O mês de abril é sempre muito importante para os times brasileiros, em especial para o Cruzeiro. Com situação financeira delicada, o clube celeste está às vésperas de apresentar o balanço financeiro da temporada de 2023, que marcou o segundo ano da transformação em Sociedade Anônima do Futebol (SAF).
A apreciação das contas do Cruzeiro já tem data marcada. O No Ataque apurou que o Conselho Deliberativo da associação civil agendou uma reunião para o dia 30 de abril (terça-feira), às 18h30, no Parque Esportivo do Barro Preto, em Belo Horizonte. A segunda chamada terá início às 19h.
Uma fonte ligada ao Conselho informou à reportagem que o balanço de 2023 já está em análise pela comissão fiscal do clube mineiro. A revisão do documento deve ser concluída antes do dia 26 de abril (sexta-feira), para que os conselheiros tenham tempo de analisar os números antes da votação.
Pela Lei Pelé, todos os clubes brasileiros devem detalhar as contas do ano anterior até 30 de abril. Em caso de descumprimento da regra, dirigentes responsáveis pelas entidades esportivas podem ser punidos.
As possíveis sanções previstas incluem afastamento do cargo, anulação de atos administrativos e inelegibilidade por cinco anos em entidades ou empresas vinculadas às competições profissionais.
Segundo a norma, o eventual afastamento do cargo ou a anulação de atos administrativos estão previstos para “o dirigente que praticou a infração ainda que por omissão”.
Dívida do Cruzeiro
Em abril do ano passado, o Conselho aprovou com ressalvas o balanço do exercício de 2022, que apontou dívida de R$ 1,052 bilhão e déficit de R$ 65,4 milhões. A assembleia teve 109 conselheiros, que contabilizaram um apertado placar de 69 votos favoráveis e 40 contrários.
Uma das principais críticas dos conselheiros foi a não apresentação do efetivo balanço, e sim de um balancete consolidado de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2022. Os participantes da reunião também pediram esclarecimentos sobre as transferências das Tocas I e II para a SAF e da aplicação dos repasses mensais de 20% das receitas do grupo de Ronaldo Fenômeno.
Apesar de alegarem falta de informações do balanço, os conselheiros que se posicionaram favoravelmente justificaram o voto ao receio de o Cruzeiro ter sua recuperação judicial prejudicada.
A associação civil apresentou um plano de pagamento de parte de sua dívida – acima de R$ 537 milhões – em prazo de 18 anos. O montante de mais de R$ 1 bilhão foi equalizado após a aprovação da recuperação judicial.
Evolução da dívida de 2017 a 2022
- 2022: R$ 1,052 bilhão
- 2021: R$ 970 milhões
- 2020: R$ 898 milhões
- 2019: R$ 804 milhões
- 2018: R$ 533 milhões
- 2017: R$ 371 milhões
Recuperação judicial
O plano de recuperação judicial do Cruzeiro foi homologado na Justiça em agosto do ano passado. A associação tem o compromisso de arcar com o que foi estabelecido junto aos credores e fez uma estimativa de pagar mais de R$ 90 milhões até o final de 2025.
Nos próximos 18 anos, a previsão é de uma transferência de R$ 682 milhões (valor atualizado da dívida após a homologação da RJ) para pagamento das obrigações.
Balanço financeiro da SAF
O balanço financeiro de 2023 da SAF também deve ser informado até maio. No ano passado, a empresa de Ronaldo Fenômeno mostrou que o primeiro ano de atuação no clube celeste (2022) foi de arrecadação milionária, mas de prejuízo grande também.
Segundo os documentos, a SAF teve receita bruta de R$ 150,3 milhões (R$ 146,1 milhões depois de deduzidos impostos e contribuições) e prejuízo de R$ 24,6 milhões.