Um dos maiores camisas 10 da história do Cruzeiro, Alex afirmou que sentia “muita raiva” dos irmãos Zezé Perrella e Alvimar de Oliveira Costa. O motivo? Ter sido dispensado pelos dirigentes em sua primeira passagem pela Raposa, em 2001.
Em entrevista ao podcast Benja Me Mucho, do jornalista Benjamin Back, Alex explicou que o retorno ao Cruzeiro, em 2002, foi intermediado pelo então diretor de futebol Eduardo Maluf.
- Alex: “Tinha muita raiva dos Perrellas. Muita raiva”.
- Benja: “Por que?”
- Alex: “Porque eles me mandaram embora”
- Benja: “Mas não foram eles quem te contrataram de novo?”
- Alex: “Eu não assino com eles, e sim com o diretor de futebol, Eduardo Maluf. Vou ver os Perrellas um mês depois”
O ídolo cruzeirense contou um episódio do clássico contra o Atlético, em 15 de fevereiro de 2003, pela sexta rodada do Campeonato Mineiro. Alex fez dois gols e deu assistências para Deivid e Marcelo Ramos balançarem a rede no Mineirão. No vestiário, o meia evitou cumprimentar o presidente Alvimar e o vice Zezé, concentrando-se apenas em vibrar com jogadores e funcionários.
“Dependendo do clube, talvez você nunca veja a figura do presidente. Com os Perrellas era mais difícil, porque eu sabia que em algum momento aquilo ia virar. Por exemplo, teve um jogo entre Cruzeiro e Atlético, 4 a 2 para nós, eu fiz dois gols e dei passes para outros dois. Os dois estavam no vestiário, abraço todo mundo, só que por eles eu passo direto”.
Segundo Alex, o sentimento de raiva foi diminuindo ao longo da temporada. Naquele ano, o Cruzeiro conquistou o Campeonato Mineiro, a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro.
“A raiva que eu tinha era uma coisa muito grande. Isso foi diminuindo ao longo do tempo, pois eu via que não fazia bem para mim. E também pensava: ‘os caras tomaram essa decisão meses atrás pelas razões deles’. Não valia a pena manter isso para sempre”.
Alex, ex-camisa 10 do Cruzeiro
Alex no Cruzeiro
Alex teve duas passagens pelo Cruzeiro: a primeira no segundo semestre de 2001 e a segunda de setembro de 2002 a junho de 2004. Ao todo, o meia disputou 121 jogos oficiais, marcou 64 gols e deu 61 assistências.
Em agosto de 2001, Alex chegou ao Cruzeiro em um elenco que contava com Edmundo, Rincón, Sorín, Oséas, Ricardinho, Cris e outros jogadores de renome. O time, contudo, terminou mal a Série A: 21º entre 28 clubes, com 32 pontos em 27 partidas.
Com quatro gols em 16 partidas em 2001, o camisa 10 foi dispensado por meio de uma ligação telefônica do clube em janeiro de 2002. O retorno em setembro só ocorreu graças à boa relação do jogador com o técnico Vanderlei Luxemburgo.
Melhor fase da carreira
Em 2003, Alex viveu a melhor fase de sua carreira ao liderar o Cruzeiro rumo à Tríplice Coroa. Foram 39 gols e 39 assistências em 63 partidas – números bastante expressivos para um jogador de meio-campo.
No Brasileirão – competição na qual a Raposa somou 100 pontos em 46 rodadas -, Alex marcou 23 gols. Na Copa do Brasil, destacou-se pelo gol de letra no jogo de ida da final, contra o Flamengo (1 a 1), e por dar três assistências no duelo de volta (vitória por 3 a 1, gols de Deivid, Aristizábal e Luisão).
A despedida do Cruzeiro ocorreu em junho de 2004, quando Alex recebeu proposta do Fenerbahçe, da Turquia, do qual se tornou ídolo em nove temporadas. O craque ex-Palmeiras, Flamengo e Seleção Brasileira encerrou a carreira no Coritiba, aos 37 anos, em 2014.
Perrellas no Cruzeiro
Proprietários de fazendas e frigoríficos em Minas, Zezé Perrella e Alvimar de Oliveira Costa revezaram na presidência do Cruzeiro de 1995 a 2011. Nesse período, o clube conquistou títulos importantes, como a Copa Libertadores de 1997, o Brasileiro de 2003 e as Copas do Brasil de 1996, 2000 e 2003. Também foi inaugurada a Toca da Raposa 2, em 2002.
Enquanto Alvimar era mais discreto e evitava entrar em polêmicas, Zezé se aproveitou do jeito “falastrão” para se lançar na política. Graças à influência no futebol, o dirigente foi deputado federal (1999 a 2003), deputado estadual (2007 a 2011) e senador por Minas Gerais (2011 a 2019).
No Cruzeiro, Zezé e Alvimar fecharam várias negociações para a Europa. Em alguns casos, torcedores se queixavam pelos gestores abrirem mão de destaques do time. As vendas mais lembradas são dos atacantes Fábio Júnior – Roma, da Itália, por US$ 15 milhões (janeiro de 1999) – e Geovanni – Barcelona, da Espanha, por US$ 18 milhões (junho de 2001).