
O Atlético divulgou nesta sexta-feira (16/5) as demonstrações financeiras da temporada 2024. A SAF alvinegra registrou déficit de R$ 299 milhões e aumentou a dívida em comparação ao ano anterior.
Segundo o clube, o valor ainda pendente de pagamento é de R$ 1,369 bilhão. Todavia, fórmulas alternativas de cálculo indicam que o número pode superar R$ 1,8 bilhão. Confira a seguir:
R$ 1,369 bilhão
Em seu relatório contábil, o Atlético informou que a dívida subiu de R$ 1,15 bilhão, em 2023, para R$ 1,369 bilhão, em 2024.
Os números divergem do que havia sido divulgado em 2023: R$ 1,3 bilhão, sendo R$ 493 milhões de CRI (Certificados de recebíveis imobiliários) da Arena MRV.
Para chegar a R$ 1,369 bilhão, o clube alvinegro somou os passivos circulante (prazo de até um ano) e não circulante (prazo superior a um ano), subtraiu as receitas antecipadas e abateu dinheiro em caixa, contas a receber (transferência de jogadores, direitos de transmissão, etc.), títulos mobiliários e depósitos judiciais.
- (+) Passivo circulante: R$ 1.152.192.000
- (+) Passivo não circulante: R$ 1.224.748.000
- (–) Receitas antecipadas: R$ 554.136.000
- (–) Ativo circulante: R$ 194.392.000
- (–) Ativo não circulante: R$ 259.543.000
Total: R$ 1.368.869.000
R$ 1,814 bilhão
Outra maneira de cálculo indica que o Atlético deve, na verdade, R$ 1,814 bilhão. A metodologia foi usada pelo portal ge.globo.
Na parte de ativos, foram considerados somente os R$ 9,89 milhões em caixa do ativo circulante. Contas a receber, títulos mobiliários e depósitos judiciais não entraram nessa análise.
- (+) Passivo circulante: R$ 1.152.192.000
- (+) Passivo não circulante: R$ 1.224.748.000
- (–) Receitas antecipadas: R$ 554.136.000
- (–) Caixa e equivalente de caixa: R$ 9.890.000
Total: R$ 1.812.914.000
R$ 1,71 bilhão
Em coluna publicada no Infomoney no dia 17 de maio de 2022, o economista Cesar Grafietti, especialista em finanças do futebol, explicou como prefere apresentar os números.
Segundo Grafietti, soma-se empréstimos, financiamentos, fornecedores, valores a pagar, impostos parcelados, salários, direitos de imagem, encargos, impostos e contribuições, para, depois, subtrair o dinheiro em caixa.
Assim, o Atlético teria de arcar com os seguintes compromissos:
- (+) Empréstimos e financiamentos: R$ 941.834.000
- (+) Fornecedores: R$ 76.371.000
- (+) Valores a pagar a clubes: R$ 291.973.000
- (+) Impostos parcelados: R$ 387.949.000
- (+) Salários, direitos de imagem, encargos sociais, impostos e contribuições: R$ 29.294.000
- (-) Disponibilidades: R$ 9.890.000
Total: R$ 1.717.531.000*
*Não constam na lista os R$ 58,9 milhões captados pelo Atlético em debêntures e os R$ 3,45 milhões com partes relacionadas;
O perfil da dívida do Atlético
- Bancário: R$ 507 milhões
- CRIs da Arena MRV: R$ 446 milhões
- Profut/Perse: R$ 387 milhões
- Working capital: R$ 28 milhões*
Total: R$ 1,368 bilhão
*Segundo o Atlético, working capital representa “os valores residuais líquidos do passivo e ativo, incluindo o contas a pagar e a receber de transferências de atletas.“
As dívidas bancárias são as que mais pesam para o Atlético, pois estão atreladas ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI), que acompanha a taxa básica de juros da economia brasileira (Selic). Na reunião mais recente do Comitê de Política Monetária (Copom), em 7 de maio, esse índice foi fixado em 14,75% ao ano.
Diante do cenário econômico, o Galo sofre mensalmente com o pagamento de juros às instituições financeiras. Essas despesas foram decisivas para que a SAF registrasse prejuízo de R$ 299 milhões em 2024, mesmo com receita recorde de R$ 674 milhões.