ENTREVISTA COM NENÊ, EX-CRUZEIRO

Artilheiro aos 40 anos, ex-Cruzeiro superou infância pobre para virar ídolo na Europa

No Ataque entrevistou atacante Nenê, que defendeu o Cruzeiro em 2007 e hoje é goleador da Segunda Liga de Portugal pelo AVS
Foto do autor
Foto do autor
Compartilhe

Até quando um jogador de futebol pode exercer a profissão em alto nível? A carreira tende a ser curta caso ele não tome cuidados com a saúde. Por outro lado, se o atleta manter foco e disciplina nos treinamentos, bem como adotar uma alimentação saudável, terá possibilidade de romper a barreira dos 40 anos competindo com jovens. É o caso do brasileiro Anderson Miguel da Silva, o Nenê, artilheiro da Segunda Divisão de Portugal pelo AVS, com 14 gols em 18 partidas.

Os torcedores do Cruzeiro nascidos até a década de 1990 devem se lembrar do atacante que atuou pelo clube em 2007, numa passagem sem tanto destaque. Naquela temporada, Nenê sofreu com lesões no tornozelo esquerdo e disputou apenas 24 jogos (10 como titular), com seis gols marcados. Apesar de não render como esperado, o centroavante é grato pela experiência em Belo Horizonte. Afinal, foi uma excursão com o time B em Portugal que lhe abriu as portas do futebol europeu.

“O Cruzeiro montou uma equipe B dos jogadores que não estavam sendo utilizados para amistosos em Portugal. Enfrentamos o Braga, o Nacional e o Vitória de Guimarães. Fiz cinco gols nesses três jogos. No jogo contra o Vitória de Guimarães, o técnico do Nacional, Manuel Machado, estava assistindo. Ele se interessou pelo meu futebol e falou ao presidente do Nacional: ‘quero o avançado e o Maicon (zagueiro, hoje no Vasco)’. O presidente do Nacional disse: ‘o avançado não, pois ele machucou o tornozelo e está todo arrebentado’. O treinador respondeu: ‘não, não, quero o avançado mesmo assim’. E foi feita a contratação, se não me engano, por 500 mil euros. Começou a temporada, nos dois primeiros jogos não fiz gol. A partir do terceiro jogo, comecei a fazer gols atrás de gols”, contou Nenê, em entrevista a No Ataque.

Nenê em treino no Cruzeiro na temporada 2007 - (foto: Juarez Rodrigues/EM D.A Press)
Nenê em treino pelo Cruzeiro na Toca da Raposa na temporada 2007 (foto: Juarez Rodrigues/Estado de Minas)(foto: Juarez Rodrigues/EM D.A Press)

Infância pobre e início tardio no futebol

Antes do sucesso na Europa, onde vive desde 2008 com a esposa e um casal de filhos – o mais velho, de 23, e a caçula, de 11 -, Nenê teve infância pobre em Pirituba, distrito de São Paulo. Sem a presença do pai, ele foi criado pela mãe e a avó ao lado de dois irmãos mais velhos – um deles, Michel, também viria a se tornar jogador de renome, destacando-se principalmente no Ceará, com 288 jogos de 2007 a 2011 e em 2014. Para conseguir dinheiro e ajudar em casa, o então garoto de 12 anos começou a trabalhar como cobrador de ônibus, função que exerceu até os 17.

“Sou de São Paulo, da Zona Oeste, de Pirituba. Venho de uma família muito pobre. Meus pais estavam separados, praticamente desde os dois anos de idade que convivi com minha mãe e minha avó. Não tive a presença do meu pai. Tenho dois irmãos mais velhos do que eu. Na minha casa sempre foi assim: eu e meus irmãos, com dificuldade grande, e minha mãe trabalhando (…)”.

