ATLÉTICO

Sampaoli toparia voltar, mas não é unanimidade no Atlético; torcedores fazem campanha

Com saída de Cuca, #SampaoliNoGalo ganhou força no X; No Ataque apurou que o técnico gostaria de voltar ao Atlético

Foto do autor
Foto do autor
Compartilhe
google-news-logo

O Atlético demitiu o técnico Cuca na manhã desta sexta-feira (29/8). Para substituí-lo, parte dos torcedores tem como preferido um “velho” conhecido do clube – o argentino Jorge Sampaoli – e estão dispostos a fazerem campanha para que ele seja contratado.

A #SampaoliNoGalo era a sexta nos trending topics (assuntos mais comentados) do X (antigo Twitter) no Brasil no momento da publicação desta matéria, com mais de 13 mil publicações sobre o tema. Na madrugada desta sexta, a hashtag chergou a ocupar a terceira colocação da lista.

O No Ataque ouviu de duas pessoas próximas a Sampaoli que o técnico toparia voltar ao Atlético. Dentro do clube, no entanto, o argentino não é unanimidade.

Há quem goste do trabalho tático do argentino, que quase conquistou o Campeonato Brasileiro de 2020 pelo Galo. Por outro lado, a convivência difícil e a pressão interna incessante por reforços sempre pesou contra. E, desta vez, não haveria muito dinheiro ou tempo para contratar, já que o clube tem sofrido para pagar seus compromissos e a janela de transferências do futebol brasileira fecha na próxima terça-feira (2/9).

Sampaoli esteve próximo do Santos

Dias atrás, Sampaoli esteve próximo de fechar com o Santos, que tem Alexandre Mattos como CEO. Mattos foi o principal responsável por contratá-lo para o Atlético em 2020, pois era o diretor de futebol do clube à época.

Jorge passou pelo Peixe antes de ir para o Galo, em 2019, e também deixou saudades em parte da torcida. Comandado por ele, o alvinegro praiano chegou a liderar o Campeonato Brasileiro por várias rodadas, mas perdeu fôlego com a ascensão do icônico Flamengo de Jorge Jesus e terminou a competição na terceira colocação.

O argentino chegou a ter as bases salariais acertadas com o Santos para retornar ao litoral paulista. No entanto, após dias de negociação, o clube desistiu da contratação devido a “exigências absurdas” feitas pelo técnico.

Sampaoli teria pedido a contratação de um atacante que disputa a Champions League e um jogador titular do Sevilla, da Espanha, que chegarama negociar com o clube, mas eram vistos como inviáveis financeiramente. Além disso ele teria pedido o afastamento de jogadores promissores recém-promovidos das categorias de base.

Depois de desistir de Jorge, o Santos acertou a contratação de Juan Pablo Vojvoda, que recentemente foi demitido do Fortaleza após trabalho histórico de cinco anos na equipe cearense.

Sampaoli pelo Atlético

Dentro das quatro linhas, o time comandado por Sampaoli somou bons números e conquistou o Campeonato Mineiro de 2020. Ao todo, o trabalho do treinador foi visto em 45 jogos, com 26 vitórias, oito empates e dez derrotas.

O aproveitamento de 63,7% não foi coroado com um título do Campeonato Brasileiro “por detalhes”. O Atlético encerrou a edição de 2020 na terceira colocação, a três pontos do campeão Flamengo.

O trabalho do argentino teve como pontos altos uma sequência de quatro vitórias no Brasileirão, com goleada por 4 a 1 sobre o Vasco, além de uma goleada por 4 a 0 sobre o Flamengo no Mineirão, em Belo Horizonte.

As oscilações no segundo turno distanciaram o Galo da conquista nacional, que viria a acontecer na temporada 2021, mas o projeto de Sampaoli apresentou aos atleticanos um time dominante, quase sempre protagonista na posse de bola e na criação de oportunidades nas partidas.

O argentino também foi determinante para o Atlético ao conduzir, junto à diretoria e aos investidores, as contratações de um verdadeiro “pacotão” de reforços durante a passagem por Belo Horizonte. Jogadores fundamentais no ano mais vitorioso da história do clube mineiro, Everson, Junior Alonso, Nacho Fernández e Keno, além de outros nomes importantes, foram pedidos do treinador no Galo.

Por outro lado…

A primeira das polêmicas envolvendo Sampaoli no comando do Atlético aconteceu em novembro de 2020. Na oportunidade, o gerente de futebol da comissão do argentino, Gabriel Andreata, promoveu uma festa que pode ter sido propulsora de um grave surto de Covid-19 enfrentado pelo clube mineiro.

