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Cuiabá denuncia Rubens Menin ao Banco Central por dívida do Atlético; entenda

Clube mato-grossense, por meio do presidente Cristiano Dresch, pediu à instituição para analisar situação financeira do empresário

O presidente do Cuiabá, Cristiano Dresch, protocolou junto ao Banco Central uma denúncia a Rubens Menin, sócio-majoritário da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Atlético ao lado do filho, Rafael Menin. O dirigente realizou tal ação devido à dívida do Galo com o clube mato-grossense na compra do atacante Deyverson.

O Cuiabá já havia denunciado o Galo na Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD) pelo atraso no pagamento de uma das parcelas de R$ 500 mil no negócio de R$ 4,5 milhões. No entanto, Cristiano foi além e questionou a pessoa física de Rubens.

A informação foi revelada pelo jornalista Venê Casagrande e confirmada pelo No Ataque nesta segunda-feira (19/5). A reportagem também teve acesso ao documento protocolado no Banco Central.

A denúncia do Cuiabá

O Cuiabá se baseia no artigo 6º, inciso I da Resolução CMN (Conselho Monetário Nacional) nº 4.970/2021, que diz: 

“A autorização para funcionamento de instituição financeira dependerá da análise da capacidade econômico-financeira dos controladores, de forma isolada ou em conjunto, compatível com o capital necessário à estruturação e à operação da instituição, bem como às contingências decorrentes da dinâmica do mercado”.

O clube pede ao Banco Central uma “apuração por meio da área técnica competente, quanto à regularidade da situação de Rubens Menin à luz da regulamentação prudencial aplicável às instituições financeiras”, se referindo ao Banco Inter, que pertence ao empresário mineiro. 

Os pedidos do Cuiabá ao Banco Central:

  • i. A verificação da conformidade da sua situação econômico-financeira, inclusive como controlador de empresas inadimplentes;
  • ii. A análise do impacto que tais passivos podem ter na governança, liquidez e integridade do Banco Inter S.A.;
  • iii. A eventual instauração de procedimento administrativo para avaliação de idoneidade e aplicação das medidas previstas nos normativos aplicáveis, caso constatada infração.

O que diz o Banco Central?

A Resolução CMN explica que a autorização para funcionamento de um banco está condicionada à comprovação da origem dos recursos utilizados na integralização do capital social e da idoneidade dos gestores. Isso é avaliado por meio de antecedentes judiciais e administrativos; histórico profissional; e situação financeira pessoal e empresarial.

Ou seja, somente o fato de o dono de um banco ter uma dívida não é impeditivo para o funcionamento da instituição. Apesar disso, dívidas relevantes, inadimplências, protestos, execuções, falências ou recuperação judicial podem comprometer a avaliação de capacidade financeira do gestor.

O No Ataque procurou a assessoria de comunicação do Atlético, que não quis se manifestar sobre o caso. 

A fortuna de Rubens Menin

Rubens Menin integra a lista da revista norte-americana Forbes dos bilionários mais ricos do mundo. Ele ocupa a posição número 36 entre os brasileiros mais endinheirados, com patrimônio avaliado em US$ 1,5 bilhão (R$ 8,6 bilhões).

Nascido em Belo Horizonte, Rubens Menin, de 69 anos, é engenheiro civil formado na UFMG. Em 1979, ele foi um dos fundadores da MRV, construtora que atua no ramo de empreendimentos residenciais.

Em 1994, a família Menin criou o banco Intermedium, inicialmente com o objetivo de conceder crédito imobiliário. A instituição cresceu de forma substancial a partir de 2017, quando divulgou a nova identidade visual, adotou o nome Inter e se concentrou na abertura de contas digitais por aplicativo para smartphones

O Banco Inter saltou de pouco menos de 200 mil correntistas, em 2017, para os atuais 36 milhões, conforme o Banco Central do Brasil.

Também integram o grupo de Rubens Menin os veículos de comunicação Rádio Itatiaia e CNN Brasil; a vinícola Menin Douro Estates, sediada em Portugal; e a Log Commercial Properties, focada no aluguel de galpões.

Atlético se manifesta sobre cobrança

O Atlético se pronunciou, por meio de nota oficial, nesta terça-feira (20/5). O clube alvinegro alegou que as tentativas de negociações com o Cuiabá foram recusadas e que os valores exigidos pelo Dourado na Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD) da CBF são ‘indevidos’. 

“Em relação à disputa havida por Cuiabá e Atlético perante a CNRD da CBF, envolvendo a cessão do Atleta Deyverson, o Atlético procurou a diretoria do referido clube logo após o vencimento da segunda parcela contratual, com o objetivo de cumprimento da obrigação, tendo a composição sido categoricamente recusada pelo Cuiabá, que optou pelo litígio no lugar da conciliação”, iniciou o clube mineiro. 

“Dessa maneira, o Atlético exerce o seu direito de defesa, na forma legal e regulamentar, inclusive porque o Cuiabá promove cobrança de valores indevidos”, acrescentou. 

No comunicado, o Atlético afirma considerar ‘impróprias’ as medidas do Cuiabá fora da alçada da CNRD. “O Atlético considera imprópria qualquer medida que possa vir a ser adotada pelo Cuiabá relativa ao atleta Deyverson fora do âmbito da CNRD, foro eleito pelas partes para a discussão sobre o caso.”

Por fim, o clube mineiro criticou as ações do Cuiabá e garantiu o comprometimento para a quitação da dívida pela contratação do atacante, que se transferiu para o Fortaleza em março deste ano.

“O Atlético reitera seu compromisso com o cumprimento de suas obrigações e aguarda, com serenidade, a deliberação da CNRD, embora lamente a postura constante adotada pelo Cuiabá, que não contribui para o diálogo entre as instituições”, concluiu.

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