A influência de Ronaldo Nazário no Cruzeiro será quase mínima após a conclusão legal da venda de 90% das ações da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) a Pedro Lourenço. Por sua vez, o ex-jogador ainda fará parte do conselho administrativo do clube-empresa por mais dois anos e meio.
Uma dúvida levantada por alguns torcedores nas redes sociais após o anúncio da venda da SAF é se o Fenômeno cumpriu todas as obrigações previstas em contrato com a associação civil do Cruzeiro. Vice-presidente do clube, Edinho Potsch esclarece a situação.
Antes de dar detalhes sobre os compromissos legais de Ronaldo com a associação, Edinho elogiou o profissionalismo do ídolo cruzeirense na condução do projeto. Ele afirmou que a figura do ex-atacante foi preponderante para que a Raposa voltasse a ter o devido reconhecimento no cenário esportivo mundial.
“O Ronaldo trouxe um valor para o Cruzeiro que é incalculável. Não só no primeiro dia, na assinatura, no dia 18 de dezembro de 2021, no qual o Cruzeiro pode voltar a ser pauta mundial na imprensa, mas também ao longo desse processo na condução da SAF. Não só com os repasses da recuperação judicial, dentro desse êxito. O que ele fez de aporte foi muito maior do que R$ 50 milhões. Teve diversos pagamentos de transfer ban e dívidas que imaginávamos que seriam mais longas, mas foram reduzidas para um prazo mais curto”, iniciou.
Edinho concluiu a fala dizendo que Ronaldo honrou com todos os compromissos prometidos aos conselheiros e assinados em contrato. O vice voltou a elogiar o comportamento da cúpula da SAF durante o período em que o empresário esteve à frente do projeto.
“O Ronaldo sempre cumpriu, juntamente com a equipe dele, e foi espetacular com a associação, sempre buscou entender o momento e colaborar não só com aquelas obrigações já previstas em contrato, mas também com outras que haviam uma discussão entre as partes. Ele foi espetacular nesse ponto e sempre cumpriu 110%. Temos uma enorme gratidão inesquecível pelos executivos e, principalmente, pelo Ronaldo”.
– Edinho Potsch, vice-presidente da associação do Cruzeiro.
O que Ronaldo prometeu?
A transação que envolve R$ 500 milhões entre Ronaldo e Pedro Lourenço ocorreu por meio das empresas dos gestores, sendo CNPJs de pessoas jurídicas. A Tara Sports Brasil (do Fenômeno) vendeu 90% da SAF do Cruzeiro à BPW Sports Participações (de Pedrinho).
Com a venda, automaticamente, a BPW também passou a ser responsável pelas obrigações legais da Tara Sports. Ou seja, caberá ao dono da rede Supermercados BH aportar os R$ 350 milhões prometidos por Ronaldo inicialmente.
Em dezembro de 2021, o ídolo cruzeirense adquiriu a SAF celeste por R$ 400 milhões. Desses, apenas R$ 50 milhões foram injetados diretamente no clube. Em março do ano seguinte, quando o contrato foi ajustado, o ex-atacante passou a ser obrigado a investir o restante do valor em até cinco anos.
Os aportes de Ronaldo poderiam ser feitos de duas formas: investimento direto ou incremento de receitas com base na média do resultado da associação civil entre 2017 e 2021. Nesse período, o Cruzeiro teve média de faturamento bruto de R$ 220 milhões.
A receita incremental só seria aplicada caso a SAF superasse a média anual, o que não ocorreu no primeiro ano da ‘gestão Ronaldo’. Segundo o balanço financeiro da SAF em 2022, o Cruzeiro faturou R$ 150 milhões e, por isso, não houve ‘desconto’ na fortuna do Fenômeno.
Já o balanço do exercício de 2023 ainda não foi divulgado pela SAF. Dessa forma, ainda não é possível saber se houve alguma receita adicional.
Quanto o Fenômeno receberá pela SAF do Cruzeiro?
Embora tenha fechado a operação por R$ 500 milhões, Ronaldo não embolsará a totalidade do dinheiro. Isso porque Pedrinho assumiu a obrigação do ex-jogador com a associação, que, na teoria, seria de R$ 350 milhões.
Lourenço terá até 2026 para abater totalmente o débito deixado pelo ex-sócio majoritário do clube-empresa. E Ronaldo, que já havia recebido R$ 100 milhões do empresário em debêntures conversíveis, ficará com os R$ 50 milhões restantes do montante.
