MERCADO DA BOLA

‘Tensão’ em hotel, assédio de concorrentes e peso do projeto: bastidores de João Marcelo no Atlético

Atlético precisou agir rapidamente e apostou em força de projeto esportivo para fechar com João Marcelo; No Ataque conversou com empresário

O termo “ascensão meteórica” se transformou em um verdadeiro clichê no futebol, mas não há expressão que defina melhor os últimos meses do jovem atacante João Marcelo, de 19 anos. Novo reforço do Atlético, o jogador viveu semanas intensas antes de assinar contrato com o Galo. Da “tensão” em hotel na capital mineira ao assédio de concorrentes e o peso do projeto alvinegro como fator decisivo para a decisão mais recente da carreira, o No Ataque apurou bastidores das negociações que levaram o atleta ao clube mineiro.

Natural de Planura, cidade que fica a 583 km de Belo Horizonte no interior de Minas Gerais, João Marcelo trilhou trajetória em clubes de São Paulo antes de despontar no Guarani. O atacante passou por Monte Azul, Rio Preto, Barretos, Atlético Tubarão e Guanabi até chegar ao Bugre, no início de 2024.

O começo da atual temporada foi explosivo para o jogador. Foram cinco gols em cinco jogos pelo Guarani na Copa São Paulo de Futebol Júnior, o mais tradicional torneio de base do Brasil – um deles, inclusive, contra o time sub-20 do Atlético.

O desempenho na Copinha chamou atenção da comissão técnica de Maurício Souza, que prontamente subiu o atacante ao profissional do Guarani. No time principal da equipe alviverde de Campinas, João Marcelo se destacou com quatro gols e duas assistências em 11 partidas pelo Campeonato Paulista, tendo balançado as redes do Corinthians na Neo Química Arena, em São Paulo.

O contrato do atleta no Guarani previa salário mensal de R$ 1,6 mil. Ou seja: mesmo com status de uma das promessas do Estadual, João Marcelo ainda recebia valor pouco superior a um salário mínimo no Bugre – informação antecipada pelo ge e confirmada por No Ataque.

Reforço do Atlético, João Marcelo comemora gol pelo Guarani - (foto: Raphael Silvestre/Guarani)
Reforço do Atlético, João Marcelo comemora gol pelo Guarani(foto: Raphael Silvestre/Guarani)

Os bastidores da negociação com o Atlético

João Marcelo é agenciado pelas empresas GX3 Sport e GG Esportes – a segunda do empresário Alex Fabiano, ex-piloto da Fórmula Truck. Foi com ele que a reportagem de No Ataque conversou para conhecer mais dos bastidores da negociação do jovem com o Atlético.

As conversas tiveram participação importante de Paulo Bracks, que intermediou o desejo do Atlético junto ao Guarani e ao staff de João Marcelo. O CSO do Galo trabalhou com Alex Fabiano no Santos, quando o empresário ainda era assessor do presidente Marcelo Teixeira.

Em João Marcelo, o Atlético enxergou a perspectiva de um jogador que levaria pouco tempo para se adaptar, com boas chances de retornos rápidos ao clube – tanto no aspecto esportivo como no financeiro. Apesar disso, enfrentou forte concorrência para fechar com o novo reforço.

Assédio do Corinthians

Depois de apalavrar condições com os agentes do atacante e com o Guarani, o Galo viu o Corinthians entrar “pesado” na jogada. O Timão ofereceu montante três vezes maior ao Bugre e o dobro de salário ao atleta para tentar atravessar a transferência.

“Eu e João Marcelo temos palavra, honra e caráter. Já tínhamos dado a palavra ao Atlético. Eu falei: ‘Pode vir 10 vezes o valor que é aqui que vamos ficar. É aqui que a gente acredita, o projeto que queremos para a vida do João’. Ele (João) também falou: ‘Eu quero mesmo ficar aqui, a gente já deu a palavra’. O Augusto Melo (presidente do Corinthians) tentou até o último segundo”, contou Alex Fabiano ao NA.

“Pela segunda vez , começamos uma negociação bem ‘mineiros’, tranquilos, com as pontas firmes. Ou seja, com o clube do outro lado e os agentes do jogador, e no meio dessa negociação surge um clube rival nosso e faz uma proposta indecorosa ao jogador e aos seus empresários e tenta atravessar o negócio. Já é a segunda vez que fazem isso. Eu não vou citar o nome, mas o clube sabe o que fez.”

Paulo Bracks, CSO do Atlético, em 5 de março

Tensão em hotel antes de assinatura

A tensão das conversas foi amplificada em quatro dias em um hotel em Belo Horizonte, antes da assinatura do contrato. No período decisivo das negociações com o Galo, João Marcelo e staff viram o assédio crescer em constantes ligações de diversos lugares do Brasil nos telefones que vibravam incessantemente.

“É um jogador que está preparado, é bem precoce. Tem muita força física, muita habilidade. É um nove hoje, um dos ativos mais desejados. Muitos clubes quiseram. Barcelona B, Palmeiras, Corinthians, Cuiabá. O Barcelona B até fez uma proposta, mas assim… Não adianta pegar o João agora e levar para Europa sendo que ele ainda tem muito a ser explorado.”

Alex Fabiano, empresário de João Marcelo

Tudo foi conduzido em sigilo, sem vazamento para a imprensa, até que o Atlético fechasse o acordo com o Guarani. Pesou o projeto alvinegro, cuidadosamente apresentado pelo departamento de futebol e o Centro de Informação do Galo (CIGA).

Houve ainda conversa com o técnico Cuca, que destacou os planos para o futuro do atleta no futebol. Com a decisão tomada, João Marcelo assinou vínculo com o Atlético até dezembro de 2029 – o maior tempo de contrato do elenco alvinegro junto ao zagueiro chileno Ivan Román, de 18 anos.

João Marcelo, novo atacante do Atlético - (foto: Lucas Bretas/No Ataque)
João Marcelo, novo atacante do Atlético(foto: Lucas Bretas/No Ataque)

João Marcelo no Atlético

Agora, João Marcelo trabalha para se firmar como peça importante no elenco do técnico Cuca. O jovem enfrenta as fortes concorrências de Hulk, Cuello, Júnior Santos, Rony e Deyverson. Outros nomes do setor ofensivo são Brahian Palacios, Caio Maia e Cadu.

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