“Aos 12 anos, comecei a trabalhar no ramo de lotação. Acordava às 5 da manhã para conseguir alguma coisa com o meu dinheiro e do meu esforço, sem precisar falar com minha mãe se precisava de um sapato, um tênis ou uma roupa para poder ir à escola. Preferi batalhar para conseguir alguma coisa na vida. Dos 12 aos 17 anos, trabalhei dessa forma, acordando às 5h e ficando até 16h. Depois ficava em casa, descansava um pouco, tomava banho e ia para a escola. Depois da escola, por volta de 20h, 21h – ou até 23h -, tomava um banho, descansava e acordava às 5h no dia seguinte”.

Nenê sempre gostou de futebol, mas não jogava com frequência porque precisava trabalhar. Até que aos 17 anos, ao saber que o dono do ônibus não seguiria no ramo, decidiu apostar as fichas no futebol. Inicialmente, juntou-se a uma escolinha em São Paulo. Os dois gols marcados em um amistoso contra o Santos, que se preparava para a Copa São Paulo de Futebol Júnior, abriram-lhe as portas das categorias de base do clube da Vila Belmiro.

“Tive a oportunidade de enfrentar os juniores do Santos em um amistoso que ficou 3 a 2 ou 2 a 2, não me recordo bem. Sei que fiz os dois gols e uma boa partida. Ali surgiu a oportunidade no Santos, que estava se preparando para a Copa São Paulo. Eles me ligaram e disseram que tinham interesse em me contratar. Chegou até a mim, então pensei: ‘estou desempregado, por que não tentar?”.

Nenê, ex-Cruzeiro, sobre o início no futebol

Chance da vida no Santa Cruz

As coisas não foram fáceis para Nenê, já que ele sequer teve oportunidades na equipe principal do Peixe. Todavia, o fato de integrar a base santista proporcionou idas a clubes menores de São Paulo, como o São Bento, de Sorocaba, e o Guaçuano, de Mogi Guaçu. Ele também se aventurou no Nordeste, sobretudo em equipes do Sergipe. Passou por Riachuelo, Boca Júnior e Confiança. Até que veio a chance que começaria a mudar a sua vida: disputar a Série A do Brasileiro pelo Santa Cruz. A saída do ídolo coral Carlinhos Bala, a lesão de Val Baiano e uma conversa com o técnico Valdir Espinosa o encorajaram a encarar o desafio.

“Virei para a minha esposa e falei: ‘será minha última oportunidade’. Pensei: ‘se der, eu vou continuar. Se não for, vou procurar outra coisa para fazer, um emprego, e trabalhar. Chego no Santa Cruz ao mesmo tempo que o Valdir Espinosa. Paralelamente, o Carlinhos Bala saiu para o Cruzeiro. E tinha o Val Baiano, que podia jogar, mas naquela semana se machucou. Eu tinha uma semana e meia de treino, e o Espinosa me chamou para uma conversa. Ele me perguntou se eu tinha coragem de jogar o primeiro jogo contra o Palmeiras no Parque Antártica. Eu respondi: ‘vim para cá pra jogar. Não tenho que ter medo de ninguém”.

Na estreia, Nenê foi esperto e aproveitou o rebote do goleiro Sérgio no arremate de Rosembrick. Era o gol de empate do Santa Cruz contra o Palmeiras, em São Paulo, pela sexta rodada da Série A. O time pernambucano acabou derrotado por 2 a 1, mas o camisa 9 se firmou entre os titulares. Foram cinco gols nos nove primeiros jogos pelo Santinha, um deles em chute de fora da área de pé esquerdo, no ângulo direito de Fábio, em um surpreendente empate por 3 a 3 com o Cruzeiro, no Mineirão (a Raposa chegou a estar vencendo por 3 a 1). Em toda a competição, Nenê contabilizou nove tentos em 30 partidas.

