CRUZEIRO

Ex-camisa 10 do Cruzeiro relembra salário mais alto da carreira: ‘Era lindo’

Wagner contou que ganhou mais dinheiro no período em que atuou na China. Em 2015, ele trocou o Fluminense pelo Tianjin Teda FC
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Aposentado do futebol desde 2022, Wagner relembrou o grande contrato da carreira. Em entrevista ao podcast Bochechando, do jornalista e apresentador Lauro Lopes, o ex-camisa 10 do Cruzeiro contou que ganhou mais dinheiro no período em que atuou na China. Em 2015, ele trocou o Fluminense pelo Tianjin Teda FC.

“Quando voltei da Turquia para o Fluminense, em 2012, fiz um projeto junto com um profissional que encontrei no Rio para me aposentar até o fim do contrato, em 2015. Tudo aquilo que ganhei mais esses quatro anos de contrato. Daí apareceu a China”, iniciou.

“Eu tinha proposta para renovar por mais quatro anos com o Fluminense para ganhar um salário bom que eu já tinha mais um acréscimo. Aí apareceu (a China). E lá fora era sem imposto. Era três vezes mais do que eu ganhava (no Fluminense). Fora os bichos (premiação em dinheiro por jogo). Pensei: ‘Meu Deus do céu. Se eu ficar dois anos, tudo aquilo que planejei, estou aposentado duas vezes mais para frente”.

Wagner, ex-meia de Cruzeiro e Fluminense

Wagner recordou o gol marcado pelo Fluminense na vitória por 2 a 1 sobre o Goiás, no Estádio Serra Dourada, em 28 de junho, pela nona rodada do Campeonato Brasileiro de 2015. Na reapresentação do elenco, o meia se reuniu com o então vice-presidente, Mário Bittencourt, e pediu para ser negociado. Além da oportunidade de alavancar os números da conta bancária na China, o atleta convivia com seis meses de salários atrasados no clube carioca em razão do fim do patrocínio da Unimed.

“Mário, a proposta é essa. Pelo amor de Deus, deixa eu ir! Não tem jeito não!’ Arruma uma compensação aqui, dá para o Fluminense. Ele tirou um pouco, eu tirei um pouco, o empresário tirou um pouco, o clube mandou. Aí nós fomos”, frisou o ex-jogador.

Em 2015, o site ge.globo informou que Wagner recebia cerca de R$ 300 mil no Fluminense. Assim, uma oferta três vezes maior do futebol chinês seria de no mínimo R$ 900 mil.

Wagner marcou 25 gols em 180 jogos pelo Fluminense (AFP PHOTO / RODRIGO BUENDIA)

‘Era lindo’

Segundo Wagner, os chineses eram muito pontuais no pagamento das remunerações. “Fiquei na China um ano e meio. Era lindo. Dois dias antes de vencer, já estava (na conta). O bicho era em dinheiro no vestiário. Era a coisa mais linda que tinha. Tudo certinho. Você jogava 30 jogos no ano. Eu mais vivi do que joguei futebol. Quem saiu naquela época fez ótimos contratos”.

O ex-meio-campista citou alguns jogadores do futebol brasileiro que construíram um bom pé-de-meia no país asiático. Wagner brincou que o atacante Muriqui, ex-Vasco e Atlético, “era mais famoso na China do que Michael Jordan (grande nome do basquete) no mundo”.

Muriqui se tornou grande referência no Guangzhou FC, pelo qual marcou 81 gols em 143 jogos. Outros nomes foram mencionados por Wagner, casos dos argentinos Darío Conca e Hernán Barcos, do boliviano Marcelo Moreno e dos brasileiros Diego Tardelli, Jadson, Elkeson e Lucas Fonseca.

Em um ano e meio no Tianjin Teda, da China, Wagner jogou 20 partidas e marcou dois gols (foto: Divulgação)

Arábia Saudita

Na contramão do que ocorria na China, Wagner não tem boas recordações do período na Arábia Saudita. Ele foi vendido pelo Cruzeiro ao Al-Ittihad, em janeiro de 2007, por 5,4 milhões de euros, mas retornou à Toca seis meses depois por causa de um calote de mais de 4 milhões de euros dos árabes ao clube celeste.

“Eram três parcelas com o Cruzeiro, porém eles pagaram apenas uma”, disse Wagner. Os jogadores também conviviam com atrasos salariais, visto que os árabes pagavam quando bem entendiam. “Todo final de mês era uma luta. Eu tinha que ir lá e brigar com o sheik. É cultural. Dinheiro eles têm, mas eles gostam de dever. É na hora dele, e não na sua”, completou.

Wagner disputou 15 jogos e marcou seis gols pelo Al-Ittihad. O clube se sagrou campeão saudita ao bater o Al-Hilal na final, por 2 a 1. Naquela época, a competição contava com 12 equipes se enfrentando em turno e returno (22 rodadas), e os quatro mais bem colocados se classificavam para as semifinais.

Wagner no Cruzeiro

Contratado em 2004 juntamente com o atacante Fred – ambos pertenciam ao América -, Wagner esteve em campo 219 vezes e marcou 36 gols pelo Cruzeiro. Ele viveu o auge técnico da carreira na Toca. “Consegui ser campeão (venceu os Mineiros de 2006, 2008 e 2009), cheguei à Seleção Brasileira e joguei da melhor maneira possível na posição em que mais gostava, a de camisa 10”.

O meia elegeu o título do Campeonato Mineiro de 2006, em que anotou o tento da vitória por 1 a 0 sobre o Ipatinga, como o mais marcante no clube. “O Ipatinga estava numa ascensão muito grande, tinha sido campeão em cima do Cruzeiro em 2005, todos falaram que eles iriam ganhar, que seriam bicampeões Então jogamos contra tudo e contra todos. Tínhamos um time muito bom, com Elber, Gil, Edu Dracena, Martinez, Fábio no gol. O time era muito bom”.

Wagner na Toca da Raposa 2 em 2009 (Jorge Gontijo/EM D.A Press)

Por outro lado, considerou a derrota para o Estudiantes, da Argentina, na final da Copa Libertadores de 2009, o momento mais difícil. “Decepção é algo que não gosto de usar no esporte. Mas foi um aprendizado. Todos nós passamos por aquilo, e foi uma dor imensa. Eu até quis parar de jogar futebol, mas você respira, olha para trás e vê todo o trabalho que foi feito. Então digo que foi uma cicatriz. Você leva e diz: ‘passei por aquilo ali”.

Em 2020, Wagner esteve perto de regressar ao Cruzeiro a pedido do técnico Adilson Batista, porém foi vetado pelo conselho gestor que administrava o clube. O jogador, então, transferiu-se para o Juventude, onde permaneceu até 2021. O ponto final da carreira foi em 2022, aos 37 anos, pelo Vila Nova de Goiás.

Revelado no América, Wagner também defendeu Lokomotiv (Rússia), Gaziantepspor (Turquia), Vasco e Al-Khor (Catar). O principal título da carreira do ex-armador foi o Campeonato Brasileiro de 2012, pelo Fluminense.

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