais do Campeonato Brasileiro, foi útil, então acho que não foi uma briga, foi uma decisão que o treinador tem que tomar, medida certa. Se fosse hoje, eu agiria da mesma forma.
Ele foi importante para nós, foi preservado da forma como deveria ser feita. Depois, eu saí e ele continuou no Atlético, daí para frente já não é comigo. Mas não tenho mágoa nenhuma dele, pelo contrário, é um “guri” bom de lidar, uma pessoa bem educada, tranquila, foi apenas um episódio a parte que aconteceu. Isso é normal, em todos os clubes tem isso, o jogador gosta muito de estar jogando e cabe ao gestor, que no caso era eu, tomar as decisões.”
O que Savarino falou
“Sou muito agradecido sempre por tudo que passei no Atlético, mas vou esclarecer tudo que aconteceu lá. Começou com uma briga com o Cuca quando machuquei. Depois perdi espaço no time. Já começando o outro ano, o Atlético estava pensando em trazer muitos jogadores, queria o Ademir, o Pavón… Eu já estava perdendo muito espaço no time. Sou um jogador que gosta de jogar. Tinha bons números no Atlético para continuar sendo um dos principais jogadores”, disse, ao Jogo Aberto.
Segundo ele, no início de 2022, houve outro desentendimento, desta vez com o então diretor de futebol atleticano, Rodrigo Caetano.
“Então, tudo começou com uma briga muito simples no começo do ano com o Rodrigo Caetano. Eu queria ficar lá na Venezuela, estava de férias, e queria ficar para ir com a minha seleção, porque teríamos um técnico novo. Aí ele não deixou. Fiquei muito chateado. Começou toda briga. Aí o Atlético me falou ‘você vai embora senão não joga mais’. Tudo começou assim. O Real Salt Lake me chamou de novo e tive que tomar a decisão de ir embora para os Estados Unidos”, finalizou.
O que Rodrigo Caetano falou
O No Ataque procurou Rodrigo Caetano, que autorizou a reportagem a utilizar a declaração enviada inicialmente ao ge. “Ontem mesmo já dei a versão verdadeira e não a minha versão”, afirmou.
De acordo com o executivo, o veto ao pedido de Savarino se deu pela importância de ter o grupo completo no início de trabalho do técnico Antônio Mohamed.
“O que aconteceu foi que ele pediu para se apresentar após a data determinada de retorno para todos, em janeiro de 2022. Estávamos trocando o treinador, com a chegada do Antônio Mohamed e comissão técnica, portanto mais importante ainda estarem todos na reapresentação. E obviamente que não concordamos, pois as regras são para todos”, iniciou.
Caetano também afirmou que a saída do atacante se deu por um pedido dos agentes dele. Ainda de acordo com o executivo, a negociação só se desenrolou a partir disso.
“Quanto a sua venda , ele que pediu pra sair sim, pois os agentes dele que enviaram a proposta de compra de seu ex-clube da MLS. Depois disso, foram negociações em relação a melhor condição possível para o Galo na época.”
Savarino pelo Atlético
Savarino chegou ao Atlético em fevereiro de 2020 por US$ 2 milhões (cerca de R$ 8,6 milhões na cotação da época).
No primeiro ano no time mineiro, disputou 43 partidas. Foram 10 gols marcados e oito assistências. Na temporada seguinte, o meia-atacante atuou em 40 jogos, com sete tentos anotados e nove passes para gol.
Com a camisa do alvinegro, o venezuelano conquistou dois Campeonatos Mineiros (2020 e 2021), a Série A do Campeonato Brasileiro (2021) e a Copa do Brasil (2021).
Em abril de 2022, Savarino foi vendido pelo Atlético para o Real Salt Lake por R$ 12,4 milhões.