Audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) debateu, nesta quinta-feira (29/5), a possibilidade da retirada das cadeiras do Setor Amarelo Inferior e Superior do Mineirão, em Belo Horizonte. O Cruzeiro e a Minas Arena, administradora do estádio, concordaram com o apelo público dos torcedores celestes.
Posicionamento do Cruzeiro
Marcone Barbosa, diretor de marketing e comercial do Cruzeiro, disse que o clube tem o interesse de ouvir os fãs que ocupam o setor e detalhou o pensamento do clube.
“A retirada das cadeiras, o principal fator é atender o apelo do público que frequenta o setor… É primeira vez que as partes envolvidas têm convergência no pensamento. O público que frequenta deseja a retirada, o Cruzeiro não tem a menor oposição a isso, apoia e incentiva que isso aconteça, e a Minas Arena, pelo que conversamos, não tem nenhuma oposição, exceto, claro, pelas questões operacionais, de acessibilidade, rota de fuga, custo… tudo precisará ser debatido para chegarmos à solução que todos querem, que é a retirada das cadeiras”
Marcone Barbosa, diretor de marketing e comercial do Cruzeiro
Anteriormente, a engenheira Jacqueline Alves, diretora da Minas Arena, havia explicado que o projeto faz bem aos cofres do Cruzeiro, que precisa lidar com os danos estruturais do Mineirão após as partidas. Marcone Barbosa reiterou e citou valor: “Só nesta temporada, gastamos próximo de R$ 200 mil com pagamento de danos pós-jogo. Não é um valor exclusivo das cadeiras, há outras questões, mas as cadeiras são os bens que precisam ser reparados de forma mais recorrente. A retirada vai diminuir uma peça importante e pode contribuir para diminuir o custo operacional do estádio”.
Marcone Barbosa garantiu que o Cruzeiro não tem interesse em se opor ao projeto e falou em nome de Pedro Lourenço, sócio majoritário da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) do clube.
“O estádio tem oito setores, são oito espaços que podem abrigar todo todo tipo de público, não tem motivo para que a gente não possa trabalhar um espaço especifico para o torcedor que quer assistir ao jogo em pé e ter uma festa mais efusiva… A posição do clube, do nosso presidente, é amplamente favorável à retirada das cadeiras no setor amarelo. Vamos avaliar todo o contexto envolvido nisso”
Marcone Barbosa, diretor de marketing e comercial do Cruzeiro
Posicionamento da Minas Arena
Jacqueline Alves explicou que, por se tratar de uma concessão, a empresa não estava liberada para atender ao pedido dos torcedores. No entanto, o aumento na demanda fez com que a Sociedade de Propósito Específico (SPE) se movimentasse em busca de um consultor para o estudo da viabilização do processo.
A diretora detalhou que o estudo está em vigor e garantiu que o interesse do Minas Arena coincide com o do Cruzeiro e o da torcida: “Ele (o consultor) já está até trabalhando nisso. Nossa maior preocupação é com a segurança… A gente vai trabalhar para que isso dê certo, todos nós estamos no mesmo caminho”.
Ainda segundo Jaqueline, o profissional responsável pelo estudo realiza avaliação para viabilidade técnica da arquibancada, das barreiras antiesmagamento e da quantidade de público do setor – e se ele está apto para o aumento. Há preocupações com saída de emergência, ocupação (não pode exceder 20% da lotação total), avaliação estrutural quanto a carga, necessidade ou não do aumento de catracas e avaliação do dimensionamento de sanitários.
Além desse relatório e dos projetos técnicos, alguns órgãos precisam aprovar o estudo. São eles o Governo do Estado de Minas Gerais, a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA), e o Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Belo Horizonte (COPCM-BH).
Caso os órgãos aprovem, precisam dar ao estádio um novo Laudo de Segurança e a Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB).
Paralelamente a isso, a Minas Arena faz um orçamento para calcular o custo para a retirada das cadeiras e, posteriormente, a reinstalação. O Mineirão vai receber, em 2027, a Copa do Mundo Feminina, e a Federação Internacional de Futebol (Fifa) exige que os estádios sedes tenham cadeiras.
Preços do Setor Amarelo
A previsão inicial, segundo Marcone Barbosa, é de que os preços do setor sigam como são – média de R$ 30: “A retirada das cadeiras não vai significar redução dos valores dos ingressos. A gente entende que é um preço acessivo. Óbvio que podemos fazer novos estudos e buscar outras soluções para reduzir o preço, mas já é um valor bem reduzido, e ainda não cobre o custo operacional do jogo… O Mineirão tem o Setor Amarelo e o Laranja, com cerca de 13 mil bilhetes em casa, cerca de 42% da capacidade do estádio com preços a R$ 30, ou seja, o Cruzeiro já entrega um preço popular.
Jacqueline Alves explicou, também, que o público não poderá ultrapassar 20% do total da capacidade.
Debate em audiência pública
É de autoria do deputado Professor Cleiton (PV) o requerimento para a audiência pública sobre a possibilidade de um setor sem cadeiras no Mineirão. Com as sinalizações favoráveis, a discussão caminhará para que as partes pensem na viabilização.