Chegada de Nenê ao Cruzeiro

O Santa Cruz caiu para a Série B ao somar apenas 28 pontos – sete vitórias, sete empates e 24 derrotas. E Nenê, dono dos próprios direitos econômicos, recebeu propostas de Cruzeiro e Palmeiras. A preferência pela Raposa se deu pelo tempo de contrato de cinco anos, ante um ano e meio do clube paulista. Em BH, ele começou bem a temporada 2007 ao marcar três gols no Campeonato Mineiro e um na Copa do Brasil. Contudo, a derrota por 4 a 0 para o Atlético, no jogo de ida da decisão do estadual, pressionou a diretoria a buscar reforços para o Brasileiro. Os contratados no início do ano perderam espaço.

Nenê fez belo gol de média distância no empate por 2 a 2 entre Cruzeiro e Fluminense (crédito: Mauricio Val/FOTOCOM.NET)

Mesmo sofrendo com lesões no tornozelo, Nenê participou de 13 partidas na Série A, com destaque para os gols nos empates por 2 a 2 com Fluminense e Athletico-PR. O centroavante ainda contribuiu com assistências, como na vitória por 4 a 2 sobre o Atlético, no Mineirão, em que deixou Guilherme cara a cara com o goleiro Diego para fazer o terceiro gol celeste. No período em Minas, ele destacou a relação de amizade com os companheiros de elenco e o convívio com o técnico Dorival Júnior.

“Tínhamos uma concorrência boa, mas a nossa amizade dentro do clube era muito importante. Todos querem jogar, mas somente um jogaria”, disse, referindo-se a Roni, Araújo, Guilherme, Rômulo e Marcelo Moreno. “O Dorival foi técnico do meu irmão no Sport Recife. Pelo que meu irmão falava, aquilo que eu fazia no Santa Cruz, o Dorival dava o exemplo para alguns jogadores do Sport. Depois, tive a felicidade de trabalhar com o Dorival no Cruzeiro. Nos treinamentos, eu sempre me dedicava, e ele dava exemplos para outros jogadores, de que não jogava tanto, mas treinava 100%, sem desanimar e disposto a ajudar. É um grande treinador”, complementou, a respeito do treinador celeste em 2007.

Fora dos planos de Adilson Batista

Dorival Júnior classificou o Cruzeiro para a Copa Libertadores de 2008 (quinto na Série A de 2007, com 60 pontos), mas não teve o contrato renovado. A diretoria chegou a acertar com Mano Menezes, ex-Grêmio, porém o treinador recuou e optou pelo Corinthians. O segundo nome consultado foi Adilson Batista, que estava no Jubilo Iwata, do Japão. Além de trazer consigo a espinha dorsal do meio-campo celeste – Henrique, Fabrício e Marquinhos Paraná -, o treinador avisou ao clube que não pretendia contar com Nenê.

“O Adilson Batista disse para a diretoria que não contava com o meu futebol. Falou que poderia me emprestar. Segui para o Ipatinga, onde fiz o restante do Campeonato Mineiro, se não me engano com três ou quatro gols. Retornei ao Cruzeiro, que pretendia me reintegrar ao elenco, mas o Adilson voltou a dizer: ‘não vou contar com ele’. Fiquei treinando separadamente em horários diferentes, pois o clube havia contratado outros jogadores”.

Após o empréstimo ao Ipatinga, o Cruzeiro relacionou Nenê para uma excursão de uma equipe formada por reservas em Portugal. Em maio de 2008, a Raposa enfrentou Sporting Braga (derrota por 2 a 0), Nacional da Madeira (vitória por 3 a 2) e Vitória de Guimarães (vitória por 3 a 1 – vídeo abaixo). O avançado de 1,83m se destacou ao balançar a rede cinco vezes nos três amistosos.

