O vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões (Novo), subiu o tom contra o Palmeiras e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) após a decisão de que a partida entre o Cruzeiro e o Verdão, em Belo Horizonte, não terá a presença de público.
A determinação da CBF partiu de uma recomendação do Ministério Público de Minas Gerais para proibir a presença de palmeirenses no estádio. O órgão sugeriu a realização do jogo somente com cruzeirenses nas arquibancadas por causa dos episódios de violência entre torcedores dos clubes. Contudo, a entidade que organiza o futebol no Brasil definiu que o jogo não terá público para não punir o time paulista, que luta pelo título.
Cruzeiro e Palmeiras se enfrentam na quarta-feira (4/12), às 21h30, no Mineirão, pela 37ª rodada do Campeonato Brasileiro. Mateus Simões disse que o estado vai levar o caso à Justiça para que o jogo seja disputado apenas com torcedores do Cruzeiro.
“A gente recebe no governo com muita surpresa a manifestação da CBF e do Palmeiras. Desde os incidentes no jogo do Atlético, na Arena MRV, a gente vem avisando que providências teriam de ser tomadas para garantir a segurança de quem frequenta os jogos. Nós não temos nenhuma dúvida sobre as condições de segurança do Mineirão, e a nossa Polícia Militar é absolutamente capaz de garantir a segurança dentro do estádio, mas é importante a gente entender que não há nenhuma forma de se garantir a segurança de cada uma das pessoas que circulam na rua”, disse Simões.
“A presença de palmeirenses avulsos em Belo Horizonte vai representar um risco para eles mesmos considerando a atuação das torcidas organizadas ao longo dos últimos tempos. E aí, eu volto a dizer: está na hora de a gente repensar a própria existência das torcidas organizadas no Brasil, se é esse tipo de situação que nós vamos naturalizar”, acrescentou.
Simões ainda relembrou episódio de violência que provocou essa posição do MP contra torcedores do Palmeiras em jogos em Minas Gerais. Em outubro, integrantes da Mancha Verde, organizada do Palmeiras, fizeram emboscada contra membros da Máfia Azul, que apoiam o Cruzeiro, na Rodovia Fernão Dias, em Mariporã (SP), provocando a morte de um torcedor mineiro – carbonizado dentro de um ônibus incendiado. Ao todo, 12 integrantes da Máfia feridos.
“Não admito o tom que está sendo utilizado pelo Palmeiras dizendo que nós não garantimos a segurança no estádio. Volto a dizer: nós não estamos discutindo a segurança do estádio, mas é também inacreditável que a CBF pretenda ignorar o assassinato de um torcedor numa estrada, em São Paulo, há mais de um mês. Então, eu espero que a gente tenha tranquilidade para conduzir isso. O estado está judicializando a questão para que os precedentes da própria CBF sejam atendidos e que a gente tenha torcida única dentro do estado e não portões fechados”.
Simões destacou que jogos com “torcida única já ocorreram em vários momentos por ordem da própria CBF”.
“Nós temos inúmeros jogos no passado em que a decisão da CBF foi na direção da torcida única. E essa nossa recomendação, enquanto poder público, não tem porque prejudicar os torcedores do Cruzeiro e o futebol, fechando os portões do estádio, sendo que na verdade o nosso problema é especificamente com relação às torcidas organizadas”, afirmou.
Nota do Cruzeiro
O Cruzeiro se posicionou sobre a decisão da CBF. Em nota, o clube informou que a medida “penaliza injustamente a sua torcida e a instituição, em termos desportivos, pois o compromisso tem importância fundamental na busca por uma vaga na Copa Libertadores, e financeiramente, para além do Cruzeiro, mas também para todos os envolvidos no evento, como fornecedores e trabalhadores”.
- Leia, abaixo, a nota do Cruzeiro:
Sobre os recentes desdobramentos a respeito da situação da presença das torcidas na partida entre Cruzeiro e Palmeiras, nesta quarta-feira, às 21h30, no Mineirão, o Cruzeiro vem a público externar sua profunda insatisfação com a indicação para que o jogo aconteça de portões fechados.
O clube entende que a decisão em questão penaliza injustamente a sua torcida e a instituição, em termos desportivos, pois o compromisso tem importância fundamental na busca por uma vaga na Copa Libertadores, e financeiramente, para além do Cruzeiro, mas também para todos os envolvidos no evento, como fornecedores e trabalhadores.
Há dias, o Cruzeiro busca uma solução para o caso e mantém conversas ativas com o Governo do Estado de Minas Gerais, o Ministério Público, a Polícia Militar, a Confederação Brasileira de Futebol e com a Federação Mineira de Futebol.
O clube confia nos órgãos de segurança pública do Estado para garantir que o evento ocorra com a devida seguridade. Contudo, diante do acontecimento recente, o Cruzeiro se posicionou preocupado, exclusivamente, com a segurança dos torcedores e da população, tanto dentro quanto fora do estádio, mantendo sua forte posição contrária a qualquer ato de violência. Caso não haja essa garantia, o Cruzeiro concebe que a partida conte com a presença de, ao menos, sua torcida.
O clube reforça que o fechamento dos portões, com a ausência da Nação Azul, configura uma penalização indevida, referente a um episódio que não foi motivado por torcedores do Cruzeiro, além de representar um prejuízo para o esporte em sua essência. O clube acompanha ativamente o desenvolvimento desta situação e almeja um desfecho assertivo para o caso.