
O zagueiro Lyanco não tem vergonha nenhuma de falar sobre a saúde mental, mas nem sempre foi assim. Antes de assinar com o Atlético, o defensor se preocupou em entrar a fundo no tema por medo que isso prejudicasse as negociações.
Em entrevista exclusiva ao No Ataque, Lyanco contou como guardou para si mesmo as crises de pânico e ansiedade. Apesar disso, optou por revelar a condição após fechar com o Galo.
“Desde quando eu cheguei, eu tinha um medo um pouco de falar sobre isso. Tinha um pouco de medo de falar. Não medo, na verdade. Vergonha ou ‘como falar’. Se isso me prejudicaria, talvez, em uma assinatura de contrato. Não sei. Quando eu assinei assim, eu falei: ‘Eu vou ter que falar, porque eu preciso de ajuda’”, afirmou.
Lyanco expôs situação à torcida
Anunciado pelo Atlético em julho do ano passado, Lyanco só falou sobre o assunto de forma pública em setembro. Na ocasião, ele disse que também tinha sintomas físicos: “achando que vou cair a qualquer momento, morrer”, afirmou, à época.”
De acordo com o defensor, a recepção dos profissionais do Atlético contribuíram para a declaração na época. Ao NA, o atleta ressaltou a importância de falar sobre o tema na mídia.
“Inclusive, o tratamento em questões de medicações eu comecei aqui no Galo, por conta da ajuda mesmo que fizeram comigo. A Michelle (Rios, psicóloga do clube), os doutores. Me abraçaram de uma forma que eu não esperava. A melhor coisa que eu fiz foi ter contado mesmo, ter aberto isso”, disse.
“Foi isso que me levou também a abrir o jogo em uma entrevista, porque… O que eu recebi de mensagem, gente que passa por isso e quando vê alguém falando, alguém que graças a Deus… Nós, jogadores, temos esse poder de usar a câmera, as entrevistas, a TV. A gente tem esse poder. Eu me senti bem de falar, justamente por conta dos trabalhos que eu tenho feito diariamente aqui. De não sentir mal de abrir o jogo”, completou.

Lyanco ainda revelou recebeu o carinho de um jovem na Cidade do Galo após expor a condição.
“Quando eu falei aquilo ali, eu recebi muita mensagem de gente passando pela mesma coisa. Inclusive, veio um menino no CT, na saída ali um dia, chorando para caramba, nos dias depois que eu falei. Falando: ‘Pô, tu me ajudou muito. Muito obrigado’. E eu: ‘Caraca, não fiz nada. Eu só falei o que eu passava’”, comentou.
O papel do Atlético na recuperação de Lyanco
Lyanco garante que está bem, apesar de ainda realizar o tratamento. Por fim, ressaltou a importância dos profissionais do Atlético na recuperação.
“Agora eu estou bem. Lógico que existe ainda um tratamento. Essas coisas não têm como parar assim de uma vez. Até porque quando entra com uma medicação, pior ainda. Você tem que seguir. Por mais que você esteja bem, tem um tempo determinado para parar”, disse.
“A psicologia aqui, o pessoal daqui, os profissionais, o próprio psiquiatra que o clube arrumou para mim. Não está aqui o psiquiatra, mas está em ligações diretas. Foi a melhor coisa que eu fiz, foi ter falado sobre isso”, finalizou.