O ano de 2024 será eternamente lembrado com mágoa pela maior parte da torcida do Atlético. Ainda que tenha sido campeão estadual no início da temporada, o Galo frustrou expectativas ao ser vice da Copa do Brasil e da Copa Libertadores. Apesar disso, no âmbito extracampo, o clube mineiro viu expectativas financeiras serem superadas.
A boa média de público no primeiro ano completo da Arena MRV (32.212) foi decisiva para que o Atlético alcançasse a meta estipulada de receitas com bilheteria. Segundo Bruno Muzzi, CEO da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) do Galo, a diretoria alvinegra esperava arrecadar cifra entre R$ 70 milhões e R$ 73 milhões brutos com a comercialização de ingressos em 2024.
Também em virtude das boas campanhas nos mata-matas, o objetivo foi alcançado com certa antecedência – já no segundo jogo da decisão da Copa do Brasil, contra o Flamengo. De acordo com os números detalhados em borderôs disponibilizados pela Federação Mineira de Futebol (FMF), o clube mineiro garantiu cerca de R$ 80,6 milhões brutos com a venda de bilhetes para os jogos da temporada.
Mesmo com três partidas de portões fechados em cumprimento de punição imposta pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), o Atlético assegurou aproximadamente R$ 57,1 milhões líquidos com a venda de ingressos. Com a adição das receitas com as vendas de alimentos, bebidas e vagas de estacionamento na Arena MRV, esse montante chegou a R$ 66,2 milhões, nas contas do clube.
Atlético também superou meta com premiações por desempenho
No fim de 2023, a diretoria alvinegra estabeleceu três metas orçamentárias relacionadas às competições disputadas em 2024. Foram elas: G6 na Série A do Campeonato Brasileiro, oitavas de final na Copa do Brasil e oitavas de final na Copa Libertadores.
O objetivo no Brasileirão ficou pelo caminho: o Atlético fez campanha abaixo das expectativas e ficou apenas com o 12º lugar na tabela de classificação. A premiação do São Paulo, sexto colocado, foi de R$ 36,1 milhões. Já a do Galo foi de R$ 19,2 milhões – diferença de R$ 16,9 milhões.
Esse “déficit”, no entanto, foi significativamente compensado pelas campanhas nos mata-matas, já que o time mineiro foi finalista de ambos. A recompensa pelo vice da Copa do Brasil foi de cerca de R$ 51,1 milhões, enquanto a da Libertadores foi de 16,9 milhões de dólares – aproximadamente R$ 103 milhões na cotação atual.
Caso houvesse alcançado somente as oitavas em ambos os torneios, o Atlético teria arrecadado cerca de R$ 5,6 milhões na Copa do Brasil e outros 5,9 milhões de dólares na Libertadores – aproximadamente R$ 36 milhões. O montante garantido com os vices, portanto, supera em mais de R$ 110 milhões o orçado pelos gestores da SAF.
Valor arrecadado com vendas de jogadores faz “contrapeso”
Se as expectativas foram superadas com bilheteria e premiações, o valor arrecadado com vendas de jogadores foi responsável pelo “contrapeso”. Em março, o documento apresentado pela diretoria do Atlético durante o processo de contratação do técnico Gabriel Milito revelava que o clube esperava registrar R$ 64 milhões com receitas advindas de transferências de atletas na temporada.
Apesar disso, o Galo se vê em meados de dezembro ainda abaixo da metade do objetivo. Em encontro com jornalistas no início de setembro, na Arena MRV, Bruno Muzzi revelou que o clube havia garantido, até aquele momento, cerca de R$ 30 milhões com essa fonte de renda.
O montante diz respeito ao valor que de fato entrou para os cofres da instituição ao longo do ano, excluindo comissões, bonificações e percentuais referentes a direitos econômicos de outros clubes sobre atletas que passaram pelo Galo. A cifra, por outro lado, leva em consideração os mecanismos de solidariedade das negociações que envolveram jogadores que fizeram ao menos parte da formação no Atlético – casos dos atacantes Marquinhos e Savinho, por exemplo.
A meta, de toda maneira, ainda pode ser alcançada. Com ativos importantes no elenco, o clube alvinegro segue dispondo de nomes que chamam atenção do mercado e atraem consultas de outros times.
Manutenção de cenário em 2025?
Mesmo com a superação dos principais objetivos financeiros estipulados para 2024, o Atlético deve seguir a linha dos últimos anos e apostar em ajustes pontuais no elenco. Em entrevista recente ao ge, Rafael Menin, um dos principais investidores da SAF do Galo, projetou “orçamento duro” para o clube em 2025.
É improvável que o Atlético adote postura agressiva no mercado em busca de reforços de peso. A tendência é de que a diretoria siga priorizando o que trata como “oportunidades de mercado”, sem investir montantes expressivos para tentar aprimorar o elenco.