Artilharia em Portugal

Ao permanecer no Nacional, Nenê se adaptou rapidamente e virou uma máquina de gols. Foram 20 em 28 partidas no Campeonato Português 2008/2009, à frente de Liedson, do Sporting, e Óscar Cardozo, do Benfica (ambos com 17). O faro artilheiro assegurou uma campanha histórica à equipe da Ilha da Madeira: 4º lugar, com 52 pontos, com direito à vaga na Liga Europa da temporada seguinte. Chegou a ser discutida a possibilidade de o jogador retornar ao Cruzeiro em 2009, mas ele próprio pediu ao presidente do clube de Funchal para “se virar” e pagar os 500 mil euros.

“Consegui fazer uma época espetacular, com 20 gols, numa equipe como o Nacional, que é um clube pequeno. Chegamos a ganhar de Benfica e Porto. Ficamos em quarto lugar, atrás apenas dos três grandes, e o Nacional foi para a Liga Europa. Voltei ao Cruzeiro apenas para cumprimentar as pessoas”.

“Peguei na mão do Adilson Batista e disse: ‘muito obrigado por não ter me dado espaço aqui. Se você não contava com meu futebol, obrigado. Fui para um lugar onde estou muito feliz, fiz o que fiz e escrevi meu nome no Nacional’. Até hoje está gravada a minha Bola de Prata de artilheiro. Só tenho a agradecer ao Nacional, que me abriu as portas”.

Nenê, sobre contato com Adilson Batista

Com 20 gols, Nenê foi artilheiro do Campeonato Português 2008/2009 pelo Nacional (foto: zerozero.pt)

Ida ao Cagliari e interesse do Milan

Na Ilha da Madeira, Nenê ajudou o Nacional a conquistar vitórias importantes sobre Porto e Benfica, aprimorou seu ponto forte, o cabeceio, e se tornou exímio cobrador de faltas. Tão logo acertou o que devia ao Cruzeiro, o Nacional vendeu o principal jogador ao Cagliari, da Itália, por 4,5 milhões de euros. O desfecho do negócio veio de forma inusitada, visto que o Milan também avaliava a aquisição do artilheiro da Primeira Liga de Portugal em 2008/2009.

“Quando meu nome surgiu dentro da possibilidade de ir para a Itália, chegaram a levar o meu nome para o Adriano Galliani, diretor do Milan. Naquele dia, o presidente do Cagliari, Massimo Cellino, estava jantando com o Galliani. E ele, uma pessoa muito supersticiosa, viu que minha data de aniversário era a mesma dele, 28 de julho. O Cellino virou para o David Lippi, filho do treinador Marcelo Lippi, e falou: ‘esse jogador é meu’. O Galliani respondeu: ‘como assim, seu?’. Ele disse: ‘será meu jogador da sorte. Vai jogar na minha equipe’. E me contratou. Nem sabia se eu era goleiro, lateral ou atacante. Só levou. Essa é a história que me contam”.

Milan e Cagliari discutiram a possibilidade de Nenê trocar de clube na janela de janeiro de 2010. Galliani voltou a procurar Cellino, pois gostou do desempenho do brasileiro, que havia marcado seis gols em 18 jogos (12 como suplente). Entretanto, a expulsão do argentino Joaquin Larrivey no empate por 1 a 1 com o Siena, na 21ª rodada, travou a negociação.

“No outro fim de semana, no último dia do mercado, tínhamos um jogo em casa e estávamos sem o Larrivey. O Cellino ligou para o Galliani e disse que eu não ia mais, pois precisava de mim, já que o time não tinha atacante para jogar no fim de semana. Eu ia falar o quê pra ele? Tudo bem, tenho contrato com o clube. Era a oportunidade de sair do Nacional rumo ao Cagliari, e depois ao Milan. Um salto enorme. Mas não aconteceu”.

Nenê, sobre ida frustrada ao Milan

Nenê não lamenta a transferência frustrada para o Milan porque se tornou ídolo do Cagliari. Até hoje, segundo ele, os torcedores fazem referências a um gol de fora da área em Gianluigi Buffon, goleiro da Juventus, na vitória por 2 a 0 pelo Campeonato Italiano. Em cinco temporadas, o ex-cruzeirense balançou a rede 26 vezes em 129 partidas pelo clube da Sardenha.

