
A afirmação do time feminino do Cruzeiro no cenário nacional, com a campanha invicta na Série A1 do Campeonato Brasileiro Feminino, veio acompanhada de um reforço especial fora de campo: o atacante Gabigol. Um dos principais nomes da equipe masculina, o camisa 9 se posicionou como um ferrenho torcedor das Cabulosas. Mais do que isso: se tornou um ‘embaixador’ da modalidade e, desde a apresentação, no Mineirão, vem protagonizando uma tabelinha com Byanca Brasil que é considerada case de sucesso na Toca da Raposa.
Essa afinidade entre os ídolos aconteceu de forma bem orgânica, explica a diretora do futebol feminino celeste, Bárbara Fonseca.
“Esse movimento que o Gabriel faz em falar que gosta e acompanha e ter esse intercâmbio com a Byanca é sincero. Não é uma pauta que a gente quer vender. É genuíno, e é muito potente”, diz a dirigente.
Bárbara revela, inclusive, que essa tabelinha deve impulsionar outras iniciativas no clube, entre atletas das equipes feminina e masculina. Vai além: deveria se expandir até para fora dos muros celestes: “A gente entende que precisa pulverizar isso. Outros atletas do profissional masculino precisam se conectar cada vez mais com o futebol feminino, não só do Cruzeiro. Especial se for, porque a gente veste a mesma camisa, mas se conectar com o futebol e disseminar cada vez mais que gosta, acompanha e que é um produto interessante”.
Essa maior integração entre atletas, entende a diretora do clube, ajudaria a derrubar barreiras ainda encontradas pelo futebol feminino em um meio que permanece permeado de traços machistas. E ela exemplifica citando o impacto da própria atuação de Gabigol.
“Isso é muito potente. O cara forma opiniões. Imagina só ele falando com as pessoas ‘Pôxa, sou um homem, jogador de futebol e acompanho o futebol feminino’. Aquele cara arcaico, machista que está sentado no sofá, pensa: ‘Que bobeira, né? Por que a gente não pode gostar de futebol feminino?’. Isso é de uma potência, isso acontece, é real”, comenta.
Gabigol e o futebol feminino
Bárbara confidenciou, inclusive, como foi a primeira conversa com Gabi e revelou a origem da admiração dele pelo futebol feminino.
“Eu já sabia, antes de o Gabigol chegar, que ele gostava de futebol feminino. Em uma das primeiras oportunidades que a gente teve de estar na estrutura da Toca 2, o masculino e o feminino, ele acabou o treino, saiu e se sentou na beira do campo para assistir ao nosso treino. Eu me sentei ao lado dele, e ele contou de onde vem a paixão. Ainda guri, nas categorias de base do Santos, ele olhava para o lado e estavam as Sereias da Vila treinando, fizeram história no futebol feminino. Dali ele criou essa conexão. Olha que legal”, conta a dirigente.
Ela usa esse episódio até como analogia para o Cruzeiro – a equipe feminina treina na Toca 1, ao lado das categorias de base celestes: “Isso que a gente faz aqui, de um menino de 10 anos estar chutando uma bola e ali estar Byanca Brasil, Letícia, Vanessa, Marília… Ele já olha e fala: ‘Nossa, aquelas meninas jogam bola demais’. Pede para tirar foto, pede camisa. Isso que a gente planta aqui vai durar a vida toda desse menino. Se vai virar atleta profissional ou não, a sementinha está dentro dele”.
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A volta de Byanca Brasil aos campos
Em recuperação de lesão ligamentar no tornozelo esquerdo, Byanca Brasil está sendo preparada para voltar ao time para as quartas de final do Brasileiro feminino.
Ela se machucou no triunfo por 2 a 1 sobre a Ferroviária, em 17 de maio, pela 13ª rodada do torneio nacional. No dia, deixou o gramado do Castor Cifuentes, ainda no primeiro tempo, às lágrimas, após disputa de bola com a lateral Fátima Dutra.
Bárbara conta que a estratégia adotada inicialmente para o tratamento não surtiu efeito positivo, mas a segunda abordagem tem dado certo.
“Ela tem um trauma, uma lesão aguda no ligamento. Iniciamos uma primeira tentativa de tratamento que não respondeu muito bem. Ela está no segundo momento de um tratamento conservador, e a gente vai avançar por alguns dias. Teve uma melhora significativa na neutralização da dor. Ela já não sente tanta dor como antes, o que pode significar uma cicatrização avançada. A gente precisa de mais alguns dias nesse tratamento para voltar a repetir o exame e ver como está a condição dela”, explica a diretora.
O momento do Cruzeiro no Brasileiro, com a classificação antecipada foi um trunfo, pois deu tranquilidade ao departamento médico para trabalhar Byanca sem pressa e entregá-la nas fases finais na melhor condição.
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Cruzeiro no Brasileiro
Líder do Brasileiro, com 32 pontos, 10 vitórias e dois empates, o Cruzeiro já está garantido no mata-mata. Almeja, agora, confirmar a classificação como líder geral. Para isso, basta somar três pontos nos próximos três compromissos: contra 3B da Amazônia, Sport e Corinthians, nessa ordem.
O duelo com o 3B da Amazônia, que abre essa sequência, será neste sábado (7/6), às 15h, na Arena Gregorão, em Contagem, pela 13ª rodada.
Caso avancem em primeiro lugar, as Cabulosas enfrentarão o oitavo colocado nas quartas de final. Além disso, poderão mandar as partidas de volta do mata-mata como mandante.
No segundo jogo da final, atua em casa a equipe que tiver a melhor campanha em todas as fases.
Datas-base do Brasileiro
- Primeira fase: 22 de março a 18 de junho
- Quartas de final: 10 e 17 de agosto
- Semifinais: 24 e 31 de agosto
- Finais: 7 e 14 de setembro