Praticamente adaptado ao Copenhagen FC, da Dinamarca, Robert relembrou parte da trajetória no Cruzeiro. O atacante de 19 anos citou a importância do técnico Pepa e de outros profissionais na carreira, declarou-se ao clube formador e comentou a transferência à Europa em entrevista ao podcast Futebol no Mundo.
O começo da carreira profissional
Em 2023, aos 18 anos, Robert estava aflito devido a uma lesão que o tirou da primeira fase do Campeonato Brasileiro da categoria. Quando se recuperou, fez bons jogos no início do Campeonato Mineiro Sub-20 e chamou a atenção de Pepa, à época técnico da equipe principal.
O nome da jovem promessa passou a ecoar nos corredores da Toca da Raposa. Naquele momento, controlar a ansiedade se tornou um desafio, e D’Alessandro, antigo coordenador de futebol, foi fundamental.
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“Pepa começou a comentar, começou a surgir esse papo. Na época, o D’Alessandro foi um cara que me ajudou muito. Toda hora vinha conversar comigo sobre essa possibilidade”, detalhou o atacante.
A aflição tomou conta de Robert quando, ainda pelas categorias de base, não teve atuação de destaque em uma partida realizada em Três Corações. No fim das contas, o pouco tempo em campo o ajudou.
“Voltei para BH bravo comigo. E logo no dia seguinte teve um coletivo contra o profissional. Como me tiraram no intervalo, acabei jogando esse coletivo contra o profissional. E joguei, treinei muito bem, fiz gol. Depois, ficou mais claro, e o Pepa me puxou para treinar”, continuou.
O atacante seguiu firme na rotina dos profissionais até que foi relacionado para o primeiro jogo. Em 10 de junho, ele não entrou em campo no empate por 2 a 2 com o Bahia, na Fonte Nova, em Salvador, pela 10ª rodada do Campeonato Brasileiro, mas sentiu a emoção de participar.
‘Sou cruzeirense’
Na quinta partida integrando a lista de convocados, Robert estreou. O cria da Toca substituiu Stênio aos 17 minutos do segundo tempo na vitória por 1 a 0 sobre o Vasco, em São Januário, no Rio de Janeiro, em 8 de julho, pela 14ª rodada da Série A. Aquele momento ficou eternizado.
“Eu lembro certinho de praticamente tudo. Do treinador vindo falar comigo no intervalo ‘Ó, se prepara que você vai entrar’. Deu nervoso, aquecendo com a bola. O estádio estava sem torcida, sabe? E eu fico pensando até hoje se isso foi bom ou se foi ruim porque acaba que você escuta mais os xingos, o treinador e tudo. Mas, realmente, foi um dia que passou um filme na cabeça”, comentou.
Na sequência, o atacante natural de Pirapora, no Norte de Minas Gerais, declarou-se ao clube que o recebeu aos 11 anos: “Eu sou cruzeirense, sempre falei de ir aos jogos no Mineirão e sempre tive vontade de de estar ali, de jogar, de representar aquela torcida. Foi um dia muito especial”.
Robert também mencionou nomes de companheiros que foram fundamentais no caminho para se tornar profissional. Ele recebeu conselhos do volante Matheus Jussa, atualmente no Shanghai Port, da China, do meio-campista Wallisson, hoje no Athletic, do zagueiro Reynaldo, defensor do Remo, e outros.
Na visão do atleta, o ‘jeitinho mineiro’ fez diferença para que ele conseguisse conquistar espaço: “Comendo pelas beiradas. Eu procurava aprender ao máximo. A gente tem uma boca e duas orelhas. É para escutar mais mesmo, para aprender. Acho que com meu trabalho dentro de campo e essas coisas de fora… fui ganhando mais confiança”.
A transferência à Europa
Em 6 de agosto do ano passado, o Copenhagen anunciou a contratação de Robert por empréstimo. Ele deixou a Raposa com 30 partidas no currículo – a última em 20 de julho de 2024, na derrota por 2 a 0 para o Palmeiras, no Allianz Parque, em São Paulo, pela 18ª rodada da Primeira Divisão -, marcou um gol e deu uma assistência.
O único tento pelo clube celeste teve grande importância. Em novembro de 2023, o Cruzeiro viajou ao Serrinha, em Goiânia, para enfrentar o Goiás, pela 35ª rodada do Brasileiro. O gol de Robert deu vitória por 1 a 0 ao clube mineiro e a chance de se manter vivo na luta contra o descenso.
Robert detalhou que soube do interesse dos dinamarqueses apenas uma semana antes de selarem os negócios: “Foi um intervalo muito pouco de tempo. Comentaram comigo, com meu staff e meu pai, porque eu costumo só focar dentro de campo… Falaram ‘Ó, tem a possibilidade de você ir’. A partir desse momento, eu coloquei nas mãos de deus”.
Em 20 de janeiro deste ano, o Copenhagen anunciou a compra de 85% dos direitos do atleta por 2,5 milhões de euros – partes assinaram vínculo até junho de 2029. Na despedida, disse que ‘parte de mim sempre será azul’.
A passagem pelo Copenhagen
Robert não chegou à Dinamarca ‘com o pé na porta’. O atacante precisou de tempo para se adaptar e estreou, como reserva, apenas na quinta partida. Até o fim de outubro, iniciou apenas três das 18 partidas como titular – no período, deu três assistências.
Em novembro, o brasileiro engrenou. Atuou como titular em seis de oito confrontos e marcou dois gols – um deles, na vitória por 1 a 0 sobre o Kolding IF, em 15 de dezembro, garantiu o Copenhagen na semifinal da Taça da Dinamarca, a ser disputada no fim de abril e no início de maio.
Robert e cia voltam a campo após recesso de fim de ano na próxima quarta-feira (13/2), contra o FC Heidenheim, às 17h, pelos playoffs da Liga Conferência. Enquanto isso, o cria da Toca da Raposa tenta se acostumar com o inverno europeu e com os dias escuros, já que, nesta época do ano, o sol se vai antes do fim da tarde.
