NO ATAQUE COM PATRUS

Investidor do Atlético, Patrus aponta caminho para SAF reduzir dívida do clube

Integrante do FIGA, Marcelo Patrus lamenta alta do juros e perda do título da Libertadores, mas vislumbra caminho para redução da dívida

Não é segredo para os torcedores que o Atlético luta para reduzir a dívida de R$ 1,4 bilhão. Mas como o clube pode trabalhar para que isso ocorra? Marcelo Patrus, um dos investidores da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) alvinegra, apontou um possível caminho em entrevista exclusiva ao No Ataque.

Marcelo Patrus faz parte do FIGA (Fundo de Investimento do Galo), em que também se encontra Renato Salvador. O fundo tem 6,7% da Galo Holding, que por sua vez detém 75% das ações da SAF. 

Ao falar sobre a dívida do Atlético, o empresário lamentou dois pontos: a alta do juros e a perda do título da Copa Libertadores do ano passado, com o vice para o Botafogo. 

Na visão dele, o clube mineiro poderia ter reduzido bem a dívida com uma arrecadação próxima a R$ 600 milhões – que entrariam nos cofres do clube por meio de premiações pelo título e por participações no torneio continental desta temporada e do Mundial.

“O juros um dia vai abaixar. O Atlético tendo sucesso é tranquilo, eu acredito, de resolver a questão da dívida. Mas tem que dar sorte também. Um exemplo, o prejuízo do Atlético no jogo contra o Botafogo é de 100 milhões de dólares. Nós deixamos de ganhar. Iria resolver metade dos nossos problemas, essa dívida diminuiria pela metade”, disse. 

“Nós cumprimos o orçamento e tivemos superávit operacional em 2024. O que a gente precisa é diminuir a nossa dívida. Nada resiste – nem empresa, nem nada – a juros de 20% ao ano. Esses juros no Brasil são um escândalo. Esses juros precisam abaixar, e vão. Aí já é problema de Banco Central, não vamos entrar nisso. Aí, as coisas facilitam para todos”, lamentou.

Base pode ser o caminho para o Atlético

Patrus entende que a dívida, no entanto, não tem atrapalhado o Atlético no dia a dia. Ele citou os investimentos feitos em contratações nesta temporada – que ultrapassam R$ 120 milhões – e comentou a intenção dos gestores de alongar a débito o máximo possível.

 “Tem muita gente boa olhando como vai fazer para diminuir e alongar essa dívida atual que está lá. Que ela não prejudique o dia a dia. Hoje, ela não está prejudicando o dia a dia do Atlético. Tanto é que, com essa dívida toda, você viu o tamanho de investimentos que a gente já fez esse ano. Vende aqui, compra lá”, afirmou.

Neste sentido, algo que pode ajudar o Atlético nos próximos anos é a maior revelação de jogadores com potencial de retorno financeiro. Para Patrus, a venda de promessas alinhada à redução do impacto do juros é o caminho para o clube reduzir o valor que deve. 

“O futuro do Atlético e de qualquer time de futebol, isso a gente escuta tem 40 anos, está na divisão de base. Precisa formar talentos para que esses talentos sejam vendidos como todo o clube o faz. Flamengo, Palmeiras e os clubes europeus também. O caminho mais rápido para solucionar é divisão de base e pessoas financeiras que estão lá trabalhando para diminuir o impacto dos juros que a gente tem anualmente da melhor maneira possível”.

Marcelo Patrus, investidor do Atlético

Impacto do desempenho esportivo

Patrus ainda admite que o desempenho esportivo do Atlético pesa muito no orçamento. No ano passado, por exemplo, o clube arrecadou cerca de R$ 165 milhões apenas em premiações. 

“Lógico, ganhando campeonatos, participando. Sendo protagonistas igual estamos sendo nos últimos cinco anos. Esse ano, nós demos azar porque perdemos lá para o Botafogo e, junto, foi uma Libertadores. Por isso, estão esses 100 milhões de dólares que o Atlético perdeu”, apontou o empresário, que sonha com o título Mundial para o clube.

“O meu grande sonho é o Atlético ser campeão do mundo. Mundial. Para chegar em um Mundial, tem que ganhar a Libertadores. Agora, era o grande sonho da minha vida o Atlético estar nos Estados Unidos, entre os 40. Gente, o prejuízo nosso foi enorme. Estivemos na beirada para ir. Vamos ter que esperar quatro anos para nós ganharmos uma Libertadores”, lamentou.

A dívida do Atlético

A dívida líquida do Atlético no final de 2024 aumentou R$ 90 milhões em relação a 2023. Esse valor se deve, principalmente, pelo investimento do clube na compra parcelada de jogadores no meio do ano passado. A quantia entra como “contas a pagar”, que teve um acréscimo de R$ 93 milhões.

  • Dívida bancária – aumentou de R$ 465 milhões (2023) para R$ 507 milhões (2024)
  • Dívida Arena MRV – diminuiu de R$ 486 milhões (2023) para 410 milhões (2024)
  • Dívida Profut e Perse – R$ 232 milhões (2023) para R$ 254 milhões (2024)
  • Contas a pagar – aumentou de R$ 36 milhões (2023) para R$ 129 milhões (2024)
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