
Os bastidores do Atlético em novembro de 1979 foram marcados por uma situação incomum e carregada de tensão. Durante uma reunião do Conselho Deliberativo, o então presidente do órgão, Marum Patrus, tomou uma atitude drástica sob o pretexto de restabelecer a ordem: sacou um revólver. O foco da discórdia era a disputa pela presidência do clube, polarizada entre os candidatos Elias Kalil e Walmir Pereira.
O No Ataque verificou a história em nosso arquivo. Contamos também com o depoimento de Marcelo Patrus, filho de Marum e um dos sócios da SAF alvinegra atualmente. Os detalhes a gente te conta neste sexto episódio da série especial “Chama o VAR” (vídeo abaixo) e no decorrer da matéria.
O “Chama o VAR” é uma uma série especial do No Ataque e do Estado de Minas que relembra e busca desvendar casos emblemáticos, farsas e curiosidades do futebol mineiro.
- No primeiro episódio, verificamos o placar de 9 a 2 e recuperamos as maiores goleadas entre Atlético e Cruzeiro. Clica aqui para ver!
- Depois, fomos entender a história por trás do apelido “La Bestia Negra”, símbolo da torcida celeste. Confira aqui!
- Relembramos também o decacampeonato do América e a polêmica no título de 1925. Leia aqui!
- Já no quarto episódio, resgatamos a história por trás da estreia do Atlético, que pode ter sido o responsável pela extinção do primeiro rival. Veja.
Cenário tumultuado
Uma reportagem publicada em 5 de dezembro de 1979 no extinto Diário da Tarde contextualiza o cenário daquele fim de ano para o Atlético. Em uma reunião anterior ao fatídico caso, o Conselho Deliberativo do clube se encontrou para decidir se alguns conselheiros natos estavam em situação irregular. A sessão virou confusão, com ofensas, tumulto e até tentativas de agressões físicas contra o então presidente do órgão, Francisco José Neves, que deixou o cargo sob forte pressão da oposição.
Em meio à crise, quem assumiu a presidência foi o vice Marum Patrus, delegado de polícia, com a missão de restaurar a ordem no Conselho e conduzir o processo político em meio às ameaças de intervenção e cobranças por novas eleições.

- No quinto episódio, uma polêmica: é verdade que o Cruzeiro já foi rebaixado no Campeonato Mineiro?
Arma na mesa: intervenção inesperada
Com Patrus no comando do Conselho, o cenário inicialmente seguiu tenso, mas o processo eleitoral continuou. Segundo Marcelo Patrus, a disputa pela presidência, que opunha Elias Kalil e Walmir Pereira, era de intensa disputa verbal. Em meio à confusão, o delegado Marum, que tinha porte de arma, tomou uma medida drástica para restabelecer o controle.
“Nesse dia, estava uma confusão. Então, ele (Marum) tirou o revólver, pôs em cima da mesa e deu um grito. Todo mundo calou e a reunião continuou. Lógico, ele não apontou arma para ninguém”, narra Marcelo.
O gesto bastou para silenciar a sala. A reunião prosseguiu, e o episódio ficou marcado como um dos mais tensos da história política do Atlético. Anos depois, Marcelo Patrus descreveu o momento como “conturbado”.
Na cobertura da imprensa, o jornal Estado de Minas foi direto: “Marum não admite tumulto”.

Eleição realizada
Elias Kalil venceu a eleição e comandou o clube de janeiro de 1980 a dezembro de 1985. Marum Patrus ficou à frente do Conselho Deliberativo por mais de 16 anos, de 1979 a 1996.