
O Atlético disponibilizou à imprensa e torcedores, no fim da tarde desta sexta-feira (16/5), o balanço financeiro relativo ao ano de 2024 – a primeira temporada completa do clube como Sociedade Anônima de Futebol (SAF). Ao longo de 115 páginas, o documento detalha receita recorde na história da instituição, um pequeno superávit financeiro na operação e o aumento da dívida em relação ao ano de 2023.
Atlético teve receita recorde
Em 2024, impulsionado financeiramente pelos vice-campeonatos na Copa do Brasil e na Copa Libertadores, o Atlético alcançou a maior receita bruta de toda a sua centenária história. A SAF alvinegra arrecadou R$ 674 milhões com a operação do futebol em 2024 – crescimento de 46% em relação ao ano anterior.
Do total das receitas, R$ 491 milhões foram consideradas como recorrentes. Esta cifra inclui direitos de transmissões, premiações, bilheteria e sócio-torcedor, além de receitas comerciais e da Arena MRV.
A venda de atletas também foi importante fator potencializador neste sentido. O Galo também estabeleceu recorde neste quesito, alcançando R$ 183 milhões brutos com as saídas de jogadores em 2024.
Divisão da receita recorrente do Atlético em 2024
- Transmissão e premiações: R$ 248 milhões
- Bilheteria e sócio-torcedor: R$ 113 milhões
- Comercial: R$ 71 milhões
- Arena MRV: R$ 60 milhões

Atlético teve pequeno superávit operacional
A diretoria do Galo calculou, por outro lado, R$ 623 milhões direcionados ao departamento de futebol. Neste montante, a SAF incluiu: custos com salários, direitos de imagem, logística e investimentos nas categorias de base, futebol feminino e aquisição de jogadores para o elenco profissional.
Na esfera de “custos e despesas” no balanço financeiro, o Atlético calculou aumento de 10% em relação ao número de 2023. O clube teve R$ 489 milhões em gastos, tendo alcançado R$ 291 milhões com a folha salarial do futebol no ano passado.
Divisão dos custos e despesas do Atlético em 2024
- Futebol profissional: R$ 375 milhões
- Deduções: R$ 38 milhões
- Geral e administrativo: R$ 35 milhões
- Clubes sociais e comerciais: R$ 12 milhões
- Arena MRV: R$ 30 milhões
Diante do exposto, o clube calculou em R$ 2 milhões o resultado operacional positivo de 2024. O número representa todas as receitas recorrentes do clube subtraídas dos custos e despesas, sem considerar venda e compra de atletas.
Este foi o primeiro superávit do Atlético na atual gestão. Os déficits anteriores haviam sido de: R$ 97 milhões (2020), R$ 1 milhão (2021), R$ 75 milhões (2022) e R$ 96 milhões (2023).
“A gestão prioriza sempre um resultado operacional positivo, a liquidação dos passivos onerosos e a geração de superavit líquido nas transações de compra e venda de atletas, o que é crucial para a saúde financeira do clube a longo prazo”, destacou a diretoria da SAF do Atlético em parte do documento.

Dívida do Atlético cresce em mais de R$ 200 milhões
O Atlético já havia divulgado a previsão da dívida da SAF no início deste ano, mas sem auditar os valores. Na oportunidade, o clube detalhou que o débito seria de R$ 1,4 bilhão ao fim de 2024. No entanto, o balanço financeiro mostra que o clube deve R$ 1,369 bi. Em comparação com 2023, o aumento foi de aproximadamente R$ 59 milhões.
O principal problema do clube segue sendo a dívida bancária, que passou de R$ 465 milhões para R$ 507 milhões. Outro aumento foi no débito com o Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro (PROFUT) e com o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (PERSE), passando de R$ 323 milhões para R$ 387 milhões.
Por outro lado, o Galo reduziu o passivo relacionado à Arena MRV de R$ 486 milhões para R$ 446 milhões. Há ainda, R$ 28 milhões em Working Capital, que é o capital de giro do clube (um recurso que representa a liquidez da operação disponível para a entidade).
“O aumento registrado em 2024 deve-se às variáveis basicamente ao serviço da dívida no período. O clube considera para cálculo de seu endividamento líquido as contas de passivo, excluindo as contas contábeis no caixa de receitas antecipadas, deduzindo o ativo circulante e outros realizáveis de longo prazo”, explicou o Atlético, no balanço.
Perfil da dívida líquida do Atlético em 2024
- Bancário: R$ 507 milhões
- Arena MRV: R$ 446 milhões
- Profut/Perse: R$ 387 milhões
- Working Capital: R$ 28 milhões

Como a dívida atrapalha o Atlético?
O Atlético tem tido dificuldades para ter um poderio financeiro maior no mercado devido ao alto pagamento de juros. Em abril, o clube chegou a atrasar a quitação dos salários dos atletas.
Além disso, o Galo deve parcelas de compras de jogadores a pelo menos três clubes: Corinthians (Fausto Vera), Cuiabá (Deyverson) e Athletico-PR (Cuello).
CEO do Atlético, Bruno Muzzi havia marcado uma entrevista coletiva com a imprensa na quarta-feira, mas o clube cancelou o evento na véspera. Com isso, a diretoria optou por publicar o balanço financeiro no Portal da Transparência.
Desde o início da participação dos gestores da SAF do Atlético no clube, em 2020, a dívida do Galo subiu de R$ 1,2 bilhão para o valor atual, tendo chegado a R$ 2 bilhões em 2022.
“Os resultados alcançados são apenas o início e refletem o tamanho da nossa ambição para o presente e o futuro do Galo. Sabemos que ainda há muito a ser feito, mas temos convicção que estamos no caminho certo para tornar o Galo cada vez maior. Com o apoio da torcida mais apaixonada do Brasil, seguiremos firmes em busca dos nossos objetivos.”
Bruno Muzzi, CEO do Atlético, no balanço financeiro da SAF