Ídolo do Atlético na década de 1960, João Bosco dos Santos, o Buião, relembrou um episódio em que recebeu elogios de Pelé. O momento especial ocorreu depois de um jogo do Galo contra o Santos, em 8 de março de 1967, pelo Campeonato Brasileiro (chamado à época de Torneio Roberto Gomes Pedrosa). Na ocasião, mais de 22 mil torcedores estiveram no Mineirão.
Buião era ponta-direita no Atlético e tinha 21 anos na época em que foi enaltecido pelo Rei do Futebol. E as palavras de Pelé tiveram peso, já que clubes de São Paulo se interessaram pela contratação do jogador mineiro.
“O Santos veio jogar no Mineirão. Nós perdemos o jogo por 1 a 0, mas eu joguei muito bem. Acabou o jogo, o Pelé veio e me cumprimentou. “Ô, garoto, você joga muito”. Daí começaram a sair notícias de que o Santos me levaria para lá. Apareceu também o Palmeiras na jogada. E o Atlético estava doido para me vender”, contou Buião, hoje com 79 anos, em entrevista ao podcast Bochechando, do jornalista Lauro Lopes, da TV Alterosa.
O Galo queria vender Buião porque havia comprado Vaguinho do Democrata de Sete Lagoas. E o Corinthians buscava um jogador em ascensão para fortalecer o elenco tentar encerrar o jejum de títulos que perdurava desde 1954.
“Apareceu o Corinthians. O presidente era um deputado (Wadih Helu), o time tinha 14 anos que não ganhava campeonato. O Corinthians tinha pegado o Paulo Borges emprestado do Bangu por três meses. Mas ele um jogador muito caro. Vieram aqui para me contratar Acertaram com o Atlético e tudo mais”.
Buião, ex-jogador do Atlético
‘Eu sumi porque não queria ir’
Buião não queria sair do Atlético por vários motivos. O principal era o carinho que a torcida alvinegra tinha por ele. Além disso, sempre frequentava sua cidade natal, Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A solução encontrada foi “se esconder” na casa dos pais na esperança de o Corinthians desistir da negociação.
“Eu não queria ir de jeito nenhum. A torcida gostava de mim, eu estava em casa. Daí fui para Vespasiano. Só existia telefone fixo na época. O pessoal ligava: ‘cadê o Buião?”. Minha mãe falava: ‘não está aqui não’. ‘Quando ele chegar, fala pra ele vir para Belo Horizonte'”. Eu sumi porque não queria ir”, contou o ex-ponta-direita.
No fim, não teve jeito. O pai de Buião o levou a Belo Horizonte para assinar com o Corinthians. Na época, o jogador ouviu do então presidente do Atlético, Fábio Fonseca, que as portas do clube estariam abertas para um possível retorno. Assim, a passagem de quatro anos pelo Galo, com 25 gols em 155 partidas, chegou ao fim.
“Meu pai passou a mão em um carro de um amigo dele e fomos para BH. O diretor do Corinthians estava lá. Ficamos conversando, eu não queria ir, mas o presidente do Atlético queria me vender. Ele falou: ‘Buião, você vai. Se não gostar de São Paulo, você volta'”.
Buião, em entrevista ao podcast Bochechando
Buião no Corinthians
Com apenas dois treinos, Buião estreou pelo Corinthians no dia 6 de março de 1968, na vitória por 2 a 0 sobre o Santos, no Estádio do Pacaembu, diante de mais de 43 mil torcedores. Os gols foram de Paulo Borges, em belo chute de fora da área, e Flávio, em finalização à meia-altura no canto esquerdo do goleiro Cláudio.
Segundo o Almanaque do Timão, do jornalista Celso Unzelte, Buião jogou 57 partidas pelo Corinthians (42 como titular) e marcou dois gols. Ele deixou o clube no fim de 1970 para defender o Flamengo em 1971.
Reta final da carreira
Na sequência da carreira, Buião jogou por Flamengo, Grêmio, Athletico-PR, Sampaio Corrêa, Rio Negro-AM e Colorado Esporte Clube-PR (agremiação que deu origem ao Paraná Clube).
O ex-jogador do Galo se destacou principalmente no futebol paranaense: foram 45 gols pelo Athletico-PR e 22 com a camisa do Colorado.
Em 1981, quando tinha 35 anos, Buião pendurou as chuteiras. A partir dali, dedicou-se à sua empresa de ônibus, a Viação Buião, que operou por o transporte público de Vespasiano, na Grande BH, até 2020.