A história pode promover um encontro que a pandemia de COVID-19 impediu. Ao deixar o Atlético em fevereiro de 2021, o técnico argentino Jorge Sampaoli publicou uma carta em que lamenta não ter tido contato com a torcida alvinegra nos estádios. Passados mais de quatro anos e meio, este momento pode, enfim, chegar.
“Saio com a nostalgia de não poder ter dirigido com o estádio cheio. Sei que nos emocionamos muito. Queria viver os vídeos que tinha visto de uma torcida apoiando sem parar”, escreveu Sampaoli, em mensagem divulgada em 22 de fevereiro de 2021, às vésperas da última partida da comissão técnica à frente do time.
O treinador foi anunciado pelo Atlético em 1º de março de 2020. Estreou no dia 14 daquele mês, na vitória por 3 a 1 sobre o Vila Nova, pela nona rodada do Campeonato Mineiro. O jogo no Alçapão do Bonfim, em Nova Lima, já não tinha torcida por conta da pandemia.
Depois, o calendário do futebol brasileiro foi paralisado e só retornou em julho, mas ainda com as arquibancadas fechadas – cenário que continuou durante toda a passagem de Sampaoli pelo Atlético.
Possível estreia pode ser novamente sem torcida
Sampaoli tem acordo encaminhado para suceder Cuca no comando do Galo. O brasileiro foi demitido na última sexta-feira (29/8), dois dias após a derrota por 2 a 0 para o arquirrival Cruzeiro, na Arena MRV, em Belo Horizonte, pela partida de ida das quartas de final da Copa do Brasil.
Nesta possível volta à Cidade do Galo, o argentino de 65 anos poderá reestrear contra o Cruzeiro. Curiosamente, o jogo não terá a presença de atleticanos. Em Minas Gerais, os clássicos entre Galo e Raposa têm torcida única, e o duelo do dia 11 (quinta-feira) tem mando celeste.
As equipes se enfrentam no Mineirão, a partir das 19h30, pela partida de volta das quartas da Copa do Brasil. Para avançar, o Galo precisa vencer por pelo menos três gols de vantagem – ou dois para forçar a decisão por pênaltis.
Carta de despedida de Sampaoli ao Atlético em 2021
“O ano de 2020 foi duríssimo para a humanidade. Nós temos de ser criativos e quisemos construir um time que, ao passar na TV, fizesse esquecer a tristeza por um momento. Não nos propusemos simplesmente a ganhar: tentamos ser felizes.
Não houve um só dia no Atlético Mineiro em que abandonássemos nossa ideia sobre futebol. Este time teve a valentia de jogar dentro e fora de casa da mesma forma. Jamais renunciamos a pensar na trave do rival. O Galo colocou seu coração em todo o país. Isso me dá um orgulho impressionante. Desejo que seja uma ideologia que se mantenha no clube. O futebol brasileiro tem um talento infinito e me fez reencontrar com a beleza do jogo, algo que irá me marcar para sempre.
Chegou o final. Na quinta, será a última partida. Saio com a nostalgia de não poder ter dirigido com o estádio cheio. Sei que nos emocionamos muito. Queria viver os vídeos que tinha visto de uma torcida apoiando sem parar.
Quero agradecer a todo o clube. Aos jogadores, pela entrega. A todos os funcionários da instituição, por colocar a alma nesse projeto. Aos dirigentes, por nos dar grandes condições de trabalhar. À cidade, por nos tratar tão bem.
O Galo está destinado a brigar por grandes coisas. Sei que as vitórias virão. Gosto muito de vocês e desejo que sigam caminhando com o coração como guia.
Jorge Luis Sampaoli”