Em outubro, o Atlético apresentou a investidores proposta de reestruturação dos Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) da Arena MRV. Com números e gráficos, a Sociedade Anônima de Futebol (SAF) do Galo detalhou a projeção de receitas e despesas operacionais até 2030.
A estimativa era de que o Atlético fechasse o ano de 2024 com cerca de R$ 530 milhões em receita bruta – sendo R$ 434 milhões recorrentes e outros R$ 96 milhões com a venda de atletas. Os números oficiais devem ser detalhados na próxima quarta-feira (8/1), em apresentação de Bruno Muzzi, CEO da SAF do Galo, a jornalistas na sede do clube, em Belo Horizonte.
A gestão alvinegra projeta um aumento de 68,6% nesta cifra até 2030. No documento compartilhado com os investidores dos CRIs, o Atlético revelou que espera receita bruta de R$ 894 milhões no último ano do recorte – sendo R$ 719 milhões recorrentes e outros R$ 174 milhões com a venda de atletas.
Atlético detalha projeção de despesas e despesas operacionais
Outro slide da apresentação feita aos investidores dos CRIs esmiuça o plano financeiro do Atlético até 2030. A expectativa para 2025 é de que o clube feche o ano com R$ 496 milhões em receitas recorrentes, sem considerar a venda de atletas, e R$ 441 milhões em custos e despesas operacionais.
O detalhamento do ano que se inicia prevê, no fim das contas: R$ 203 milhões de arrecadação com transmissão e premiações esportivas; R$ 110 milhões com matchday (dias de jogos); R$ 120 milhões comerciais (patrocínios e outros negócios) e R$ 63 milhões com a Arena MRV.
Já na esfera dos custos operacionais, são estimados R$ 333 milhões gastos com futebol profissional e base; R$ 43 milhões com futebol feminino, Galo Na Veia (sócio-torcedor) e Arena MRV; R$ 34 milhões com deduções e outros R$ 30 milhões com G&A (gastos gerais e administrativos).
A estimativa acima também permitiu com que o Atlético calculasse uma projeção de EBITDA recorrente. Trata-se de uma métrica financeira que, em termos simples, avalia o desempenho operacional de uma empresa.
O cálculo revela o lucro da instituição antes dos juros, impostos, depreciações e amortizações. Com expectativa de salto de R$ 8 milhões ao fim de 2024 a R$ 176 milhões no fechamento de 2030, a gestão do Galo espera conquistar maior “fôlego financeiro” ao longo dos próximos anos.
Atlético ainda convive com dívida bilionária
Em setembro, Bruno Muzzi projetou que o Atlético fecharia 2024 com cerca de R$ 1,2 bilhão em dívidas – outro número a ser confirmado nos próximos dias. Com parte significativa dessas pendências associadas a bancos, o clube segue enfrentando dificuldades em virtude do pagamento mensal de juros a essas instituições financeiras.
O cenário econômico do país também é alerta para o Galo. Com a taxa Selic fixada em 12,25% ao ano e expectativas de novos aumentos nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), a SAF observa as despesas mensais crescerem a partir da subida na curva de juros.
Neste sentido, o documento apresentado aos investidores dos CRIs da Arena MRV também faz projeção acerca do endividamento do Atlético. A gestão alvinegra prevê rolagem dos débitos (renegociações) por três anos até o início da redução do montante.
De modo geral, os números apresentados acima indicam que o Atlético terá de lidar com novos anos de limitações financeiras para o futebol caso não haja “fato novo” na SAF. Sem novos aportes – seja dos atuais gestores ou de outro grupo – no clube-empresa alvinegro, a tendência é de que o Galo siga investindo menos do que os principais concorrentes no cenário nacional.
Trata-se, naturalmente, de uma previsão conservadora por parte do clube. Em caso de novas entradas de recursos “de fora”, o Atlético deve caminhar no sentido da sustentabilidade financeira com maior velocidade.