Pouco mais de nove anos se passaram desde o encerramento do penúltimo trabalho de Levir Culpi pelo Atlético, que durou exatos 581 dias. Desde então, nenhum outro treinador foi capaz de completar um ano no comando do Galo – realidade que escancara um problema crônico no clube mineiro.
Na última quarta-feira (4/12), foi a vez de Gabriel Milito ter ciclo encerrado no Atlético. Em “comum acordo” com a diretoria, o ex-zagueiro deu fim ao trabalho frente ao time alvinegro após conquistar o Campeonato Mineiro, ser vice da Copa do Brasil e da Copa Libertadores e amargar péssima campanha na Série A do Campeonato Brasileiro.
Entre acertos e erros, o técnico argentino se despediu do Galo com 23 vitórias, 20 empates e 19 derrotas em 62 jogos, traduzidos em um aproveitamento de 47,8%. Na reta final da parceria, pesou negativamente a sequência de 12 jogos sem triunfos – a maior do clube nos últimos 33 anos.
Desde a saída de Levir Culpi em 2015, Milito foi o responsável por comandar o 17º trabalho de um técnico no Atlético em nove temporadas – média de praticamente dois projetos por ano. Veja a lista completa a seguir.
Treinadores do Atlético nos últimos nove anos
- Diego Aguirre (2016): 168 dias
- Marcelo Oliveira (2016): 188 dias
- Roger Machado (2017): 232 dias
- Rogério Micale (2017): 65 dias
- Oswaldo de Oliveira (2017-2018): 136 dias
- Thiago Larghi (2018): 250 dias
- Levir Culpi (2018-2019): 176 dias
- Rodrigo Santana (2019): 185 dias
- Vagner Mancini (2019): 58 dias
- Rafael Dudamel (2020): 54 dias
- Jorge Sampaoli (2020-2021): 358 dias
- Cuca (2021): 298 dias
- “El Turco” Mohamed (2022): 190 dias
- Cuca (2022): 114 dias
- Eduardo Coudet (2023): 204 dias
- Felipão (2023-2024): 278 dias
- Gabriel Milito (2024): 255 dias
O “problema crônico” do Atlético
Desde a penúltima passagem de Levir Culpi pelo Atlético, o argentino Jorge Sampaoli foi quem passou mais perto de completar um ano dirigindo o Galo: foram 358 dias de trabalho entre 2020 e 2021. Vale a ressalva de que houve mais de quatro meses sem jogos em virtude da paralisação do futebol pela pandemia de covid-19.
Em termos de longevidade no cargo, de toda forma, Milito só durou menos que Sampaoli, Cuca (2021) e Felipão no recorte trabalhado pela reportagem de No Ataque. Ainda que cada troca tenha se dado em diferentes contextos e promovida por direções distintas, os números evidenciam a dificuldade do clube mineiro em respaldar o trabalho de um treinador perante os desafios impostos pelo esporte.
No período em análise, nenhum treinador conseguiu iniciar duas temporadas consecutivas sob o comando do Atlético. O último a realizar tal feito foi Cuca, que era o comandante alvinegro no começo dos anos de 2012 e 2013.
O problema segue persistindo sob gestão da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) do Galo, instituída em 1º de novembro de 2023. Em pouco mais de um ano, os empresários que ditam os rumos do clube-empresa alvinegro terão o terceiro treinador.