CRUZEIRO

Ídolo do Cruzeiro, Joãozinho faz 70 anos e vive como entregador de pizza nos EUA

Autor do gol mais famoso da história do Cruzeiro, Joãozinho completa 70 anos nesta quinta-feira (15/2); ex-atacante mora em Boston, nos EUA
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Por onde anda o homem que fez o que é, para muitos, o gol mais importante da história do Cruzeiro? Do outro lado do continente, Joãozinho leva uma vida pacata, em contato com poucos familiares e a mais de 7 mil quilômetros de Belo Horizonte, onde nasceu, cresceu e fez seu nome no futebol. Nesta quinta-feira (15/2), o ex-atacante que decidiu o título da Copa Libertadores de 1976 completa 70 anos.

Em entrevista ao No Ataque, Joãozinho contou que trabalha como entregador de pizza em Boston, nos Estados Unidos. Na América do Norte há quase 18 anos, ele se diz dividido. O ex-jogador considera voltar a morar em BH após a aposentadoria, mas tem receio da readaptação. A capital mineira não sai do coração do ídolo estrelado, que ainda acompanha as partidas do Cruzeiro.


“Não consigo assistir a todos os jogos porque trabalho, mas estou sempre vendo sobre o Cruzeiro na internet e na televisão. Cheguei muito novo ao clube, vivi minha vida toda lá dentro, não tem como não acompanhar. Sempre com pensamentos positivos, na torcida para que o Cruzeiro nos dê alegrias como sempre deu”

Joãozinho, ídolo do Cruzeiro

Por causa dos dribles e jogadas plásticas que fazia, João Soares de Almeida Filho era chamado pelos cruzeirenses de ‘Bailarino da Toca’. Cria da base celeste, disputou 485 jogos e marcou 119 gols com a camisa do Cruzeiro. O mais importante deles no terceiro jogo das finais da Libertadores de 1976, contra o River Plate.

Em cobrança de falta inesperada, o ponta-esquerda balançou a rede e garantiu a vitória por 3 a 2 e a primeira glória continental da Raposa. Antes disso, o único time brasileiro que havia vencido o torneio era o Santos de Pelé.

Vida nos Estados Unidos

Em Boston, Joãozinho mora sozinho, mas se encontra constantemente com o filho Luciano, que também reside na capital do estado de Massachusetts. Fã de futebol americano, o ex-jogador é torcedor do New England Patriots, da NFL.

Joãozinho conta como é a rotina nos EUA: “Levo uma vida tranquila, sem problema algum. Eu faço delivery, mas também trabalho dentro da pizzaria. O que precisam de mim, eu faço. Quando estou de folga, vou para casa do meu filho mais velho para assistir aos jogos do Cruzeiro. Ele também é cruzeirense doente. Lá a gente vê televisão, assa carne e bebe cerveja.”

Quando está no período de calor, o ex-jogador diz gostar de sair para caminhar e participar de peladas com amigos brasileiros e de outros países latino-americanos.

“Aqui faz muito frio. Quando está fazendo calor, jogo uma liga com o pessoal da minha idade, é bem legal. Dei uma parada porque tenho medo de me machucar. Eu engordei, mas ainda dou uns dribles. Gosto muito de brincar com a bola. Dizem que quem sabe não perde a majestade (risos)”.

Apelidado tal qual o pai, João Soares de Almeida Neto também jogou e foi campeão pelo Cruzeiro. Atacante revelado na base celeste, Joãozinho II atuou no clube do coração entre 2000 e 2002. Hoje, vive nos Estados Unidos, mas na região da Califórnia, a seis horas de voo dos familiares que moram em Boston.


Joãozinho mantém amizade com ídolos de Cruzeiro e Atlético

A distância continental não afastou Joãozinho de alguns antigos companheiros de Cruzeiro. Ele revelou que mantém amizade com o ex-goleiro Raul Plassmann, o ex-zagueiro Geraldão, o ex-lateral-esquerdo Nonato, o ex-volante Douglas e o ex-meia Dirceu Lopes.

Joãozinho também é próximo de alguns ex-atleticanos, como o ex-centroavante Reinaldo: “Ele vem muito aqui com o filho. Reinaldo é uma pessoa espetacular, nós somos muito amigos. Tem muitos atleticanos em Boston, e os caras gostam demais do Reinaldo. Quando ele vem para cá, passamos um tempo juntos. Já viajamos para Nova Jersey, Nova York e outros estados.”

Sonho de voltar a morar em Belo Horizonte

Joãozinho se descreve como ‘um mineiro bem da gema’, nascido e criado em BH. A vontade de voltar a viver na cidade natal é forte no coração do ídolo do Cruzeiro, que considera um retorno em definitivo ao Brasil ou passar pelo menos os verões no país.

“Eu penso em me aposentar daqui um ano e voltar para o Brasil. Belo Horizonte é minha vida, todos os meus irmãos vivem aí. Vamos ver se tem jeito de eu me acostumar novamente. Porque aqui levo uma vida tranquila, legal e com muita segurança. Tenho medo das inseguranças do nosso país, pois aqui nos Estados Unidos vivo muito bem. Sou muito fã. Tem algo aqui que faz você se apegar. É difícil dizer o que é.”

“Se eu voltar para Belo Horizonte, evidentemente que vou ir ao Mineirão com frequência. O Cruzeiro está dentro de mim. Fui formado dentro do clube e vi ele crescer. Cheguei com 15 anos e saí com praticamente 30. E se tem uma coisa que eu sou grato, é à torcida do Cruzeiro, que sempre se lembra de mim”, complementou.

Herói do Cruzeiro na final da Libertadores de 1976

Em 1976, o Cruzeiro tinha no elenco o batedor de faltas mais potente do Brasil. Um dos principais especialistas em bola parada do futebol mundial, Nelinho marcou 105 gols pela Raposa, mesmo sendo lateral-direito. E no terceiro jogo das finais da Libertadores, contra o River Plate, era o favorito para assumir a responsabilidade em uma cobrança decisiva, marcada nos minutos finais.

O que os torcedores não esperavam era que um jovem atacante de 22 anos tomaria uma atitude inesperada e colocaria a bola no fundo da rede. Com a suspensão de Jairzinho, que era a estrela do time, Joãozinho vestiu a camisa 10 do Cruzeiro na última partida da decisão, disputada em 30 de julho de 1976. O palco do duelo foi o Estádio Nacional, em Santiago, no Chile.

Enquanto Nelinho discutia com o volante Piazza para ver quem seria o batedor, o ponta-esquerda se antecipou, cobrou a falta e marcou o terceiro gol da Raposa aos 43 minutos do segundo tempo. A vitória por 3 a 2 sobre o River colocou a equipe mineira em destaque em toda a América do Sul.

“Eu sei que é um gol que ficou para a história, mas vejo com simplicidade e naturalidade. Não fui eu sozinho, foi algo de todos os jogadores, que já vinham há muito tempo jogando juntos. Foi um todo. O tamanho do Cruzeiro é tanto que esse gol foi só uma gota no oceano. Mas, foi uma gota que fez a diferença (risos)”, refletiu Joãozinho.

Joãozinho, ex-atacante do Cruzeiro - (foto: Arquivo/Estado de Minas)
Joãozinho, ídolo do Cruzeiro(foto: Arquivo/Estado de Minas)
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