CRUZEIRO

Ex-dirigente lamenta perdas do Cruzeiro: ‘Quase 100 milhões de euros’

O empresário Bruno Vicintin, dono do Santa Clara, de Portugal, e ex-vice-presidente de futebol do Cruzeiro, comentou duas grandes perdas do clube celeste no mercado de passes nos últimos anos
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Ex-vice-presidente de futebol do Cruzeiro na gestão Gilvan de Pinho Tavares, o empresário Bruno Vicintin lamentou que o clube celeste tenha ‘perdido’ Estêvão para o Palmeiras e Vitor Roque para o Athletico-PR.

Conhecido no Cruzeiro como Messinho, Estêvão foi vendido pelo Palmeiras por 45 milhões de euros fixos e 16,5 milhões de euros em metas – R$ 358 milhões ao todo – para o Chelsea no ano passado.

Em entrevista à ESPN, Vicintin relembrou que o Santos chegou a ‘tomar’ Estêvão do Cruzeiro, mas a direção celeste evitou a perda.

“Ele (Estêvão) tinha 11, 12 anos ele aparece no Cruzeiro e, abaixo de 14 anos eram as escolinhas do clube, dos 14 para cima era o departamento de futebol. E aí chega o cara do clube e fala assim: ‘olha, tem um fenômeno de 12 anos aqui no clube’. Eu falo assim: ‘gente, fenômeno de 12 anos, todo dia um me liga falando que tem um fenômeno de 12 anos’. O Klauss foi lá ver e falou assim: ‘Bruno, ele é fenômeno, esse menino é o Neymar’. Eu virei e falei assim: ‘pô, se ele é o Neymar, tem que cuidar dele, né? Cuidar da família e tal’. Nisso o Santos vem e pega a família e o menino e os leva para Santos. Ele estava em Santos e tem um movimento dos clubes, um acordo dos clubes do Movimento por um Futebol Melhor”, disse.

“O Klauss me chama e fala assim: ‘Bruno, eu vou denunciar o Santos no Movimento por um Futebol Melhor, tem que punir o Santos, tem que devolver o jogador para a gente. Eu era diretor de futebol do Cruzeiro e estava preocupado em ganhar do Atlético, falei assim: ‘Klauss, vale mesmo essa briga por um menino de 12 anos’. Ele falou assim: ‘Olha, nós podemos ser responsáveis pelo Neymar sair do Cruzeiro.’ Eu falei assim: ‘Então briga com o Santos’. Aí a gente entra em guerra com o Santos, denuncia o Santos, o Santos devolve o garoto. Ele assina o contrato de patrocínio, porque abaixo de 14 anos tinha que ser um contrato de patrocínio, pra depois assinar contrato de formação”, acrescentou.

Escândalo na gestão Wagner Pires

Aos 14 anos, Estêvão foi registrado pelo Palmeiras no BID em maio de 2021. Pai do garoto, Ivo Gonçalves afirmou que a direção do Cruzeiro deixou de cumprir inúmeras promessas. “Infelizmente, não foi possível dar continuidade ao trabalho”, lamentou. O clube era presidido por Sérgio Santos Rodrigues.

Estêvão foi um dos temas de reportagem exibida pelo Fantástico, da TV Globo, em maio de 2019. Na ocasião, a emissora revelou que o Cruzeiro, então administrado por Wagner Pires de Sá, cedeu 20% de supostos direitos econômicos da criança ao empresário Cristiano Richard dos Santos Machado.

A comercialização dos direitos econômicos da criança não poderia ter acontecido. Inicialmente, porque a Fifa determinou, em 2015, que apenas clubes e jogadores podem ter partes de direitos econômicos. Depois, porque revelações só podem assinar contratos profissionais com os clubes a partir dos 16 anos. 

Mesmo após a repercussão extremamente negativa sobre a comercialização desses ‘direitos’, o Cruzeiro voltou a negociar, em 1º de junho de 2019, outros 15% do ‘passe’ da criança. A transação foi feita com o Estrela Sports Ltda, do então conselheiro Fernando Ribeiro de Morais. As negociação acabaram desfeitas.

Vitor Roque

Pouco depois, em abril de 2022, o Cruzeiro ‘perdeu’ Vitor Roque para o Athletico-PR, que pagou a multa rescisória de R$ 24 milhões ao clube celeste, então administrado por Ronaldo Fenômeno.

Em dezembro de 2023, o Furacão vendeu o jogador ao Barcelona por 40 milhões de euros (213,4 milhões na época), além de
bônus de 21 milhões de euros (R$ 112 milhões).

“Eu vejo isso com muita tristeza (o Cruzeiro ter perdido os jogadores). O João Paulo, grande amigo que eu tenho, diretor do Palmeiras, falou comigo: ‘Pela primeira vez eu tenho a chance de trabalhar com um jogador que pode ser o melhor do mundo. E ele estava com vocês, que é o Estêvão’. Eu falei assim: ‘pô, o tanto de jogador que o João Paulo formou, então eu tava falando hoje, o Cruzeiro perdeu o Vitor Roque e o Estêvão, é quase 100 milhões de euros”, disse.

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