O técnico Fernando Diniz fez uma longa análise sobre a cobertura esportiva da imprensa e as decisões que envolvem os profissionais do mundo do futebol após a última partida do Cruzeiro na temporada.
O time celeste venceu o Juventude, por 1 a 0, neste domingo (8/12), no Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul-RS, pela 38ª rodada do Campeonato Brasileiro, mas ficou de fora da Copa Libertadores, porque dependia de um tropeço do Bahia, que bateu o Atlético-GO por 2 a 0.
Em um desabafo, Diniz disse que a imprensa quer apenas “audiência e sangue”, afastando-se de debater assuntos com mais profundidade. Ele destacou que se sentiu desrespeitado ao ser informado por um repórter de que seria demitido pelo Cruzeiro, como noticiou a reportagem de No Ataque durante a última semana.
“Aqui a imprensa sabe antes dos que os outros que estão dentro, porque a gente vive mais para fora do que para dentro. Porque para dentro não vale, vale só se ganhar o próximo jogo. Eu não vivo assim, eu acho medíocre viver assim. Eu luto a minha vida inteira por conta disso, eu não me resumo a um placar final de partida. Eu não sou campeão da Libertadores, eu sou muito mais do que campeão da Libertadores, eu sou uma pessoa. É isso que vocês têm que fazer com os jogadores. Agora o Tevis fez um gol, você vai exaltar. Se um dia ele perder dois gols, ele não presta mais. Como é que a gente quer mudança? Mudança do quê? A gente quer sangue e audiência, a gente não quer o melhor para ninguém, nem na sociedade, nem no futebol. Então, para mim, é um desrespeito muito grande, tá? Me sinto muito desrespeitado, muito”, disse.
Fernando Diniz criticou as decisões tomadas no futebol em função dos resultados.
“O futebol brasileiro é tudo muito imediato, a gente gosta muito de falar de uma coisa mais séria, mas nós somos levados quase que o tempo todo pelas emoções mais primitivas, elas permeiam, infelizmente, o meio do futebol, entram nos clubes, estão muito presentes na imprensa, que consegue ver tudo ruim quando o resultado não vem. Os resultados foram muito ruins, eles não são defensáveis, mas se vocês tiverem um pouquinho só de capricho, eu posso falar assim, jogo a jogo desde que eu cheguei aqui, que a gente era para ter resultados muito diferentes, então a gente tem trabalhado para ter resultados diferentes. Hoje, por exemplo, é um jogo em que a gente podia ter perdido, porque eles criaram chances. Mas o futebol é assim, e a gente fica vivendo essa cultura de resultado imediato, é um imediatismo muito grande, e acaba assim, desrespeitando os processos, e a gente fica caminhando para trás de maneira geral. O que é bom um dia, depois de uma semana já não é bom, e a gente vai trocando e fica correndo atrás do rabo. Eu procuro sempre que posso falar a respeito disso, quando ganha, quando perde, porque a gente não sabe reconhecer o que é bom”, afirmou.
O treinador ainda disse que melhorou o time, apesar dos resultados. Em 15 jogos no comando do Cruzeiro, Fernando Diniz alcançou três vitórias, seis empates e seis derrotas.
“A minha contratação é uma coisa que todo mundo falou na primeira entrevista que requer tempo. Aí vocês falam que requer tempo, mas são os primeiros, quando alguma coisa dá errado, a começar a reclamar de tudo, porque o resultado não vem, mas não é por conta do desempenho, porque o treinador de futebol não pode garantir resultados, ele pode garantir melhora de desempenho. Eu acho que os jogadores melhoraram de maneira geral com o meu trabalho”, frisou.