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Três erros que Ronaldo não pode repetir no Cruzeiro em 2024

Para o Cruzeiro ter sucesso no ano que vem, Ronaldo deve evitar cometer os mesmos erros de 2023; gestor reconheceu problemas da temporada
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“Fenômeno” na primeira temporada à frente da SAF, Ronaldo passou por várias turbulências no segundo capítulo de sua trajetória como gestor do Cruzeiro. O empresário admitiu que cometeu erros em 2023 e precisará repensar algumas decisões para ter sucesso no ano que vem.

A diretoria celeste deve ter planejamento mais organizado, pois o Cruzeiro precisará de elenco competitivo para fazer boas campanhas nas quatro competições de 2024: Campeonato Mineiro, Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro e Copa Sul-Americana. Por isso, é necessário que o clube não repita três erros.


Troca constante de treinadores

Ronaldo acertou ao contratar Paulo Pezzolano, em 2022. O treinador foi de aposta da diretoria a ídolo do Cruzeiro em menos de 365 dias. Tudo isso graças ao título da Série B, que fez a Raposa voltar à elite do Brasileirão após três temporadas.

Os problemas com técnicos começaram no início de 2023, quando Ronaldo optou por manter Pezzolano. O uruguaio já havia sinalizado vontade em viver outras experiências e foi convencido a ficar no Cruzeiro até o fim do Campeonato Mineiro. Essa decisão atrapalhou o desenvolvimento do time, que iniciou o ano com um comandante e logo teve de se adaptar a uma nova filosofia.

Pepa assumiu o cargo após a eliminação precoce do Cruzeiro nas semifinais do Estadual. Com poucas semanas livres até o início do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil, ele não teve muita margem para erro, porque cada tropeço tinha um impacto significativo.

A passagem de Pepa começou bem, e o Cruzeiro atingiu o G4 durante as primeiras rodadas da Série A. O desempenho decaiu entre o fim do primeiro e o início do segundo turno. A Raposa entrou atingiu a marca de sete jogos consecutivos sem vencer.

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Essa turbulência ocasionou a demissão de Pepa, em uma medida da SAF para tentar impedir um afundamento na tabela. Depois de ficar mais de uma semana em silêncio sobre a mudança no comando técnico, o clube anunciou a contratação de Zé Ricardo.

Irregular desde o início do trabalho, o treinador durou apenas nove jogos na Toca da Raposa. Nesse período, o Cruzeiro acabou caindo mais posições e entrou na zona de rebaixamento.

A solução para impedir nova queda veio de forma caseira: Paulo Autuori (diretor técnico), Fernando Seabra (treinador do Sub-20) e Vinicius Rovaris (auxiliar fixo) formaram uma comissão interina que permaneceu invicta nas seis partidas finais e salvou a equipe celeste.

Esse alto número de trocas foi um problema reconhecido por Ronaldo. O empresário falou dos erros e acertos da temporada em entrevista no último sábado (16/12).

“Podemos citar alguns erros claros e evidentes (em 2023). Os quatro treinadores durante o ano não é algo que planejo, mas a gente enfrentou esse problema desde o início, com a saída do Pezzolano. Ele chegou a um limite de saúde mental. Depois o Pepa começou bem, nos agradou, mas a gente achou que não ia aguentar muito naquela situação. Esse é um dos principais erros”, afirmou Ronaldo em entrevista ao jornalista Samuel Venâncio.

O Cruzeiro anunciou o seu novo técnico nessa quinta-feira (21/12). A Raposa será comandada pelo treinador argentino Nicolás Larcamón, vencedor da última edição da Liga dos Campeões da Concacaf.

Distância da torcida do Cruzeiro

Se o ano de 2022 deixou os torcedores próximos do Cruzeiro, o mesmo não pode ser dito de 2023. Decisões polêmicas tomadas pela diretoria deixaram a torcida distante do clube. O impasse em relação ao Mineirão, que durou até maio, foi apenas um dos fatores que causaram essa situação.

Casa do Cruzeiro nos últimos 58 anos, o Gigante da Pampulha ficou sem receber jogos da equipe durante seis meses. A Raposa voltou ao estádio somente em maio, quando terminou o imbróglio entre Ronaldo e a direção da Minas Arena, concessionária responsável por administrar o Mineirão.

