VIOLÊNCIA

Morte de torcedor do Cruzeiro: Justiça decreta prisão preventiva para suspeitos

Lucas Elias Vieira Silva, de 28 anos, morreu ao ser baleado durante briga de torcedores de Atlético e Cruzeiro, no último sábado (2/3), em BH
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A Justiça de Minas Gerais decretou prisão preventiva para dois suspeitos de matar o motoboy Lucas Elias Vieira Silva, de 28 anos, durante briga entre torcedores de Atlético e Cruzeiro. O crime ocorreu no último sábado (2/3), na Avenida Tereza Cristina, região do Barreiro, em Belo Horizonte.

Integrantes da organizada Galoucura Barreiro, os atleticanos Victor Marcelo Rocha Santiago, de 24 anos, e Robert Xavier Soares, de 23, são apontados como responsáveis pelos tiros que causaram a morte do cruzeirense Lucas Elias. Os disparos também feriram Wendell Morais de Souza e Maurício Filipe Reis Ferreira, ambos torcedores celestes.

Na decisão proferida nesta segunda-feira (4/3), a juíza Juliana Beretta Kirche Ferreira Pinto, da Central de Recepção de Flagrantes de Belo Horizonte (Ceflag), ressaltou a necessidade de “garantia da ordem pública” ao converter as prisões em flagrante para caráter preventivo de Victor Santiago e Robert Soares.

“Em meio a contenda envolvendo integrantes de torcidas organizadas rivais da ‘Galoucura’ e ‘Máfia Azul’, com o emprego de armas de fogo em plena Avenida Tereza Cristina, colocando em risco a vida e a integridade física não somente de torcedores em deslocamento do Estádio do Mineirão, como também de cidadãos comuns, expostos à truculência dos atos extremos do odioso contexto de violência que lamentavelmente impera entre as torcidas oponentes dos dois maiores times de futebol de Minas Gerais, minando a prática desportiva sadia, respeitosa e fraterna, culminando no extermínio banal de vidas humanas meramente por torcerem para time distinto, imperiosa a decretação da prisão preventiva dos autuados, para a garantia da ordem pública”.

Decisão da Justiça de Minas

De acordo com o relato de um amigo de Lucas à Polícia Militar, eles estavam de moto a caminho do Mineirão, onde assistiriam à partida do Cruzeiro contra o Uberlândia, pela última rodada da primeira fase do Campeonato Mineiro. No trajeto, ao acessarem a Avenida Tereza Cristina, depararam-se com integrantes da Galoucura, que ocupavam dois carros – um Voyage e um Gol – e três motocicletas. O Atlético jogou no mesmo dia, diante do Ipatinga, na Arena MRV.

Conforme a versão dessa testemunha, Victor Santiago desembarcou do Voyage e retirou barras de ferro e de madeira, enquanto Robert Soares portava uma arma de fogo. A partir dali, houve tumulto generalizado, no qual Lucas Elias acabou levando os tiros no tórax. Ao prender os dois atleticanos, a PM encontrou um revólver calibre 38 com três cartuchos intactos e dois deflagrados, além de um aparelho celular e uma caixa de fogos de artifício.

‘Vinicin’ da Galoucura

A magistrada também citou a presença de Marcos Vinicius Oliveira Melo, o Vinicin, como participante da briga generalizada. O atleticano agrediu uma pessoa que tentou prestar socorro a Lucas Elias Vieira, que faleceu a caminho do Hospital Santa Rita.

“Ademais, o teor constante na narrativa do REDS nº 2024-009773764-001, é elucidativo ao apontar que os policiais conseguiram acesso a vídeos que circulam em redes sociais, revelando que um indivíduo, posteriormente identificado como Marcos Vinicius Oliveira Melo, conhecido como “Vinicin”, também havia participado da rixa e, em determinado momento do vídeo, o mesmo fora visualizado agredindo e impedindo um indivíduo de prestar socorro à vítima fatal Lucas Elias, quando fora atingida pelos disparos de arma de fogo, que já estava caída no canteiro central da Avenida Tereza Cristina e, em decorrência das lesões causadas, veio a óbito, sendo inequívoca a presença da materialidade delitiva”

Juliana Beretta Kirche Ferreira Pinto, juíza de Direito

Ex-diretor da Galoucura, Vinicin tem histórico de violência contra torcedores rivais. Em 2013, ele foi condenado a 17 anos de prisão pelo homicídio do cruzeirense Otávio Fernandes, espancado em frente a uma casa de shows na Avenida Nossa Senhora do Carmo, em 2010. No ano passado, pegou 1 ano de reclusão por lesão corporal leve cometida em 2018, no bairro Prado.

Vinicin era assessor do vereador de BH César Gordin (Solidariedade), ex-presidente da Galoucura. Após a repercussão do caso que resultou na morte do cruzeirense Lucas Elias, foi demitido do cargo. Ele recebia salário líquido de R$ 4,2 mil.

Quem era o cruzeirense que morreu baleado em BH

Lucas Vieira, de 28 anos, morava no bairro Industrial, em Contagem, na Grande BH, e trabalhava com entregas por aplicativos. Ele era casado e tinha uma filha de dois anos. No momento do assassinato do motoboy, as duas estavam na Bahia visitando parentes.

O velório e o sepultamento de Lucas foram realizados no cemitério Nossa Senhora da Glória, em Contagem, nesta segunda-feira (4/3). Familiares e amigos cantaram músicas alusivas ao Cruzeiro e colocaram uma bandeira do clube sobre o caixão do rapaz.

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