O Atlético tem um novo prazo para quitar a dívida, que deve fechar 2024 em cerca de R$ 1,1 bilhão – desconsiderando as pendências relacionadas à Arena MRV. A informação foi revelada por Rubens Menin, acionista majoritário da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) do Galo, nesta segunda-feira (30/12).
Em abril de 2021, durante o Galo Business Day, o Atlético detalhou dívida global de R$ 1,2 bilhão e traçou plano para reduzir o montante a R$ 341 milhões até 2026. Mais recentemente, em março, ao apresentar projeto ao técnico argentino Gabriel Milito, o clube frisou estratégia distinta.
No documento apresentado ao treinador, o Galo classificava 2026 como ano de “saúde financeira”. “Todos os esforços são voltados para a completa quitação da dívida”, destacou o Atlético em um dos slides.
O cenário de alta dos juros na economia brasileira, no entanto, atrapalha os objetivos alvinegros neste sentido. Com boa parte das dívidas vinculadas a bancos, o Atlético segue “sofrendo” com o pagamento de despesas financeiras mensais junto a essas instituições.
“Não, não vamos conseguir [quitar a dívida até 2026]. A expectativa era de que até 2026 a gente terminasse. A gente tem que ser realista, né? A hora que os juros sobem, e subiram… Tínhamos uma expectativa de que os juros acabassem em 8% esse ano. Vai acabar em 14% – seis pontos a mais. Cada seis pontos percentuais de juros comem R$ 50 milhões do Atlético por ano – do Atlético e de todos os times do Brasil. Os juros no Brasil, infelizmente, pegaram uma trajetória muito ruim e isso vai consumir um pouco mais de dinheiro nosso. É um dinheiro até ruim, que a gente paga juros e não investe, mas o nosso planejamento está indo para o meio de 2028 agora”, afirmou Menin em entrevista à Rede 98.
Mesmo diante da extensão do prazo para a quitação da dívida bilionária, o empresário atleticano demonstrou otimismo diante do cenário de momento no clube. Menin valorizou os compromissos que o Galo conseguiu honrar no passado recente.
“O importante é a gente ter saúde financeira, não atrasar os pagamentos. A gente faz muita questão disso, sabe? Acho que isso é muito importante para fazer a história nova da SAF. Salários em dia, compromissos em dia, não temos mais aquelas dívidas trabalhistas. Está tudo organizadinho, e isso é importante. Uma coisa que o Atlético nunca teve: fluxo de caixa. Não devemos jogador, não devemos Fifa, não devemos nada. Isso é muito, muito bom para nós”, completou.
Atlético teve fluxo de caixa positivo em 2024
Ainda de acordo com Rubens Menin, o Atlético voltou a ter fluxo de caixa operacional positivo em 2024. O próximo balanço financeiro do Galo, portanto, deve evidenciar com números de que o clube arrecadou mais do que gastou com as principais operações neste ano.
De toda forma, o investidor voltou a mencionar os juros e o empréstimo da Arena MRV como fatores dificultadores para a evolução financeira do Atlético. O clube convive com a necessidade de construir novos anos de fluxo de caixa positivo para caminhar na direção da quitação das pendências monetárias.
“Hoje é dia 30, nós não fechamos o balanço. Nós já sabemos o que será. Vai ser o primeiro ano que o Atlético vai ter fluxo de caixa operacional positivo dos últimos 10, 15 anos, não sei. (…) Isso vai ser importante. Tivemos recorde de arrecadação. Não vou antecipar o número não, mas teve. Muito bom. A gente teve dois problemas: um déficit financeiro, que foram os juros, não operacional. A Arena também tem um empréstimo que dá um prejuizinho todo ano, que são os CRIs da Arena. Nós temos uma dívida da Arena de R$ 400 milhões ou alguma coisa dessa ordem. Coisa que nós estamos diminuindo, porque já foi R$ 500 milhões”, disse.
“A partir do momento que os juros forem sendo pagos e a dívida for diminuindo, cada vez menos a gente vai ter custo financeiro. O importante é a gente ter resultado operacional. Isso mostra a saúde do time. O Atlético vai fechar 2024 com resultado operacional, com diminuição de dívida e com recorde de receita. Estou antecipando para vocês números que sairão em breve”, encerrou Rubens Menin.
Os balanços financeiros dos clubes brasileiros costumam ser divulgados em abril. No próximo documento, o Atlético detalhará o estado da dívida ao fim de 2024, além de apresentar novas projeções para honrar os compromissos.