No clube desde 2012, Victor foi homenageado e explicou a saída do Atlético nesta quarta-feira (10/12), em evento na Arena MRV. O ex-goleiro atuava como diretor de futebol desde fevereiro do ano passado e não teve o contrato renovado.
Segundo o Galo, depois de conversa com Rafael Menin (investidor da SAF) e Paulo Bracks (CSO), o executivo “entendeu que não deveria abrir possibilidade de renovação e continuidade do trabalho”. Sendo assim, portanto, o cargo passa a ficar vago no clube alvinegro.
Segundo Victor, alguns fatores pesaram na decisão da não renovação. Ele entende que será positivo dar uma pausa na carreira após 30 anos ligado ao esporte.
“Mas são 30 anos praticamente dentro do futebol, no qual o corpo, a cabeça, a família pedem uma pausa para poder descansar um pouco e traçar novas rotas. Saio daqui com sentimento de gratidão, orgulho, e sabendo que saio em uma situação muito melhor do que quando cheguei aqui em 2012”, disse.
Homenagem e recado de Rafael Menin
Antes disso, Rafael Menin entregou uma placa em homenagem a Victor e avaliou de forma positiva o trabalho do ex-goleiro como dirigente.
“E também por esses quatro anos como profissional. O Victor é um cara mais na dele, não é de falar muito, mas é uma pessoa que nesses anos trabalhou de forma muito séria, fez muitas coisas boas. Desde que assumiu a diretoria do futebol, chegou em cinco finais”, disse.
“Acertou muito, errou, aprendeu, sai daqui com uma bagagem grande, vai continuar aprendendo. Tenho certeza que tem um futuro brilhante nessa continuidade como diretor. Foi uma honra ter tido você na nossa equipe. É agradecer”, completou.
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O que diz a placa?
“Victor Bagy, fazer parte do Clube Atlético Mineiro por 14 anos seguidos é para profissionais que honram e respeitam nossas cores. Sua entrega dentro e fora de campo, defesas inesquecíveis e postura exemplar como atleta e gestor marcaram para sempre a história do Galo. Obrigado, Victor, por toda lealdade, profissionalismo e por honrar o nosso escudo. Seu nome está eternizado na memória e coração da massa atleticana. Você é e sempre será um dos maiores símbolos da nossa história. Gratidão eterna.”
Victor no Atlético
Victor atuou como gerente de futebol do Atlético do momento em que se aposentou dos gramados, em fevereiro de 2021, até fevereiro de 2024, quando assumiu a diretoria de futebol alvinegra. Ele foi escolhido como substituto de Rodrigo Caetano, que até hoje exerce o cargo de coordenador de seleções da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Como goleiro, Victor se firmou como um dos maiores ídolos da história do Atlético. Entre 2012 e 2021, o arqueiro disputou 424 jogos pelo Galo, consolidando o posto de um dos melhores do país na posição.
No período como atleta, Victor Bagy conquistou cinco Campeonatos Mineiros (2013, 2015, 2017, 2020 e 2021), uma Copa Libertadores (2013), uma Recopa Sul-Americana (2014), uma Copa do Brasil (2014) e uma Florida Cup (2016) pelo Atlético.
As grandes atuações pelo Atlético, especialmente no ano de 2013, fizeram com que o goleiro fosse figura constante em convocações para a Seleção Brasileira. Ele integrou o grupo que disputou a Copa das Confederações de 2013 e a Copa do Mundo de 2014.
Os discursos completos de Rafael Menin e Victor Bagy
Rafael Menin
“Acho que uma nota pela internet não é do tamanho desse cara que está do meu lado. O Victor ficou conosco por 14 anos, se não estou enganado. E um dos maiores ídolos da história desse clube, um atleta que é amado pela torcida, tem uma história gigantesca, que proporcionou para nós, torcedores, momentos maravilhosos. E a torcida te ama, você está guardado na história desse clube. E vai continuar aqui, daqui a pouco vai ter o museu. Sempre terá um espaço grande para nosso Santo. Então te agradecer por esse atleta gigantesco que você foi”.
“E também por esses quatro anos como profissional. O Victor é um cara mais na dele, não é de falar muito, mas é uma pessoa que nesses anos trabalhou de forma muito séria, fez muitas coisas boas. Desde que assumiu a diretoria do futebol, chegou em cinco finais.”
