Figura importante de movimentos sociais, Casagrande vestiu a camisa do Atlético para mandar recado a Reinaldo. Na semana passada, o ídolo do Galo foi anistiado e indenização por ter sido perseguido pelo regime militar brasileiro (1964-1985). Por sua vez, o ex-atacante do Corinthians também protagonizou momentos de luta contra a ditadura, como a Democracia Corinthiana e as Diretas Já.
Com o uniforme retrô do Atlético, em referência ao título brasileiro de 1971, Casagrande relembrou a conquista. Ele contou que foi o primeiro campeonato que se lembra de ter visto na televisão. Anos depois, o ex-atacante, quando já era jogador de futebol, falou que se arrepiou ao ver a torcida do Galo cantando “Rei, Rei, Rei, Reinaldo é o nosso rei” no Mineirão, em duelo com a Caldense.
“Por que eu estou vestindo essa camisa do Atlético? Não é por causa do ano de 2025. Foi mal no Campeonato Brasileiro, foi mal na Sul-Americana e também na Copa do Brasil. Em 81 eu joguei na Caldense e tive a oportunidade de ver de perto, foi o primeiro gol que eu fiz num grande estádio, no Mineirão, contra o Atlético. Vi a torcida gritando Reinaldo é nosso rei, é exatamente nesse ponto que eu vou tocar”, começou.
Importância da anistia
Ele falou da importância da anistia de Reinaldo, que na época, comemorava gols com o punho cerrado. O gesto é associado ao movimento Panteras Negras e de resistência política, e por isso a perseguição foi forte contra o ex-atacante atleticano.
“O Reinaldo conseguiu uma retratação do Ministério dos Direitos Humanos pela perseguição que ele sofreu na ditadura militar. Foi muito importante para ele essa retratação, esse reconhecimento de ter sido perseguido, mas também é muito importante para a sociedade brasileira, que continua sendo atacada, tem gente ainda pedindo intervenção militar. Tem gente tentando dar golpe até hoje, tem ex-presidente preso, ex-militares presos”, falou Casagrande.
Por fim, o comentarista mandou recado para o ídolo do Atlético.
“O reconhecimento mostra que a ditadura existiu de verdade para quem ainda insiste em distorcer, que teve torturas, que teve mortes, que teve desaparecimentos, que teve invasões de casas, que teve pancadaria. Quero dar os parabéns para o Reinaldo, primeiro por ter sido um cara contra a ditadura militar, segundo porque é meu ídolo e meu amigo, e terceiro por ter tido essa retratação. Todas as pessoas que foram perseguidas têm o direito de pedir a retratação. Parabéns Rei, é isso daí”, finalizou.