O Cruzeiro atuou em quatro estádios menores nesse período de afastamento: Independência, também em Belo Horizonte; Arena do Jacaré, em Sete Lagoas; Parque do Sabiá, em Uberlândia; e Kléber Andrade, em Cariacica, no Espírito Santo.

Mesmo de volta ao Mineirão, onde sempre teve bom aproveitamento, o time estrelado não conseguiu emplacar bons resultados como mandante. A Raposa só venceu uma vez no estádio em 2023. O único triunfo foi a goleada por 3 a 0 sobre o Bahia, em outubro, pela 29ª rodada da Série A.

Uma partida antes, o Cruzeiro perdeu por 2 a 0 para o Flamengo. Após o apito final, os torcedores que estiveram presentes no Mineirão entoaram vaias e xingamentos direcionados a Ronaldo e alguns jogadores.

Na zona mista, o empresário que faz poucas aparições públicas se manifestou e fez críticas duras à torcida celeste. O Fenômeno disse que o comportamento dos cruzeirenses era prejudicial ao time e não ajudava em nada.

“Temos que nos unir. Precisamos chamar a torcida, que, da maneira que está se comportando, não nos ajuda em nada. Ano passado também era um momento extremamente difícil e tínhamos uma conexão do torcedor com o time. Nós não tivemos isso em nenhum momento este ano, talvez por causa de uma expectativa muito grande criada pela torcida e pela imprensa.”

“Nós só sairemos desta situação se estivermos unidos, acreditando no projeto. E com o apoio da torcida. Sem o apoio dificilmente a gente permanece na Série A. O Mineirão, que sempre foi uma fortaleza, se tornou um peso muito grande para os nossos atletas. Eu posso entender que o torcedor me xingue, por não confiar no trabalho, mesmo que tenhamos créditos. Eu peço ao torcedor que apoie o time. Se não fizer isso por mim, faça pelo Cruzeiro, pela história do clube”, complementou.

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Contratações para o setor ofensivo

Algumas contratações do Cruzeiro foram bastante criticadas pelos torcedores em 2023, principalmente no setor ofensivo, alvo de vaias no Mineirão durante grande parte da temporada. Dos reforços para a linha de frente, apenas o meia-atacante Matheus Pereira caiu nas graças dos cruzeirenses.

Os dois atletas mais caros da era SAF foram os pontas Arthur Gomes e Wesley, que oscilaram bastante durante o ano e não terminaram o Brasileirão bem. Cada nome da dupla custou cerca de R$ 16 milhões aos cofres celestes.

A situação mais crítica, porém, ocorreu com os centroavantes. Ronaldo apostou em Henrique Dourado e Gilberto para a função. Pouco efetivos, os veteranos não conseguiram corresponder às expectativas e deixaram o time com o campeonato em andamento.

Dourado rescindiu contrato com o Cruzeiro em agosto, com um gol em 13 partidas. Gilberto permanece no clube, mas está fora das atividades do elenco desde outubro, quando foi afastado por problemas comportamentais. Ele disputou 33 jogos e balançou as redes seis vezes.

Outro que ganhou chance nessa posição e não apresentou resultados foi Matheus Davó. O atacante passou em branco nas cinco oportunidades que ganhou. Em junho, acabou sendo emprestado ao Pafos, do Chipre.

A falta de uma referência em gols foi prejudicial ao Cruzeiro, que lutou contra o rebaixamento no segundo turno da Série A. Os mineiros terminaram 2023 com o pior ataque da competição: apenas 35 bolas na rede.

Como vai disputar quatro competições, a Raposa precisa aumentar esses números para ir mais longe em 2024. Na última temporada, o Cruzeiro sofreu no Brasileiro (14º lugar) e foi eliminado de forma precoce no Campeonato Mineiro (semifinal) e na Copa do Brasil (oitavas).

A equipe ainda terá que lidar com a ausência do principal jogador do ataque estrelado. Bruno Rodrigues foi negociado nesta semana com o Palmeiras, por quantia milionária. O camisa 9 liderou o Cruzeiro em gols (13) e assistências (sete) neste ano.

O clube celeste já se movimenta para reforçar o setor ofensivo. Campeão da Série B em 2022, Rafa Silva está de volta à Toca da Raposa após passagem discreta pelo futebol sul-coreano. E o jovem Gabriel Veron, de 21 anos, está por detalhes de ser anunciado como reforço do Cruzeiro por empréstimo do Porto.

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