NO ATAQUE COM DAMIANI

Gerente do Atlético explica Veneno fora da Copinha e revela interesse europeu

Em entrevista exclusiva ao No Ataque, Erasmo Damiani disse porque Veneno, joia da base do Atlético, não foi à Copinha, e contou bastidores da captação do atacante
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João Gabriel Veneno tem só 15 anos e seis meses, mas seu apelido insinuante e seu jeito hábil de jogar futebol já caíram nas graças de muitos torcedores do Atlético, que pediam a presença do jovem atacante, considerado uma das maiores joias das categorias de base do Galo, no time que disputou a Copa São Paulo de Futebol Júnior, a Copinha, formado principalmente por atletas do Sub-17.

Alguns adeptos, inclusive, queriam a presença do baiano já no time que disputa as rodadas iniciais do Campeonato Mineiro, composto principalmente por jogadores do Sub-20, sob a justificativa de que ele seria um talento “fora de série” e, por isso, deveria “pular etapas” na base, a exemplo de Endrick e Estêvão, grandes revelações recentes do Palmeiras, que estrearam profissionalmente com 16 anos.

Gerente geral da base do Atlético, Erasmo Damiani explicou, durante entrevista ao No Ataque, que a decisão de levar o porque o clube decidiu deixar Veneno de fora da Copinha, e revelou que o ponta-direita já é alvo de interesse de clubes europeus.

“Isso foi muito questionado, o porquê de ele não ter ido. Se fôssemos com uma equipe mais madura, o Gabriel estaria na relação. Uma coisa é colocarmos ele para jogar por 15, 20 minutos, outra coisa é ter que jogar, com 15 anos, 60 minutos, e ter que entrar para decidir. Nosso time da Copinha é um time novo, tínhamos dois jogadores titulares com 16 anos, treinávamos com seis jogadores de 16 anos, daqui a pouco eu teria mais um com 15 anos (Veneno)”

Erasmo Damiani, gerente geral da base do Atlético

“Muitos jogadores da Copinha não tinham jogado o ano todo, então se colocássemos ele lá, ao invés de ajudá-lo, estaríamos o prejudicando, porque tem essa cobrança, essa ansiedade. Temos que trabalhar aos poucos para que ele possa se desenvolver”, prosseguiu.

No pensamento de Damiani e do Atlético, portanto, se o time Sub-20 fosse disputar a Copinha e não o Mineiro, Veneno poderia ser relacionado para entrar no final de algumas partidas, pois teria menor responsabilidade na companhia de jovens mais maduros e ficaria menos sobrecarregado fisicamente e mentalmente. Já em meio à equipe Sub-17, ele teria que jogar mais minutos e se desgastaria mais – principalmente tendo em vista que a maioria dos adversários do Galo tinham times repletos de jogadores de 20 anos, cinco a mais que a idade de Gabriel.

O que o Atlético pensou para Veneno

O Atlético decidiu que, para o desenvolvimento de Veneno e a valorização dele como ativo do clube, a prioridade era a disputa da Surf Cup Internacional, em Salou, na Espanha, com o time Sub-17, em dezembro do ano passado, cerca de três semanas antes do início da Copinha. O Galinho sagrou-se campeão do torneio, que teve a presença de três tradicionais equipes espanholas: Real Sociedad, Rayo Vallecano e Athletic Bilbao.

Em 2024, Veneno alternou entre o Sub-15 – categoria na qual foi chamado para a Seleção Brasileira – e o Sub-17 – categoria na qual estreou em setembro. Neste ano, Damiani projeta que o atacante se firmará na categoria Sub-17.

“Pensamos que o melhor para ele se desenvolver era ir para a Espanha, porque também é um ativo do clube, e que ele se prepare neste ano 2025. Daqui a pouco tem o Sub-17, e aí sim em um processo de evolução”, disse Damiani, ao No Ataque.

Como Veneno chegou ao Atlético

A chegada de Veneno é fruto de mudança na estratégia de captação da base do Atlético com Erasmo Damiani. Desde que o gerente chegou, em 2021, o clube tem tentado captar atletas mais jovens e participar do processo de “iniciação” deles.

“Quando cheguei aqui, o Atlético não tinha o olhar para a iniciação. Eu entendo que quanto mais cedo começar o processo de observar os atletas, melhor. Com um atleta de 10, 11, 12 anos, eu consigo competir de igual para igual com os maiores clubes do Brasil hoje, que compram jogadores na base. Se eu deixar completar 15 anos, não dá. O Veneno, por exemplo, se eu espero ele completar 15, 16 anos, íamos ter que pagar quanto?”, indagou Damiani.

“O Gabriel foi jogar a Copa 2 de Julho (tradicional torneio de base da Bahia), o Dennys Dilettoso (coordenador de captação do Atlético) viu, gostou e já foi direto nele. Quando chegou o quarto jogo, quando todos queriam ir atrás dele, nós já tínhamos fechado com o clube dele. Temos que ter essa criatividade de chegar na frente de alguns clubes, porque na hora que colocar dinheiro, nós estamos perdendo, ainda não temos condições de colocar dinheiro para adquirir jogadores”

Erasmo Damiani, ao No Ataque

“Ele chegou aqui em setembro de 2023. Ainda está em processo de crescimento e desenvolvimento. Veio de uma escolinha. Tem treinado fundamentos, aprendendo um pouco mais, tendo discernimento da parte tática. Agora, na parte técnica, deixamos ele livre, aquele caos organizado quando tiver a bola no pé”, finalizou Damiani.

Interesse europeu em Gabriel Veneno

Perguntado pelo No Ataque se o jovem ponta-direita já é alvo de interesse de clubes europeus, Damiani confirmou: “Sempre tem clube perguntando (sobre Gabriel Veneno). No Brasil sempre têm muitos observadores, eles vão aos jogos, acompanham, perguntam como é o dia a dia do atleta, o fora de campo, então existe sim um monitoramento, assim como outros atletas dentro do clube”.

Como o Atlético pode ‘se proteger’ do interesse europeu?

“Nós só podemos fazer o contrato profissional quando ele completar 16 anos. Hoje, a grande maioria dos clubes de fora respeita o processo. Fazendo uma suposição, o clube de fora espera ele se profissionalizar para aí sim fazer a proposta, como foi feito com o Estevão (do Palmeiras, vendido para o Chelsea). A nossa segurança passa a ser a partir do momento que o atleta tem o contrato profissional”, disse Damiani.

E do interesse de outros clubes brasileiros

“É uma decisão do jogador, mas aí existe uma multa: o clube brasileiro que quiser comprar um jovem tem que pagar de 200 vezes o que o clube gastou com ele durante a formação, então também passa a ser caro. No primeiro contrato profissional a prioridade é do Atlético, e na renovação também. Mesmo que ele não queira, eu sempre vou ter a prioridade”, afirmou o gerente de base do Atlético.

“Nós temos um pouco de segurança nessa questão, e quem representa os atletas sempre fala: ‘vamos deixar o atleta crescer no processo em que ele está, porque já conhece o clube, a estrutura’. É um trabalho diário com os empresários, família, hoje pai e mãe participam muito do processo. São conversas diárias com vários representantes, porque temos quase 300 atletas na base do clube”, finalizou Damiani.

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