
O Cruzeiro registrou crescimento expressivo em suas receitas de 2023 para 2024. De acordo com as demonstrações financeiras da Sociedade Anônima do Futebol, o faturamento subiu 46%, de R$ 255,1 milhões para R$ 371,5 milhões. Os números constam no Relatório Convocados, elaborado pelo economista César Grafietti e patrocinado pela Galapagos Capital.
Do valor arrecadado em 2024, 22% saíram dos bolsos dos torcedores que comparecem ao Mineirão e/ou são vinculados ao programa Sócio 5 Estrelas. Os adeptos celestes proporcionaram R$ 83,5 milhões ao clube, um aumento de 34% em relação a 2023, quando as cifras fecharam em R$ 62,5 milhões.
Entre os 20 times que disputaram a Série A em 2024, o Cruzeiro obteve o 11º maior ganho em “matchday” – R$ 32 milhões com as mensalidades do sócio e R$ 51 milhões em ingressos vendidos. Dos 31 jogos (um sem público por determinação da CBF), 26 foram no Mineirão, três no Independência, um na Arena do Jacaré (Sete Lagoas) e um no Kleber Andrade (Cariacica-ES).
A campanha do Cruzeiro na Copa Sul-Americana atraiu os torcedores ao Gigante da Pampulha. Quatro das seis partidas receberam mais de 50 mil torcedores. A renda bruta com bilheteria no torneio foi de R$ 14,7 milhões.
Na Sula de 2024, a Raposa liderou o grupo com Universidad Católica (Equador), Unión La Calera (Chile) e Alianza (Colômbia). Nos mata-matas, passou por Boca Juniors (Argentina), Libertad (Paraguai) e Lanús (Argentina). Na final, perdeu para o Racing (Argentina) por 3 a 1, em jogo único em Assunção, no Paraguai.
Projeção para 2025
Em 2025, o Cruzeiro já movimentou R$ 24 milhões em comercialização de ingressos, sem considerar as mensalidades pagas pelos mais de 80 mil sócios. O montante deve aumentar significativamente ao longo do ano, levando em conta o bom início no Brasileirão (vice-líder, com 23 pontos) e a ida às oitavas de final da Copa do Brasil (enfrentará o CRB, clube da Série B).
Nos jogos contra Flamengo (2 a 1), Atlético (0 a 0) e Palmeiras (2 a 1), as rendas ultrapassaram R$ 3 milhões. O portal Ranking CBF, atualizado por Alexandro Andrade, mostra que a Raposa tem a quinta maior média de público pagante da Série A (38.177).
Ir longe nas competições impactará também nos direitos de transmissão, que engloba a performance esportiva. Em 2024, o clube mineiro embolsou R$ 138,1 milhões – caiu na primeira fase da Copa do Brasil, chegou à final da Sul-Americana e terminou o Brasileirão em nono lugar. Em 2023, foram R$ 106,6 milhões (14º lugar na Série A e oitavas de final da Copa BR).
As receitas do Cruzeiro de 2023 para 2024
- Direitos de TV: de R$ 106,6 milhões para R$ 138,1 milhões
- Publicidade/patrocínio: de R$ 63,3 milhões para R$ 73,2 milhões
- Vendas de jogadores: de R$ 21,7 milhões para R$ 74,8 milhões
- Bilheteria/sócio: de R$ 62,5 milhões para R$ 83,5 milhões
- Outros: de R$ 900 mil para R$ 1,9 milhão
Total: de R$ 255,1 milhões para R$ 371,5 milhões

Ranking de receitas da Série A 2024
Apesar do impulsionamento em sua arrecadação, o Cruzeiro teve apenas o 13º maior orçamento da Série A em 2024. Os investimentos só foram possíveis em razão da entrada de Pedro Lourenço, dono dos Supermercados BH, como acionista da SAF.
Pedrinho comprou 90% das ações do clube que pertenciam ao ex-jogador Ronaldo por R$ 482 milhões, conforme o portal UOL. Paralelamente, injetou capital próprio no clube para a qualificação do elenco e o aumento da folha salarial.
- Flamengo – R$ 1,287 bilhão
- Palmeiras – R$ 1,128 bilhão
- Corinthians – R$ 1,12 bilhão
- São Paulo – R$ 732 milhões
- Fluminense – R$ 684 milhões
- Atlético – R$ 607 milhões
- Botafogo – R$ 540 milhões
- Internacional – R$ 517 milhões
- Bragantino – R$ 504 milhões
- Athletico-PR – R$ 497 milhões
- Grêmio – R$ 490 milhões
- Vasco – R$ 408 milhões
- Cruzeiro – R$ 372 milhões
- Bahia – R$ 298 milhões
- Fortaleza – R$ 269 milhões
- Cuiabá – R$ 224 milhões
- Vitória – R$ 186 milhões
- Juventude – R$ 135 milhões
- Atlético-GO – R$ 110 milhões
- Criciúma – R$ 101 milhões
Dívida do Cruzeiro
Segundo os cálculos de Cesar Grafietti, o Cruzeiro encerrou 2024 com uma dívida de R$ 1,158 bilhão – 44% de alta em comparação aos R$ 807 milhões apurados em 2023.
De acordo com o economista, um erro comum cometido pelas agremiações é calcular a dívida como “passivo circulante menos ativo circulante”. “Tecnicamente, isto é uma forma de liquidez, e no caso de um clube que tem mais passivos que ativos, significa que está mais próximo da insolvência, especialmente se o fluxo de caixa é negativo”.
Outra falha é deduzir os valores a receber de transferência de atletas. “Na Europa, com regras rígidas contra quem não paga, funciona. No Brasil, onde clubes contratam, não pagam e ainda conseguem prazos longos, é um erro considerar o ativo como redutor de dívida”, escreveu Grafietti.
Assim, a fórmula aplicada para chegar ao valor que o Cruzeiro precisará arcar é:
- (+) Dívida com terceiros (não financeiros): R$ 21,8 milhões
- (+) Contas a pagar a clubes: R$ 184,7 milhões
- (+) Contas a pagar a agentes: R$ 89,7 milhões
- (+) Adiantamentos de TV: R$ 84,4 milhões
- (+) Salários, encargos e impostos: R$ 29,8 milhões
- (+) Impostos parcelados e acordos: R$ 826,9 milhões
- (-) Disponibilidades e aplicações financeiras: R$ 76,5 milhões
Saldo aproximado a pagar: R$ 1,16 bilhão
Dessa quantia, os R$ 826 milhões em “impostos parcelados e acordos” compreendem a recuperação judicial da associação civil (R$ 590 milhões) e a aquisição das Tocas 1 e 2 em troca da dívida do clube com a Fazenda Nacional (R$ 236 milhões).