Demitido pelo Cruzeiro no início de abril, Nicolás Larcamón contestou a versão do diretor de futebol Pedro Martins ao falar sobre sua saída do Cruzeiro. Em entrevista à ESPN do México, nessa terça-feira (23/4), o argentino afirmou que ficou surpreso com a decisão da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) de encerrar o processo de forma passional.
“A verdade é que, quando se está em um meio muito mais passional, onde se tomam decisões com mais paixão e nem tanta lógica, o processo de trabalho se interrompe”, iniciou.
Larcamón disse que tinha convicção no que estava fazendo à frente do time e que teria sucesso na temporada se o processo não fosse encerrado de forma precoce. Ele ficou no cargo por quatro meses.
“Assumi com a tranquilidade de estar à altura do desafio e tenho certeza: se o trabalho não fosse interrompido, teríamos um bom desempenho. Lamentavelmente foi interrompido. Vínhamos muito bem, o grupo estava muito alinhado com o que queríamos”.
Nicolás Larcamón
Larcamón contesta versão de Pedro Martins
Nicolás também contestou a versão de Pedro Martins ao explicar a demissão do treinador. Larcamón deixou o clube em 8 de abril, logo após a derrota do Cruzeiro por 3 a 1 para o Atlético, no Mineirão, em Belo Horizonte, pelo jogo de volta da final do Campeonato Mineiro.
“Vínhamos muito bem, mas a decisão foi tomada depois de perder a final do Mineiro. Estávamos com quase 60% de aproveitamento, mas eu sabia como era encabeçar um projeto no Brasil”, disse.
Por sua vez, o discurso não bateu com o de Pedro Martins. Em 9 de abril, o diretor de futebol revelou que o técnico foi comunicado que deixaria o cargo antes mesmo da decisão estadual.
“Houve um esforço grande dos dois lados. A partir do momento em que identificamos essa distância, foi um ato falho. ‘Vamos insistir, quem sabe funciona, quem sabe dá certo’. Insistir para chegar à conexão. Quando identificamos uma distância entre o que era o método da comissão e o do Cruzeiro, ficamos no dilema. Antes da final, estávamos com a decisão pronta de não dar seguimento ao trabalho. Não víamos mais perspectiva. Foi uma decisão dura, difícil, pois identificamos um potencial, mas não houve conexão”.
– Pedro Martins, dirigente do Cruzeiro.
Antes de decretar a saída do técnico, a diretoria teve várias reuniões com a comissão de Larcamón. Contudo, o entendimento foi de que não houve nenhuma perspectiva de que os processos mirados pelo Cruzeiro seriam alcançados.
“A gente teve muita conversa para tentar construir. Não dá para falar de um momento, porque foram muitas conversas. Teve muito esforço dele para integrar. Qualquer esforço adicional não é positivo”, finalizou o dirigente.
Demissão de Larcamón
O resultado na final do Mineiro só acelerou a saída do argentino. Esse foi o segundo fracasso do treinador em menos de quatro meses à frente do clube.
Ele não conseguiu classificar o Cruzeiro para a segunda fase da Copa do Brasil. Maior campeão da competição, o time foi eliminado pelo modesto Sousa, no estádio Marizão, em Sousa, na Paraíba, pela primeira fase. Os celestes perderam por 2 a 0, em 21 de fevereiro.
Para o lugar de Larcamón, a diretoria do Cruzeiro apostou em Fernando Seabra, profissional com passagem pelas categorias de base e a comissão técnica do time principal da Raposa.