“Nem tenho que lamentar, pois foram cinco anos maravilhosos no Cagliari e com um presidente que não deixou faltar nada. Só tenho a agradecer. Minha adaptação foi rápida. Fazer oito gols no Campeonato Italiano logo na primeira temporada não é fácil. Por isso consegui ficar lá por nove anos”.

Nenê pelo Cagliari - (foto: Enrico Locci/AFP)
Nenê se tornou ídolo do Cagliari, da Itália, pelo qual jogou cinco temporadas (foto: Enrico Locci/Getty Images)(foto: Enrico Locci/AFP)

Retorno a Portugal

Na Itália, Nenê também jogou por Verona, Spezia e Bari. Em 2018, regressou a Portugal para defender o Moreirense. A aposentadoria esteve próxima em 2021, aos 37 anos, quando o jogador não renovou com o Leixões. Até que veio o convite do empresário brasileiro Rubens Takano Parreira para jogar a Segunda Divisão de Portugal pelo Vilafranquense.

“Eu tinha 37 anos e estava no Brasil quando surgiu a oportunidade de ir para o Vilafranquense. O investidor, que mora em São Paulo, me fez a proposta. Eu estava há três meses parado, sem treinar, e ele falou: ‘vem me ajudar’. Peguei minhas coisas e saí de São Paulo para Vila Franca, perto de Lisboa. Tive 15 dias de preparação e já no primeiro jogo, contra o Desportivo Chaves, fiz um gol. Na sequência, marquei oito gols consecutivos. A equipe estava lá embaixo e foi para a metade da classificação. Na Taça de Portugal, fiz três gols em uma vitória por 3 a 2. Daí fui renovando, renovando e renovando até chegar aos 40”.

No Vilafranquense, Nenê acumulou 33 gols em 64 jogos nas duas primeiras temporadas na Segunda Liga. Em 2023/2024, o clube mudou de sede, deixando Vila Franca de Xira, na Grande Lisboa, para Aves, no distrito do Porto, Norte de Portugal. A direção, então, alterou o nome para AVS Futebol SAD, mantendo o direito de disputar a segunda divisão portuguesa.

Vice-líder da Segunda Liga, com 40 pontos em 19 rodadas, o AVS não tem qualquer relação com o Clube Desportivo das Aves, embora as agremiações compartilhem o mesmo estádio, com capacidade para cerca de 8.500 torcedores. O tradicional time fundado em 1930, que conquistou a Taça de Portugal em 2017/2018, encontra-se atualmente na divisão distrital devido a um processo de falência em 2020.

Goleador aos 40 anos!

Aos 40 anos, Nenê soma 16 gols em 22 jogos pelo AVS na temporada 2023/2024. São 14 na Segunda Liga e dois na Taça da Liga. Na partida mais recente, em que a equipe venceu o Marítimo por 3 a 2, o brasileiro anotou dois gols: um de bicicleta e outro em tiro livre de média distância. O ex-cruzeirense, que renovou contrato até junho de 2025, conta como se prepara para manter a competitividade em uma idade que representa o fim da carreira para grande parte dos futebolistas.

“Tudo é treinamento. Se você estiver concentrado naquilo que faz, repetirá no jogo. No fim de semana, consegui fazer um gol de bicicleta. Dois dias antes do jogo, estávamos treinando, e eu fiz duas ou três vezes no treino. Uma vez eu concluí em gol, nas outras duas não. No jogo. No jogo, na primeira oportunidade que tive, estava de costas, e aquele foi o recurso para finalizar o mais rápido possível. Você precisa estar concentrado”.

