Para quem caminha pela orla de Cabo Branco, em João Pessoa, a paisagem costuma roubar a atenção. Talvez isso explique o vídeo inusitado postado no Instagram nesta sexta-feira (19/12). Nas imagens, um homem forte corre em ritmo de treino pelo calçadão. Ele passa a menos de dois metros de um grupo sentado em um banco, conversando despreocupadamente. Ninguém vira o pescoço. Ninguém saca o celular.
O corredor anônimo naquele instante era Givanildo Vieira de Sousa, o Hulk. O ídolo do Atlético, acostumado a ser o centro das atenções em qualquer local do país, experimentou um raro momento de invisibilidade.
A cena curiosa, registrada pelo próprio jogador no Instagram, mostra um Hulk “gente como a gente”, mantendo a forma física mesmo durante o descanso, mas serve também como metáfora para o seu 2025: uma maratona solitária onde, apesar do esforço contínuo, o reconhecimento nem sempre veio na medida esperada.
A corrida solitária na Paraíba reflete o que foi a temporada do camisa 7 em campo. Aos 39 anos, Hulk carregou, muitas vezes sozinho, o peso ofensivo do Galo. Embora 2025 tenha marcado seu ano com menos participações em gols desde a chegada ao clube (29 em 61 jogos), ele ainda foi a boia de salvação em um ataque que pouco produziu.
Hulk viu os companheiros oscilarem. Nomes como Júnior Santos, Biel e Dudu demoraram a engrenar, e jovens como Isaac e João Marcelo tiveram pouca minutagem.
O resultado foi um Hulk sobrecarregado, liderando a artilharia do time no Campeonato Mineiro (7 gols), no Brasileiro (8 gols) e na Copa Sul-Americana (4 gols). Apenas na Copa do Brasil o protagonismo mudou, com Rony liderando o quesito.
Raio-X das participações em gols de Hulk pelo Atlético:
- 2021: 49 (36 gols e 13 assistências)
- 2022: 34 (29 gols e 5 assistências)
- 2023: 44 (30 gols e 14 assistências)
- 2024: 31 (19 gols e 12 assistências)
- 2025: 29 (21 gols e 8 assistências)
O peso da idade e a resiliência
A invisibilidade momentânea na praia em João Pessoa não apaga o fato de que a temporada cobrou seu preço. O desempenho físico do superatleta sofreu quedas naturais. O pior momento ocorreu no segundo semestre, num jejum de 15 jogos sem marcar entre agosto e outubro – a maior seca desde que vestiu a camisa alvinegra. No Brasileirão, a dependência da bola parada ficou evidente: dos oito gols marcados, cinco nasceram de faltas ou pênaltis.
Ainda assim, especulações sobre um fim de ciclo foram prontamente rechaçadas. Rumores sobre uma transferência após o vice-campeonato na Sul-Americana foram negados pelo estafe do atleta. O contrato vai até dezembro de 2026.