Ex-técnico do Cruzeiro, Fernando Diniz desabafou sobre a saída do clube nesta quarta-feira (12/2). O treinador falou sobre o impacto dos resultados negativos e afirmou ter tido “aprovação de quase 100%”, minada rapidamente.
Em entrevista ao Charla Podcast, Diniz afirmou que diretorias de clubes não devem tomar as decisões totalmente baseadas na opinião da torcida. Ressaltou que a voz dos torcedores deve, sim, ser relevante, mas não pode comandar o que acontece internamente.
A gente tem que ouvir a torcida, entender e trabalhar para entregar o que a torcida quer. Não é ser comandado pelo que vem de fora. Se não você muda toda hora. Quando a gente foi jogar a final da Sul-Americana (contra o Racing), eu tinha uma aprovação de quase 100% da torcida. Aí passou um mês e ficou ao contrário.
Fernando Diniz, ex-técnico do Cruzeiro
Ele ainda criticou o fato de as avaliações de trabalho no futebol estarem sempre atreladas a resultados. “Na minha opinião, você não pode achar que ganhar é a única coisa que tem. Se não você perde e acabou, não tem mais nada. É um processo de aprender a ganhar”, disse o treinador.
Diniz fala sobre reta final no Cruzeiro
Fernando Diniz deixou o Cruzeiro com aproveitamento de apenas 35% – foram quatro vitórias, nove empates e sete derrotas em 20 partidas. O técnico assumiu o time em setembro de 2024 e foi demitido em janeiro deste ano.
“O Cruzeiro empatou muitos jogos. Eu acho que metade dos jogos que joguei no Cruzeiro empatamos, mas em muitos poderia ter ganhado. Não que o Cruzeiro foi brilhante, porque não foi. Na realidade, não teve nenhum momento de brilhantismo – coisa que sempre aconteceu na minha carreira”, desabafou.
Apesar do desempenho e resultado ruins, ele afirmou que o trabalho tático evoluiu rapidamente com a equipe, e os jogadores melhoraram nos conceitos propostos.
“No fundo, o cara contrata e quer resultado e, quase sempre, resultado imediato. Às vezes, muda de uma quarta-feira para outra. Agora, no Cruzeiro, aconteceu isso. A gente jogou contra o Atlético no sábado. Jogou bem, era para ter vencido, acho que pelo menos de uns 2 a 0. Aí a gente viajou e jogou bem no domingo com um time mexido, ganhamos de 1 a 0 do Tombense”, relatou Diniz.
O treinador mencionou o imediatismo e a cobrança por resultados rápidos como pontos centrais da demissão. Para ele, a derrota para o Athletic, por 1 a 0, “contaminou o ambiente” e dificultou o seguimento do trabalho.
“Depois teve um jogo ruim contra o Athletic, que é um bom time. Está na Série B, voltou a treinar antes e tal. O normal era ganhar, mas foi um tropeço igual todo mundo vai ter. Aí já contaminou o ambiente para sábado e de uma semana para outra teve o desligamento. Eu me relacionei bem com as pessoas do Cruzeiro, mas esse é um tipo de coisa muito impregnada no futebol, o resultado imediato”, ressaltou Fernando Diniz.