
A RFEF (Real Federação Espanhola de Futebol) enfrenta um dilema moral para escolha do local onde serão as próximas edições da Supercopa Feminina da Espanha. Isso porque o torneio masculino é realizado na Arábia Saudita desde 2020. O país surgiu como opção de sediar a disputa feminina nos anos seguintes. Contudo, jogadoras do Barcelona já tem se posicionado contra a possível decisão.
Recentemente, a meio-campista espanhola Aitana Bonmatí, jogadora do Barcelona e vencedora de dois prêmios da Bola de Ouro (2023 e 2024), criticou a Arábia Saudita como anfitriã de um torneio feminino e levantou questões acerca do tema.
“Eu não iria me sentir confortável jogando a Supercopa da Espanha na Arábia Saudita. Eu sei que a questão dos direitos das mulheres não estão muito avançados por lá. É um país que tem pela frente um longo caminho em termos de igualdade entre homens e mulheres”, falou a jogadora durante evento da Revlon, marca de cosméticos.
Outra atleta que se posicionou foi a meia-atacante Alexia Putellas, que venceu a Bola de Ouro em 2021 e 2022 e defende o Barcelona.
“Eu estou começando a ter o sentimento de que isso é uma luta só das mulheres. Se nós formos jogar lá, será apenas por uma razão econômica. Se não vamos, seremos afetadas por não ter essa renda, então é difícil crescer e ainda teremos que aturar ‘você não gera nada'”, comentou Putellas.
Vale lembrar que o acordo para levar a versão masculina do torneio à Arábia Saudita chegou ao valor de 40 milhões de euros por ano.
Direito das mulheres na Arábia Saudita
Na Arábia Saudita, os direitos das mulheres são limitados por um sistema de tutela masculina. Isto é, elas precisam de autorizações básicas de algum familiar (ou marido) para realizar atividades comuns e tomar decisões, como casar, sair de casa, estudar ou abrir uma conta no banco.
A forma de vestir, por exemplo, é monitorada pela polícia religiosa. As mulheres podem ser detidas caso alguma autoridade considere uma roupa ‘indecente’. Aquelas que praticam exercício físico são até mesmo consideradas ‘atrevidas’ pelos conservadores religiosos e chegam a ser discriminadas em alguns locais.
Apenas em 2019 as mulheres acima de 21 anos conquistaram o direito de ter um passaporte para viajar para o exterior. Neste mesmo ano foi quando o país permitiu que mulheres registassem nascimentos, casamentos ou divórcio.
Apesar da Arábia Saudita não exigir mais uma permissão dos homens para que as mulheres trabalhem, alguns locais seguem solicitando a autorização para contratarem empregadas. Vale lembrar que muitos termos do sistema de tutela não são codificados em lei, então ficam no campo da prática informal.