
No primeiro semestre de 2018, Róger Guedes viveu uma das passagens mais marcantes – e enigmáticas – de sua carreira.
Emprestado pelo Palmeiras, o atacante começou de forma discreta no Atlético, mas embalou uma sequência artilheira no início do Brasileirão que o levou para o futebol chinês. Antes disso, porém, quase deixou o clube alvinegro por motivos que, segundo ele, seguem mal explicados até hoje.
Em entrevista ao site ge.globo, publicada nesta sexta-feira (6/6), o jogador do Al-Rayyan, do Catar, revelou os bastidores da passagem pelo Galo.
Ambiente fantástico
“No Galo meu ambiente era fantástico, eu me dava bem com todos os atletas”, começou Róger Guedes, ao recordar a rotina no clube mineiro. “Só que o treinador que me levou era o Oswaldo de Oliveira. Caiu com dois, três meses, meio do Mineiro. Assume o Thiago Larghi, que hoje virou um irmão, mas na época era um moleque também. Ele assume, primeiro jogo me bota no banco. E eu sem entender nada, mas nunca respondi, porque nessa época já estava mais tranquilo depois do que aconteceu no Palmeiras”, contou.
Sem entender o motivo da reserva, o atacante disse ter ficado três partidas no banco antes de voltar à titularidade. No entanto, mesmo jogando bem, passou a ser substituído sistematicamente no segundo tempo. “Ele me tirava em todos os jogos aos 15 minutos do segundo tempo. Fazendo gol ou não. Pensei que esse cara tinha superstição, não é possível. Tem um jogo contra o Figueirense que eu saio reclamando. Falei: ‘Caramba, mano. Três jogos seguidos você me tira com 15 minutos?’. E era 15 minutos cravado. Eu tinha feito gol. Falei: ‘Pô, deixa eu jogar, mano’”.
Róger Guedes ressaltou que não houve qualquer tipo de confronto com o treinador: “Não foi nem discussão, porque é normal. Não é ruim o atleta reclamar, ele quer jogar. Tem muitos treinadores que falam que preferem o cara que reclama do que o que não reclama”.
Episódio ‘estranho’
A tensão cresceu às vésperas de uma partida da Sul-Americana. “Depois fomos jogar pela Sul-Americana e eu fiquei fora da lista [de relacionados]. De titular, eu fico fora da lista. Todo mundo ficou surpreso no vestiário”, afirmou Róger Guedes. Se
Segundo o atacante, foi nesse momento que surgiu a possibilidade de ser devolvido ao Palmeiras.
“É nesse momento que o Thiago Larghi fala que vai me devolver. Só que eu não sei muito o que aconteceu na época, se o Palmeiras me queria realmente de volta ou algo do tipo. Só me passaram isso”, relatou.
“Todos os jogadores vieram em mim, Victor, Elias, se tinha proposta do Flamengo, perguntando se eu queria voltar para o Palmeiras. Falei que não, que sou muito feliz aqui, não quero sair”.
O episódio mobilizou lideranças do elenco, que intermediaram uma conversa com a diretoria. “Eles marcaram uma reunião com o presidente da época [Sérgio Sette Câmara], e acabo ficando”, disse o atacante, que em seguida iniciou sua arrancada no Campeonato Brasileiro.
“O meu segundo jogo do Brasileirão é contra o Vitória, dentro de casa, e eu faço nove gols seguidos em cinco, seis jogos. Logo depois já sou vendido, só jogo 12 vezes no Brasileiro. Era para ter sido assim, talvez, mas até hoje eu não sei o que aconteceu. Que foi estranho, foi… Não teve briga nenhuma”, concluiu.
Róger Guedes no Atlético
Ao todo, Róger Guedes disputou 28 partidas com a camisa do Atlético. Ele marcou 13 gols e contribuiu com três assistências. O jogador deixou o Galo quando o Palmeiras o transferiu para o Shandong Luneng, da China. O clube mineiro faturou 2,5 milhões de euros com taxa de vitrine (R$ 11,3 milhões).