
O técnico Fernando Diniz defendeu a montagem do elenco do Cruzeiro nesta temporada. Ele afirmou que participou das indicações e disse que, no Brasil, o plantel só é considerado bom se for campeão. Além disso, o treinador admitiu que o seu trabalho não funcionou na Toca da Raposa II.
Sobre o elenco, muitos jornalistas criticam a diretoria celeste por ter apostado em atletas caros e que não vivem o auge da carreira, casos de Dudu, Gabigol e Cássio.
“Foi (a montagem do elenco foi uma parceria com a direção). Eu não posso falar disso. Poucos jogadores eu que indiquei, teve um dos jogadores que já veio por parte da direção. Acho que foi um elenco bem montado, só que é uma coisa que depende, você vai falar se é bom se der resultado, se ganhar jogo”, disse Diniz, em entrevista ao portal ge.
O treinador disse que não sente remorso pela passagem pelo clube. Contratado em setembro de 2024 e demitido em janeiro de 2025, Diniz comandou o Cruzeiro em 20 jogos: quatro vitórias, nove empates e sete derrotas – 35% de aproveitamento.
“Arrependimento eu não tenho de nada, pelo contrário, porque às vezes os trabalhos que você não consegue executar acabam gerando um monte de aprendizado, e para mim é o que vale. Mas um trabalho recente que não aconteceu foi o Cruzeiro. No Cruzeiro não teve nenhum momento brilhante. Em todo lugar que eu fui desde o começo da minha carreira teve pelo menos um momento brilhante, de ganhar quatro ou cinco jogos seguidos, fazer goleadas. O Cruzeiro era muito trabalho, eu trabalhei muita coisa, muito, e o time às vezes jogava bem, não ganhava. E as vitórias sempre geram um pouco mais de confiança. Foi um trabalho estagnado”, admitiu.
Ele ainda comentou o desabafo feito após a vitória do Cruzeiro sobre o Juventude, por 1 a 0, pelo Campeonato Brasileiro do ano passado.
“No fundo, naquele momento ali foi uma luta para permanecer, né? Eu falei o que queria, expus muito claramente as coisas que achava que eram equivocadas. No futebol a gente adoece e padece desse mal. Para mim, é meio inconcebível, o trabalho para mim não funciona, e no Cruzeiro não funcionaria comigo. Porque existe uma diferença muito grande daquilo que eu penso e que as pessoas talvez estejam por cima de mim pensam. Não dá para chegar na quinta-feira e falar assim: ‘Está tudo certo, isso aqui vai dar certo’. Nós empatamos um jogo contra o Grêmio, jogamos muito melhor, mas ficou 1 a 1. Aí passam mais dois jogos e na outra quinta-feira já mudou tudo”, disse.
“É aquilo que eu luto a minha vida inteira contra: as pessoas não te enxergam no futebol, as pessoas só enxergam o resultado do final do jogo. E aí tem os comentaristas do placar final do jogo. A gente não consegue reconhecer quem é ético, quem trabalha, quem é talentoso e quem é bom. Você só é bom e só é talentoso se você ganha o jogo. Isso que eu falo o negócio da vitória, que associam que eu não valorizo as vitórias. Não! Isso é perder! Quem ganha desse jeito é perder. O cara nem sabe porque ele está ganhando, porque ele não sabe o que é bom”, acrescentou.
Por fim, Diniz explicou por que aceitou continuar em 2025 mesmo sabendo que a qualquer momento seria demitido.
“Eu tenho uma inocência, tenho uma mania de achar que as pessoas podem se convencer daquilo que é legal, sabe? Daquilo que é bom. Eu procuro fazer aquilo que é bom. Eu procuro fazer o melhor para as pessoas, me dedico muito para o futebol, para que a vida tenha sentido para quem joga futebol, para quem assiste futebol, e eu tenho um comprometimento total para o futebol na minha vida. Mas, para trabalhar comigo, não dá para você ter esse grau de profundidade e a outra ser assim: “perdeu, está fora”. Infelizmente foi isso que aconteceu, mas eu lutei para que aquilo pudesse dar certo, porque eu acabo me envolvendo com jogador, tento ajudar, via gente que estava evoluindo e sempre pode dar certo. Só que não dá para fazer sozinho, não faz. Não tenho pretensão de fazer sozinho”.