Entre comissão e atletas, 20 pessoas foram infectadas pelo vírus, gerando vários desfalques no elenco em momento importante do Campeonato Brasileiro. O evento repercutiu muito mal internamente.

Para além do episódio, ao longo da passagem pelo Atlético, Sampaoli ameaçou deixar o cargo em várias oportunidades. Uma delas ocorreu após um protesto da principal torcida organizada do clube em frente à Cidade do Galo, em janeiro de 2021.

A relação com membros da comissão fixa alvinegra também não era das melhores. De perfil fechado, o treinador argentino chegou a proibir ídolos alvinegros de assistir aos treinos – casos de Éder Aleixo e Leo Silva. “Sampaoli, velho… Sampaoli? Sei lá o que posso falar desse cara. Ele não falava com ninguém. A gente falava ‘corredor da morte’. E eu fiquei dois meses. Segurei a peteca do Luquinhas (Lucas Gonçalves), um cara fantástico”, disse Éder Aleixo à Rede 98 em julho de 2022.

Por fim, as negociações frustradas para renovação contratual também foram motivo de desgaste, conforme antecipado pelo ge. O Atlético tinha um projeto de longo prazo e almejava contar com o argentino nos anos de 2021 e 2022.

Sampaoli, no entanto, fez grandes exigências para a permanência, como pagamento imediato de luvas consideradas como “expressivas” pela diretoria alvinegra. Dias após o encaminhamento de um acordo, o argentino fez novos pedidos, irritou a cúpula e acabou por deixar o clube mineiro ao receber proposta para acertar com o Olympique de Marselha, da França.

Sequência da carreira de Sampaoli após saída do Atlético

Olympique de Marselha

Sampaoli chegou ao Olympique de Marselha na reta final da temporada 2020/21. Ele assumiu com o time em sétimo lugar no Campeonato Francês, e finalizou a competição em quinto.

Em 2021/22, o argentino comandou grande reformulação do elenco – a principal contrratação foi a do meio-campista Gerson, do Flamengo. E, apesar de algumas oscilações, teve êxito – levou a equipe ao vice-campeonato nacional, retornando à Champions League – para qual conseguiu classificação direta à fase de grupos.

Sampaoli deixou o clube ao fim da temporada, com 36 vitórias, 17 empates e 14 derrotas em 67 jogos. A saída foi inesperada – pouco mais de um mês após dizer que continuaria – e, segundo a imprensa francesa, motivada pela insatisfação com os reforços para 2022/23.

Sevilla

Após meses livre no mercado, Sampaoli assumiu o Sevilla ainda na fase inicial da temporada 2022/23. Foi a segunda vez dele no clube espanhol – em 2016/17, levou a equipe à Champions League, mas saiu para assumir a Seleção Argentina.

Jorge precisaria desafogar o time da crise em que se encontrava – era o 16º colocado do Campeonato Espanhol. Contudo, ele falhou: foram apenas 12 vitórias em 30 jogos, com 12 derrotas e seis empates. Em março de 2023, foi demitido com o Sevilla em 14º lugar e viu seu substituto, José Luis Mendilibar, brilhar com a conquista do título da Liga Europa na mesma temporada, além de leve melhora no Espanhol – terminou na 12ª colocação.

Flamengo

Pouco depois de deixar o Sevilla, Sampaoli assumiu o Flamengo. No rubro-negro, teve bons momentos e chegou a emplacar sequências invictas de 10 e 11 jogos e ocupar a liderança do Campeonato Brasileiro.

No entanto, Jorge nunca conseguiu achar um time ideal e agrupar os talentos para que a equipe jogasse consistentemente bem – um dado impressionante é que ele usou 39 escalações diferentes em 39 jogos. Além disso, a relação da comissão técnica com o elenco ruiu no fim de julho, quando o preparador físico Pablo Fernández deu soco em Pedro no vestiário do Independência após vitória por 2 a 1 sobre o Atlético no Campeonato Brasileiro.

Sampaoli foi demitido em setembro de 2023, após sequência de quatro jogos sem vitória – dois deles na final da Copa do Brasil, na qual o São Paulo ficou com o título. No total, foram 20 vitórias, 11 empates e oito derrotas.

Rennes

A passagem de Sampaoli pelo Rennes foi uma das mais curtas da carreira do técnico. Ele assumiu o time francês em novembro de 2024 e saiu dois meses depois após conflitos com a diretoria por não ter pedidos de contratações atendidos e pelas oscilações da equipe, 16ª colocada no Campeonato Francês. No total, foram apenas 10 jogos – três vitórias e sete derrotas.

Com colaboração de João Vitor Marques

Compartilhe
google-news-logo