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Reinaldo sobre perseguição política na ditadura: ‘Violência que deixa marcas profundas’

Ídolo do Atlético, Reinaldo teve pedido de anistia acatado e indenização aprovada devido à perseguição política no regime militar

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O ex-atacante Reinaldo recebeu, nesta terça-feira (2/12) o perdão da Comissão de Anistia do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania por ter sido perseguido pelo regime militar brasileiro (1964-1985).

O colegiado acatou o pedido de anistia por unanimidade e aprovou uma indenização de R$ 100 mil ao ídolo do Atlético.

“A anistia é mais importante do que a reparação financeira. O pedido público de desculpas do Estado pela perseguição que sofri é o que realmente vale,” declarou Reinaldo, bastante emocionado, após a decisão da Comissão.

Reinaldo também desabafou sobre as marcas causadas pela perseguição política da ditadura militar.

“Eles transformavam em subversivo o que o governo queria calar. Era uma tática de guerra psicológica. Destruíam a pessoa sem precisar de um tiro ou prisão. Um simples gesto meu e os meus pedidos de volta da democracia foram suficientes para uma campanha gigantesca de difamação contra mim”, relatou.

“O objetivo era claro: destruir a minha reputação, prejudicando minha vida pessoal e profissional. É uma violência que deixa marcas profundas e duradouras”, acrescentou o ‘Rei’, aos prantos, ao lado de Macaé Evaristo, ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania.

“Em nome do Estado brasileiro, queremos te dar o nosso sincero pedido de desculpas. É um momento de muita honra para nós. Que sirva de exemplo para todos os fãs de futebol e de esporte. Futebol é arte, é cultura, mas é uma defesa intransigente da democracia”, declarou a ministra.

Perseguição a Reinaldo na ditadura

O reconhecimento transforma Reinaldo em anistiado político quatro décadas após o fim do regime que o monitorou e o assediou devido às suas manifestações contra o autoritarismo.

A comemoração dos gols com o punho cerrado para o alto, gesto associado ao movimento Panteras Negras e de resistência política, era o símbolo disso.

A perseguição também é alegada como um fator que dificultou a trajetória do camisa 9 na Seleção Brasileira. Um exemplo é a não convocação para a Copa do Mundo de 1982, apesar de Reinaldo viver boa fase pelo Atlético – anotou 17 gols em 39 jogos naquele ano.

Reinaldo com a camisa do Galo

Cria da base do Atlético, Reinaldo subiu ao profissional com 16 anos. Ele vestiu a camisa do Galo entre 1973 e 1985, tendo marcado 255 gols em 475 jogos.

Ainda hoje, é o maior artilheiro da história alvinegra e considerado não só um dos maiores nomes da história do clube, como também do futebol brasileiro e mundial.

Com a camisa preta e branca, o craque conquistou oito Campeonatos Mineiros e vários torneios amistosos na Europa.

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