“Você sai com portas abertas porque um dia irá voltar, pode ter certeza. Você fez muito, trabalhou de forma muito séria, e isso a gente não abre mão. Sabemos o quão difícil é a cadeira de diretor de futebol, não é só contratar e demitir, é um trabalho de sete dias por semana, 24 horas por dia, e assim você trabalhou nesses quatro anos. De forma incansável, séria, tentando sempre fazer o melhor para esse clube.”
“Acertou muito, errou, aprendeu, sai daqui com uma bagagem grande, vai continuar aprendendo. Tenho certeza que tem um futuro brilhante nessa continuidade como diretor. Foi uma honra ter tido você na nossa equipe. É agradecer.”
Victor
“Dizer qualquer coisa em um momento desses, é tanta emoção depois de um longo ciclo. São quase 14 anos vivendo intensamente o dia a dia do clube. Mas colocar que foi uma escolha, uma decisão. Não é uma decisão fácil, por toda a história, envolvimento, vínculo que se criou por esse período no qual eu vivi aqui dentro.”
“Mas são 30 anos praticamente dentro do futebol, no qual o corpo, a cabeça, a família pedem uma pausa para poder descansar um pouco e traçar novas rotas. Saio daqui com sentimento de gratidão, orgulho, e sabendo que saio em uma situação muito melhor do que quando cheguei aqui em 2012.”
“Para mim é um privilégio poder fazer parte dessa história desse clube, de ter uma ligação tão forte. É um privilégio para poucos. Muitos atletas constroem uma carreira sólida, um patrimônio, mas é um privilégio para poucos ter uma história tão bonita e apaixonada quanto minha história no Atlético. Sei que esses dois últimos anos o torcedor sai um pouco machucado, principalmente por não termos conquistado decisões importantes nas quais participamos, mas chegamos.”
“Acho que futebol e a vida não se resume somente a sucesso esportivo e conquista, para mim sucesso também é saber que dentro desse ciclo que encerro hoje eu deixei um legado, porque entendo que quanto gestor, líder de um departamento, o sucesso não é só resultado, mas trabalho.”
“Sempre entendi que liderança não é só comandar, dar ordens, apontar, é dar o caminho, servir. A posição de um líder é uma posição de serviço e ouvir as pessoas. E foi sempre o que procurei fazer. E nesses últimos dias o que mais ouvi foram as pessoas agradecendo por isso, pelo respeito, atenção, carinho, transparência, parceria, amizade.”
“Alguns até com certo receio de abordar, porque como o Rafa (Menin) falou, tenho uma história como atleta no clube. Valorizo demais isso, mas me coloco como uma pessoa qualquer ao lado dos demais, porque para mim são colegas de trabalho.”
“Um legado que levo é justamente ter construído muitas amizades. Dentro do Atlético temos muitas pessoas competentes, mas o que mais chama atenção é a qualidade humana das pessoas que trabalham aqui.”
“Não vivi diretamente dentro da sede, mas sei da qualidade, principalmente no CT, um ambiente de trabalho muito bom, muito leve. Isso é muito importante, talvez não ganhe título, mas pode fazer perder. Isso é sucesso também, você receber tanto carinho, mensagens de gratidão, inclusive dos colegas (de imprensa), que por vezes criticam, o que faz parte do contexto, sempre com lealdade, mas também muitas manifestações de carinho.”
“Deixo meu agradecimento ao Rafael, Paulo, presidente, que me deram oportunidade, acreditaram no meu trabalho, outros membros da diretoria, não dá para nominar todos, o próprio Rodrigo Caetano. Agradeço aos atletas, que foram extremamente profissionais, compreensivos quando precisaram ser, o pessoal do CT, que sempre me tratou com respeito e carinho, e principalmente à massa atleticana, que nesses quase 14 anos de clube sempre esteve ao meu lado, sempre apoiou, demonstrou todo carinho e respeito pela minha pessoa.”
“Sentimento que saio hoje é de gratidão e de orgulho de poder fazer parte dessa história, de escrever uma página bonita de vitória, seja dentro de campo e fora dela.”
“Peço à massa que demonstre sempre que possível demonstre o orgulho de torcer por essa instituição, porque existe trabalho, organização, e objetivo de a cada ano, como o Rafael falou, de formarmos equipes cada vez mais vitoriosas e competitivas que representem o que é ser atleticano dentro de campo. Obrigado a todos, à massa, até breve, e tenho certeza que o Atlético sempre será a minha casa. Saio de cabeça erguida, leve, por saber que as portas estão abertas e deixei um legado importante nessa instituição.”