
Em 4 de junho de 1995, há exatos 30 anos, o Atlético via um ídolo vestir a camisa do clube pela última vez. Naquele dia, o ex-atacante Éder Aleixo ainda não sabia, mas faria a despedida do Galo no clássico diante do Cruzeiro, em jogo que valia o título do Campeonato Mineiro. Ao No Ataque, o atual auxiliar técnico do alvinegro relembrou os bastidores da saída e se declarou: ‘Eu nasci atleticano’.
Não foi bem uma final, mas o clássico valia a taça do Estadual. A competição era disputada em dois turnos de pontos corridos, e o Atlético dependia apenas da vitória para se sagrar campeão.
Éder foi escalado como titular pelo técnico Levir Culpi, mas aos 38 anos não teve atuação brilhante como em outros tempos. “Apenas alguns bons lançamentos. Não fez uma grande partida e foi substituído por Gutemberg”, avaliou o Estado de Minas, na época.
“Eu lembro muito pouco. No final, tirei a camisa, joguei para o torcedor. Ela até agarrou na bandeira do Galo, depois ele pegou”, contou o ex-jogador, que conquistaria o sexto título com a camisa preta e branca.

O atacante terminou aquela competição com quatro gols em 18 jogos, ajudando assim o clube a vencer o torneio pela primeira vez desde 1991.
Encerrava-se ali a terceira passagem de Éder pelo clube. Já veterano, o então ponta-esquerda contribuiu com 10 gols em 54 jogos entre 1994 e 1995.
Atlético 3 x 1 Cruzeiro – o último jogo de Éder Aleixo no Atlético
Atlético
Taffarel; Paulo Roberto, Ronaldo, Luís Eduardo e Dinho; Carlos, Daniel Frasson e Eder Lopes; Éder Aleixo (Reinado), Euller (Gutemberg) e Renaldo
Técnico: Levir Culpi
Cruzeiro
Dida; Belletti (Maurício Cabedelo), Rogério, Arley Alvarez e Nonato; Ademir, Cleison, Pingo e Ricardinho; Serginho e Marcelo Ramos
Técnico: Ênio Andrade
Gols: Daniel Frasson, aos 3’ do 2ºT, Renaldo, aos 7’ do 2ºT e aos 22’ do 2ºT; Marcelo Ramos, aos 29’ do 2ºT
Data: 4/6/2025
Motivo: 11ª rodada do 2º turno do Campeonato Mineiro
Estádio: Mineirão

Os bastidores da saída
A partida não foi tão marcante para Éder como poderia ser. O atacante ainda vivia momentos de incerteza, mas soube poucos dias depois que não ficaria mais no Atlético.
“Não sabia que seria o último jogo. Só lembro que depois disso tudo eu tive uma conversa com o presidente Paulo Cury, não tinha jeito de continuar. Começou o segundo semestre, e tive a proposta para voltar para o União São João. Disputei o Brasileiro e terminei a carreira no final de 1995”, contou.
“Eu já estava com 38 anos, (a idade) estava pesando, mas houve essa proposta, eu já havia jogado lá, fui muito bem tratado. Meu pensamento era jogar o segundo semestre e terminar o ano para encerrar a carreira”, completou.
Éder, na verdade, ainda jogaria por mais algum tempo. Depois da passagem pelo time paulista, defendeu o CR Guará-DF em 1996, e o Montes Claros em dois jogos no ano seguinte antes de pendurar as chuteiras.

A história de Éder Aleixo no Atlético
Éder Aleixo disputou 368 jogos e marcou 122 gols pelo Atlético. Ele é o 13º maior artilheiro do clube, ao lado de Jairo, e considerado um dos maiores jogadores na história do Galo.
A trajetória enche o ex-jogador de orgulho. Natural de Vespasiano, o Bomba de Vespasiano, como era conhecido, se lembra com carinho da carreira construída no clube do coração.
“Como jogador, foi minha maior alegria no futebol, porque quando voltei a jogar no futebol mineiro, quando vim para o Atlético, estava voltando para o clube que nasci torcendo. Eu sou muito grato ao América, mas nasci atleticano”, afirmou.
“Fazer parte daquele time do Atlético dos anos 1980 foi muito importante. Não ganhamos por detalhes, até hoje tem essas polêmicas com o Flamengo, mas fiz parte de um time que era o melhor do Brasil ao lado do Flamengo”, relembrou.
Todos os títulos conquistados por Éder no Atlético foram do Mineiro. Apesar disso, ele foi um dos destaques da equipe que marcou época, sendo vice-campeão do Campeonato Brasileiro de 1980 e titular do Brasil na Copa do Mundo de 1982.
“Sou um cara privilegiado, foram quase 10 anos ao longo de três passagens, seis títulos, isso foi importante. Não tive um título de expressão, não que o Mineiro não seja, mas um nacional”, disse o ex-jogador, que ainda comemorou as passagens fora de campo.
“Depois que eu parei voltei ao Atlético, fiquei dois anos como supervisor, voltei como auxiliar técnico e já vão quase 10 anos na função. Poder ajudar o Atlético como jogador e como auxiliar técnico é importante, principalmente na minha casa. Sou muito grato”, completou.
