Há exatamente uma semana, Pedro Lourenço chegou a um acordo com Ronaldo Nazário para a compra de 90% das ações da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Cruzeiro. Segundo apurou com exclusividade a reportagem, o dono da rede Supermercados BH adquiriu o clube-empresa por R$ 500 milhões. Como a operação financeira será concluída? A reportagem de No Ataque esclarece essa e outras dúvidas na sequência.
Ronaldo e Pedrinho assinaram o termo que sacramentou a intenção de venda da SAF na última segunda-feira (29/4), na Toca da Raposa 2, em Belo Horizonte. Devido a uma cláusula de confidencialidade, os detalhes expressos no contrato foram mantidos sob sigilo.
Entretanto, é sabido que Pedro herdará o compromisso firmado por Ronaldo com a associação civil do Cruzeiro, dona dos outros 10% das ações. O empresário do ramo supermercadista assumirá a dívida global do clube – incluindo a recuperação judicial – e ainda terá que completar os investimentos adicionais prometidos pelo ex-jogador.
Uma fonte ligada a Pedrinho afirmou que ele desembolsará, ao todo, R$ 500 milhões pela compra de 90% das ações. A quantia não será paga à vista.
Lourenço terá ‘carência’ até o fim do ano para iniciar o pagamento, que será bem parcelado. O empresário terá até 2035 para quitar todos os débitos com a Tara Sports Brasil, empresa gerida pelo Fenômeno. Contudo, esse montante poderá ser antecipado.
Do valor total, R$ 100 milhões já foram adiantados pelo empresário em 2023. Em 3 de março daquele ano, Pedro firmou um acordo com a Tara para investimentos emergenciais na Raposa. Ele fez o aporte por meio de um recurso que poderia ser transformado em ações do clube-empresa no futuro.
A operação financeira chamada de debênture conversível, uma espécie de empréstimo, deu garantias de 20% das ações da SAF a Lourenço. Dessa forma, Pedro pagará mais R$ 400 milhões pelos outros 70% que pertenciam a Ronaldo.
Pedrinho assumirá compromisso de Ronaldo
A transação milionária ocorreu por meio das empresas dos dois empresários, sendo CNPJs de pessoas jurídicas. A Tara Sports vendeu 90% das ações da SAF do Cruzeiro das quais tinha posse à BPW Sports Participações, empresa relacionada a Lourenço.
Com a venda, automaticamente, a BPW também passou a ser responsável pelas obrigações legais da Tara Sports. Ou seja, caberá a Pedrinho aportar os R$ 350 milhões prometidos por Ronaldo inicialmente.
Em dezembro de 2021, o ídolo cruzeirense adquiriu 90% da SAF celeste por R$ 400 milhões. Desses, apenas R$ 50 milhões foram injetados diretamente no clube. Em março do ano seguinte, quando o contrato foi ajustado, o ex-atacante passou a ser obrigado a investir o restante do valor em até cinco anos.
Os aportes de Ronaldo poderiam ser feitos de duas formas: investimento direto ou incremento de receitas com base na média do resultado da associação civil entre 2017 e 2021. Nesse período, o Cruzeiro teve média de faturamento bruto de R$ 220 milhões.
A receita incremental só seria aplicada caso a SAF superasse a média anual, o que não ocorreu no primeiro ano da ‘gestão Ronaldo’. Segundo o balanço financeiro da SAF em 2022, o Cruzeiro faturou R$ 150 milhões e, por isso, não houve ‘desconto’ na fortuna do Fenômeno.
Já o balanço do exercício de 2023 ainda não foi divulgado pela SAF. Dessa forma, ainda não é possível saber se houve alguma receita adicional.
Quanto Ronaldo receberá pela SAF do Cruzeiro?
Embora tenha fechado a operação por R$ 500 milhões, Ronaldo não embolsará a totalidade do dinheiro. Isso porque Pedrinho assumiu a obrigação do ex-jogador com a associação, que, na teoria, seria de R$ 350 milhões.
Lourenço terá até 2026 para abater totalmente o débito deixado pelo ex-sócio majoritário do clube-empresa. E Ronaldo, que já havia recebido R$ 100 milhões do dono do Supermercados BH em debêntures conversíveis, ficará com os R$ 50 milhões restantes do montante.