Nenê tem 16 gols pelo AVS, de Portugal, na temporada 2023/2024 (foto: AFS Vila das Aves)

“Alguns jogadores nos treinos de finalização chutam para fora e começam a rir, como se nada tivesse acontecido. Eu não acho bom. Se estou treinando, vou me cobrar 100%. No jogo pode aparecer apenas uma oportunidade. Se falhar, vai dar risada? Não! Ficarei me cobrando, pois tinha que acertar. Se hoje faço 14 gols, é porque quando a oportunidade surge, eu tenho que fazer. Se o goleiro defendeu, ok, mas você tem que pelo menos acertar a baliza. É isso que eu penso. Em dezembro, ganhei três prêmios: o do sindicato (dos jogadores), o de melhor atacante do mês e o de jogador do mês. Dedicação e trabalho nos levam a colher os frutos.”

Um dos companheiros de Nenê é o ponta-direita Stênio, cria da base do Cruzeiro. Ele espera poder ajudá-lo com orientações acerca da intensidade das partidas nas ligas europeias. “É um jogador que chegou aqui, porém ainda não tive tanta oportunidade de conversar com ele. Ele estava se adaptando à parte física e somente nessa semana que passou começou a treinar conosco. É um jogador que tem bastante qualidade no um para um e precisará se adaptar o mais rápido possível ao futebol europeu”.

E quando vai parar de jogar?

Independentemente de quando vai se aposentar, Nenê sabe que a reta final está próxima. Por tudo que o futebol lhe proporcionou – seja na vida profissional e pessoal –, o camisa 18 do AVS pretende dar continuidade em outra função no futebol assim que pendurar as chuteiras. Para isso, ele concluiu, há cerca de um ano, o curso de treinador ‘licença B’ da Uefa. Futuramente, o objetivo é obter o diploma nível A.

“Estou inscrito para ser treinador no sub-17 para, no futuro, cursar o Uefa A. Pretendo ficar no meio do futebol, não sei como treinador, dirigente ou outra área. Eles querem que eu fique como auxiliar efetivo do clube, dentro da comissão técnica, como existe no Brasil. Também tenho portas abertas no Moreirense, que me ofereceu uma oportunidade futura. Se for para ser treinador, eu gostaria de começar no sub-17, 18 ou júnior. Quero ter primeiramente essa experiência para não correr o risco de pegar uma equipe de cima e não ter tanto sucesso assim. É importante subir passo a passo para subir preparado. Quero ficar no futebol”.

Números da carreira de Nenê (jogos oficiais)

  • AVS-POR – 22 jogos, 16 gols
  • Vilafranquense-POR – 64 jogos, 33 gols
  • Leixões-POR – 36 jogos, 10 gols
  • Moreirense-POR – 56 jogos, 7 gols
  • Bari-ITA – 28 jogos, 9 gols
  • Spezia-ITA – 72 jogos, 22 gols
  • Verona-ITA – 11 jogos, 1 gol
  • Cagliari-ITA – 129 jogos, 26 gols
  • Nacional-POR: 38 jogos, 25 gols
  • Ipatinga – 6 jogos, 4 gols
  • Cruzeiro – 24 jogos, 6 gols
  • Santa Cruz – 30 jogos, 9 gols
  • Riachuelo-SE – 28 jogos, 14 gols

Total: 544 jogos, 182 gols (fonte: OGol)*

*Nota: não há registros dos números de Nenê pelos clubes São Bento-SP, Guaçuano-SP, Confiança-SE e Boca Júnior-SE

Na Europa

  • Clubes da Itália: 240 jogos, 58 gols
  • Clubes de Portugal: 216 jogos, 91 gols

Por ligas nacionais

  • Campeonato Italiano: 132 jogos e 23 gols
  • Campeonato Português: 80 jogos, 27 gols
  • Campeonato Brasileiro: 43 jogos, 11 gols
  • Segunda Liga Portuguesa: 109 jogos, 52 gols
  • Série B Italiana: 90 jogos, 27 gols

Leia também:

Compartilhe