Na noite dessa quarta-feira (3/12), a torcida do Atlético deixou recados claros na Arena MRV, em Belo Horizonte. Em meio à frustração pela goleada sofrida diante do Palmeiras (3 a 0), alvinegros protestaram contra time e diretoria da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) do Galo, evidenciando uma ruptura que antes parecia estar mais restrita às redes sociais.
Antes mesmo de o chute do palmeirense Luighi encontrar o caminho das redes, torcedores do Atlético já deixavam clara a insatisfação com o momento do clube na Arena MRV. A princípio, com gritos de “time sem vergonha” e “time de safados”.
Pouco depois, o protesto se estendeu aos investidores que comandam a SAF do Galo. “A SAF é só caô”, “ah, é quatro ratos (sic)”, “queremos jogador” e xingamentos diretos à família Menin se fizeram ouvir no estádio alvinegro.
Depois do terceiro gol do Palmeiras, os gritos foram substituídos pelo silêncio. No setor Inter Sul, membros da Galoucura, a principal organizada do clube, se assentaram e se calaram até o apito final.
Xingamentos evidenciam ruptura no Atlético
Desde que os empresários que hoje gerem o Atlético passaram a fazer parte da administração do clube, em 2020, nunca houve manifestações tão claras de insatisfação por parte das arquibancadas. Mesmo ao longo de momentos de dificuldades nos últimos anos, as críticas à diretoria se mostravam mais restritas às redes sociais, enquanto os protestos de rua tiveram pequena adesão.
O cenário de momento é ampliado pela ação conjunta de organizadas. Mesmo antes da derrota dessa quarta-feira, pelo menos seis grupos que apoiam o Galo colocaram suas faixas às avessas nas arquibancadas da Arena MRV, também em sinal de prostesto contra a diretoria.
A exigência é clara: que a prioridade absoluta da diretoria seja a montagem de um elenco verdadeiramente competitivo para 2026. Pelo segundo ano consecutivo, o Atlético bateu na trave nos mata-matas e figurou na segunda parte da tabela de classificação da Série A do Campeonato Brasileiro.
Principal organizada emite nota
A mudança de postura da Galoucura talvez seja o principal sintoma de que a cobrança, a partir de agora, será mais forte aos dirigentes do Atlético. Nesta quinta-feira (4/12), a organizada emitiu nota oficial em que exige mudanças e elege a “diretoria de futebol” como principal responsável pelos fracassos recentes do clube.
“A Galoucura não aceitará mais temporadas jogadas no lixo. Não aceitaremos mais dirigentes blindados, atletas acomodados e decisões que colocam o clube no rumo do fracasso. A Massa faz sua parte todos os dias, viaja, apoia, sofre e jamais abandona. Exigimos o mesmo compromisso de quem veste a camisa e de quem administra o clube.”
Galoucura, organizada do Atlético, em nota oficial
Atlético havia criticado ato que definiu como “orquestrado”
No último sábado (29/11), o Atlético emitiu nota oficial para condenar ato que definiu como “orquestrado”. Na sexta-feira passada (28/11), faixas foram estendidas nos arredores da Arena MRV com diversas críticas à SAF do Galo.
“Consideramos legítimos os protestos feitos de forma pacífica. No entanto, o teor apelativo das faixas afixadas nesta madrugada nos leva à conclusão, com base em tudo o que já foi apurado, de que se trata de algo orquestrado, que não nasce de forma espontânea por parte de torcedores”, pontuou o clube àquela altura.
Último jogo do Atlético em 2025
Em meio a este cenário de tensão, o último jogo do Atlético nesta temporada será disputado contra o Vasco, pela 38ª rodada do Campeonato Brasileiro. Os times medirão forças na Arena MRV, a partir das 16h do domingo (7/12).
O Galo é o 13° colocado do Brasileirão, com 45 pontos, enquanto o Cruzmaltino ocupa a 12ª posição, também com 45 – mas com duas vitórias a mais. O Atlético busca uma vitória para garantir vaga na Copa Sul-Americana de 2025 sem depender de outros resultados.