ATLÉTICO

‘Caneta, chapéu e dois gols’: campeão do mundo relembra show de Romário contra ex-zagueiro do Atlético

Ricardo Rocha, tetracampeão em 1994, conta bastidores da atuação histórica de Romário contra o Uruguai de Kanapkis, que defendia o Atlético

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Ricardo Rocha, campeão da Copa do Mundo de 1994 com a Seleção Brasileira, voltou no tempo para relembrar o que define como a maior atuação individual que presenciou em campo. Em entrevista ao Penido’s Podcast, da Rádio Tupi, o ex-zagueiro reviveu o duelo entre Brasil e Uruguai, em setembro de 1993, no Maracanã, pelas Eliminatórias.

Naquele jogo decisivo, Romário brilhou com dribles, gols e provocação. O adversário direto era Kanapkis, zagueiro titular do Uruguai que, na época, defendia o Atlético.

“Passei o dia com ele [Romário], fui no quarto dele. E no outro dia, treinando no Maracanã, ele disse para mim: ‘Vou dar chapéu, caneta, vou esculachar com esses caras e vou meter dois gols’. Depois, quando terminar o jogo, vou correr atrás do Zagallo [então auxiliar técnico de Carlos Alberto Parreira]”, contou Ricardo Rocha.

O campeão do mundo destacou que Romário cumpriu a promessa com estilo. “Ele deu chapéu, deu caneta, olhou para mim e falou: ‘Tu não viu, não? A caneta e o chapéu… Agora vem os dois gols’. E ele meteu os dois gols. Foi espetacular. Fez chover no Maracanã lotado. Foi o maior jogo dele na Seleção”, ressaltou.

O confronto diante do Uruguai é considerado até hoje um dos momentos mais marcantes da história da Seleção Brasileira, principalmente por causa da atuação de Romário. Com a vitória, o Brasil garantiu a classificação para a Copa de 1994, disputada nos Estados Unidos.

Em entrevista ao Jornal Estado de Minas, publicada em novembro de 2011, Kanapkis, um dos grandes nomes do Uruguai nas Eliminatórias, relembrou o cenário decisivo daquela partida.

“Entramos com uma linha de cinco jogadores na defesa. A gente segurava o resultado mas não conseguíamos chegar ao gol do Brasil. Estávamos de olho no jogo entre Bolívia e Equador. Se o Equador vencesse, Brasil e Uruguai estavam classificados. Caso contrário, precisávamos ganhar do Brasil. A gente estava de olho…”, iniciou.

“Faltando 15 minutos para acabar, Equador estava perdendo para a Bolívia. Fizemos uma linha de três na defesa e buscamos a vitória no jogo. A partir daí, em duas escapadas de Romário e Bebeto, eles fizeram dois gols. Trabalhamos bem na partida, mas o final não foi bom. O Maracanã estava lotado. Trabalhamos a partida com inteligência, mas, no fim, nos descuidamos atrás”, completou.

Kanapkis no Atlético

Jogadores do Atlético em janeiro de 1994. Em pé: Assis, Adilson, Kanapkis, Valdir, Luis Carlos Winck e Paulo Roberto Prestes. Agachados: Renato Gaúcho, Darci, Carlos, Gaúcho e Neto. (Foto: Jorge Gontijo/Estado de Minas)

Fernando Kanapkis chegou ao Atlético em 1993 depois de ganhar projeção no Nacional, do Uruguai, e na Seleção Celeste Olímpica.

No entanto, a trajetória com a camisa do Galo não repetiu o mesmo brilho. Entre 1993 e 1994, o zagueiro uruguaio ficou marcado por lances difíceis, como no clássico contra o Cruzeiro, quando um jovem Ronaldo Fenômeno, então com 17 anos, deixou o defensor no chão em um drible na lateral e marcou três gols na vitória celeste por 3 a 1, no Mineirão, no dia 6 de março de 1994.

Mesmo assim, Kanapkis guarda carinho pelo Galo. Depois de encerrar a passagem por Belo Horizonte, o uruguaio seguiu declarando sua ligação com o clube e a torcida.

“Sempre gostei muito do Atlético. A torcida tem uma força incrível. Joguei com raça, como o clube sempre pede. Foi um momento difícil, mas tenho orgulho de ter vestido essa camisa”, comentou ao EM.

Assista à entrevista com Ricardo Rocha no Penido’s Podcast, da Super Rádio Tupi:

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