
Abertura de capital é o nome dado ao processo no qual uma empresa privada se torna pública ao vender suas ações na bolsa de valores pela primeira vez. No futebol, o cenário é mais comum entre clubes da Europa e ainda não teve um “estreante” no Brasil. Empresário que integra a gestão da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) do Atlético, Rafael Menin disse ver o time mineiro distante desta possibilidade, mas afirmou: “Seria um projeto lindo”.
O Atlético luta contra um endividamento bilionário e, neste momento, busca investidores no mercado internacional para aumentar o capital da SAF. Com pendências financeiras com bancos e relacionadas às obras da Arena MRV, o clube não conseguirá manter a atual capacidade de investimento no futebol nos próximos anos sem dinheiro novo.
A necessidade de um aporte é latente. Internamente, estima-se que um montante entre R$ 600 milhões e R$ 700 milhões seria suficiente para mudar significativamente a realidade financeira do Atlético.
Atlético na bolsa de valores? Menin vê possibilidade distante
Antes de entrar na bolsa de valores, qualquer empresa precisa passar por uma série de processos que envolvem a profissionalização da gestão. Transformações jurídicas, auditorias externas, contratação de uma assessoria e obtenção de registros junto aos órgãos reguladores são alguns deles.
Empresário do ramo da construção civil, Rafael Menin acredita que a possibilidade tem “tudo a ver” com o Atlético. Ainda assim, vê impeditivos “culturais” para a ideia.
“Eu acho que seria o negócio mais bonito do mundo. Se o Galo conseguisse abrir o capital e a própria torcida pudesse comprar uma parte do Galo (20%, 30%, 40%, 50%, que seja) e ser acionista do Galo, e a gente resolver a dívida dessa forma e o torcedor puder ter um pedacinho do Galo… Seria um projeto lindo, maravilhoso. Tem tudo a ver com o Galo esse pertencimento.”
Rafael Menin, acionista da SAF do Atlético
“Agora, se isso hoje é viável? Eu acho difícil. No futuro é possível? Talvez sim. O brasileiro ainda não tem um hábito tão grande de investir no mercado de capitais. Mas está melhorando. Nunca nenhum time fez isso no Brasil. Mas lá fora tem! Tem alguns clubes de capital aberto, e a torcida tem 30% do clube, 40%. Seria a coisa mais bonita do mundo”, completou.

“Não tem um retorno óbvio”, avalia Menin
Rafael revelou que já conversou algumas vezes com o pai, Rubens Menin, sobre o tema. Um dos fundadores da MRV, o experiente empresário de 69 anos é outro dos acionistas da SAF do Atlético.
Apesar disso, os atuais gestores alvinegros entendem que não há uma expectativa de valorização de ações tão evidente no futebol como em outras áreas. Menin, de toda forma, imaginou um cenário em que um milhão de torcedores do Galo investissem na SAF em caso de abertura de capital.
“A gente conversa – eu e meu pai. Seria o sonho! Ao invés de a gente trazer um outro acionista, trazer a própria torcida. Mas eu acho muito difícil. O entendimento do futebol, como não é um negócio que tem retorno óbvio… Quando uma pessoa física compra uma ação da Vale, ela tem ali uma expectativa de valorização, de dividendo. O futebol ainda não, no caso do Galo, não tem um retorno óbvio”, frisou.
“Imagina um milhão de acionistas do Galo? Da torcida? Cada um colocando R$ 1 mil. Dá R$ 1 bilhão. Não seria lindo? Quem sabe… Mas hoje, acho que é algo que não sei se funcionaria. Mas é algo que a gente tem que explorar. Tem que estar sempre com isso na cabeça”, acrescentou.
Em dificuldades financeiras, os atuais gestores do Atlético seguem em busca de alternativas para manter o time competitivo no mercado. Neste momento, é improvável que os donos do clube façam novos aportes na SAF.