
O Cruzeiro divulgou nesta quarta-feira (23/4) os demonstrativos financeiros de 2024 da Sociedade Anônima de Futebol. No relatório, é possível ver que houve um aumento nas receitas, mas também na dívida, que beira R$ 1 bilhão. Veja, abaixo, os principais números do balanço.
De janeiro de 2022 a abril de 2024, a SAF celeste foi gerida pelo ex-centroavante Ronaldo Nazário. Ele possuía 90% das ações do clube. Em 29/4 do ano passado, o Fenômeno anunciou a venda desse percentual para o empresário Pedro Lourenço, dono da rede Supermercados BH.
Pedrinho assumiu de forma imediata a gestão da Raposa, em diretoria composta também pelo vice-presidente Pedro Junio e o CEO Alexandre Mattos. Os 10% restantes da SAF pertencem à associação, que é presidida pelo médico Lidson Potsch.
Receitas do Cruzeiro em 2024
Em 2024, o Cruzeiro teve uma receita operacional líquida de R$ 282,713 milhões – um aumento em relação aos R$ 207,683 milhões registrados no ano anterior. Somadas as receitas dos dois anos, a SAF superou de forma antecipada os R$ 350 milhões previstos no acordo de acionistas, que tinha como data limite 2027.
A maior fonte de renda do clube em 2024 foi direitos de transmissão e premiações. O Cruzeiro foi vice-campeão do Campeonato Mineiro, eliminado na primeira fase da Copa do Brasil, vice-campeão da Copa Sul-Americana e nono colocado do Campeonato Brasileiro.
O clube também registrou aumento nas receitas referentes a patrocínios, bilheteria, royalties e licenciamento e no programa Sócio 5 Estrelas.
Principais receitas do Cruzeiro
- Direitos de transmissão e premiações: R$ 138,1 milhões
- Patrocínios: R$ 57,9 milhões
- Bilheteria: R$ 51,1 milhões
- Sócio Torcedor: R$ 32,4 milhões
- Royalties e licenciamentos: R$ 15,4 milhões
- Mecanismo de solidariedade FIFA: R$ 10,9 milhões
Despesas e prejuízo do Cruzeiro em 2024
Ao mesmo tempo em que fez crescer as receitas, o Cruzeiro aumentou as despesas. A temporada passada contou com investimento de mais de R$ 200 milhões para o elenco masculino, além do pagamento de direitos de imagem e encargos trabalhistas.
A SAF pagou ainda R$ 37,5 milhões referentes ao plano de Recuperação Judicial da associação civil.
Ao todo, o custo das atividades esportivas passou de R$ 176 milhões, em 2023, para R$ 395 milhões, em 2024. Com isso, o clube-empresa teve déficit de quase R$ 170 milhões no ano passado.
Passivo do Cruzeiro cresce
O patrimônio líquido da SAF subiu de R$ 348 milhões para R$ 363 milhões ao fim do último ano. Simultaneamente, o passivo do clube também cresceu, passando de R$ 903 milhões para R$ 1,31 bilhão.
O passivo circulante – ou seja, obrigações com prazos curtos – passou de R$ 193 milhões em 2023 para R$ 336 milhões em 2024.
Já o passivo não circulante (prazos de pagamento superiores a um ano) alcançou R$ 974 milhões – era de R$ 709 milhões um ano antes.
O tamanho da dívida
Para calcular a dívida do Cruzeiro, é preciso deduzir do passivo total (R$ 1,3 bilhão) os valores declarados pelo clube em ativos circulante (R$ 76,5 milhões) e não circulante (R$ 253 milhões).
Desse modo, o endividamento do clube em 31 de dezembro de 2024 era de R$ 981 milhões. Ao fim de 2023, o montante estava próximo de R$ 750 milhões.
Grande parte das obrigações está atrelada à recuperação judicial da asssociação civil, na ordem de R$ 590 milhões, e da compra das Tocas da Raposa 1 e 2, acima de R$ 200 milhões.
Evolução da dívida de 2017 a 2024
- 2024: R$ 981 milhões
- 2023: R$ 749,2 milhões
- 2022: R$ 1,052 bilhão
- 2021: R$ 970 milhões
- 2020: R$ 898 milhões
- 2019: R$ 804 milhões
- 2018: R$ 533 milhões
- 2017: R$ 371 milhões