Em 24 de junho de 2010, há exatos 15 anos, o Atlético iniciava uma verdadeira batalha no mercado da bola. Naquela data, o clube tentou vender pela primeira vez o atacante Kléber, revelado pelas categorias de base alvinegras, ao Porto, de Portugal. Em um futuro não tão distante, o jogador viria a ser campeão com Hulk – hoje tido como um dos maiores ídolos da história do Galo.
Kléber foi revelado pelo Atlético em 2009, ainda aos 18 anos. O único gol com a camisa preta e branca foi marcado em vitória sobre o Ituiutaba (hoje Boa Esporte), por 2 a 1, pelo Campeonato Mineiro daquele ano. Assista ao lance no player a seguir.
Centroavante de 1,87m de altura, Kléber viria a ter apenas 13 oportunidades pelo Galo antes de rumar ao exterior. Em agosto de 2009, acabou cedido ao Marítimo, de Portugal, por empréstimo de dois anos.
A primeira temporada do jogador pelos Leões da Madeira teve 11 gols em 25 jogos, considerando também as atuações pelo time B. As bolas na rede de Kléber foram decisivas para que o Marítimo fizesse história ao conquistar vaga na Liga Europa.
A primeira tentativa de venda do Atlético
Em 24 de junho de 2010, a diretoria do Atlético informou à imprensa e aos torcedores que havia vendido 50% dos direitos econômicos de Kléber ao Porto por cerca de R$ 5 milhões. A negociação, no entanto, foi “travada” por ação do Marítimo nos bastidores.
O clube da Ilha da Madeira exigiu compensação financeira de 460 mil euros para liberar o centroavante e, posteriormente, alegou não ter recebido o montante – o que acabou por bloquear a rescisão contratual. Em 2014, a Corte Arbitral do Esporte decidiu que o Marítimo teria de arcar com 1,5 milhão de euros em indenização ao Galo pela atitude na ocasião.
O jogador ainda faria nova temporada pelo Marítimo antes da transferência definitiva ao Porto, com oito gols em 20 partidas. “Eu dei tudo de graça para o Marítimo. Em troca, ele ainda atrapalhou uma venda de 2,3 milhões de euros no meio do ano. Foi a retribuição que tive do Marítimo, quando dei tudo de graça para eles”, disse Alexandre Kalil, então presidente do Atlético, à Rádio Renascença, de Portugal.
“Para falar a verdade, eu nem entendi bem o que aconteceu naquela época, como foi. Só sei que tive que ficar mais uma temporada no Marítimo. Cumpri, com o empréstimo que tinha. E só depois, um tempinho antes de acabar o empréstimo, que começou a voltar a falar (do Porto).”
Kléber, ex-atacante do Atlético, ao No Ataque
O interesse do Sporting
Em janeiro de 2011, quando ainda defendia o Marítimo, Kléber foi alvo de investida de outro gigante português: o Sporting. A proposta foi avaliada como “ridícula” por Kalil.
“Não é questão de não querer negociar. Mandaram uma proposta ridícula, e o Atlético está respondendo que não. Só isso. O Atlético não se interessa pelo preço, por querer pagar no final de 2012, dividir em quatro pagamentos, e um valor menor que o Porto já tinha oferecido. É uma piada”, disse o dirigente à Rádio Renascença.
O mandatário alvinegro foi enfático ao tomar conhecimento de que Marítimo, Sporting e Kléber haviam entrado em acordo sobre a negociação. “Não interessa. É jogador do Atlético. Eu não ligo a mínima para o que o Kléber e o Marítimo pensam – principalmente o Marítimo, que atrapalhou muito o Atlético numa parceria em que quis ajudar o Marítimo”, frisou.
A negociação definitiva com o Porto
Em 4 de julho de 2011, o Atlético acertou a venda dos 50% dos direitos econômicos de Kléber ao Porto – em operação de 2,4 milhões de euros. Aos 21 anos, o atleta teve multa rescisória fixada em 40 milhões de euros.
“Hoje é um dos dias mais felizes da minha vida. Agora só espero ser campeão e lutar também pela conquista da Liga dos Campeões. Estou aqui para aprender com Falcao, é um goleador excepcional. Admiro a forma como ataca a bola e consegue finalizar, e sei que só tenho a evoluir se o observar com atenção”, declarou o jogador na época.
A parceria entre Kléber e Hulk no Porto
Em pouco mais de um ano representando os Dragões, Kléber contribuiu com 11 gols e três assistências em 43 jogos. Na primeira temporada pelo Porto (2011/2012), conquistou o Campeonato Português e a Supertaça Cândido de Oliveira junto de Hulk, que se consagraria como um dos maiores ídolos da história do Atlético 10 anos depois.
Hulk foi a grande estrela do Porto naquela jornada. Com 16 gols e 10 assistências em 26 jogos no Português, liderou a equipe à conquista nacional.
“Sem dúvidas, chegar ao Porto e representar o Porto foi o ponto alto da minha carreira. Foi onde tive oportunidade de dividir vestiário com grandes estrelas, grandes jogadores. Para mim, o melhor com quem joguei foi o Hulk, sem dúvida nenhuma. Todas as entrevistas que eu dou, sempre me perguntam, e sempre cito. Chamo aqui de Giva. Foi um cara que marcou muito a minha carreira, me ajudou bastante na chegada ao Porto”
Kléber, ex-atacante do Atlético, ao No Ataque
“Apesar de ele ser jovem naquela época, já tinha uma responsabilidade muito grande. Era um dos capitães já do Porto”, complementou ao NA.
A sequência da carreira do “cria” do Atlético
Depois de defender o Porto, Kléber passou por Estoril Praia-POR (duas vezes), Beijing Guoan-CHI, JEF United-JAP e Yokohama FC-JAP, onde encerrou a carreira em 2022.
A temporada mais goleadora foi a de 2021, na qual marcou 17 gols em 38 jogos pelo JEF United, na Segunda Divisão do Campeonato Japonês.
Sem o brilho de outrora, Kléber hoje é nome pouco lembrado por torcedores alvinegros, mas vivenciou momentos de sucesso na trajetória dentro das quatro linhas.