CRUZEIRO

Polícia apreende ‘lança-chamas’ caseiro com integrantes da Máfia Azul

Dois líderes da torcida organizada do Cruzeiro Máfia Azul foram presos em operação conjunta das polícias Militar e Civil

Compartilhe
google-news-logo

A Operação Hooligans, que levou à prisão de dois líderes da torcida organizada do Cruzeiro Máfia Azul, foi detalhada por representantes da Polícia Militar e da Civil nesta terça-feira (10/6). Segundo o capitão Augusto Pena, do Batalhão de Choque da PMMG, além da prisão, foram apreendidos na sede central da torcida, no Barro Preto, Região Central de Belo Horizonte, e na residência de um dos detidos entorpecentes e artefatos caseiros. Entre eles, um objeto que sugere uso como “lança-chamas”.

“Foram apreendidos objetos relacionados a violência como pedras e artefatos montados, um desodorante com objeto incandescente (tipo para lança-chamas caseiro), que poderiam ser utilizados em combate”, disse o capitão Pena.

Ele contou que a policia chegou aos líderes da Máfia Azul por meio do trabalho de monitoramento feito pelas equipes de inteligência do Batalhão de Choque: “Em todas as ocorrências que a gente consegue identificar que um ilícito penal foi praticado em razão de aquele indivíduo ser integrante de torcida organizada ou a vítima ser integrante de organizada rival, a gente dá um ‘start’ no monitoramento da ocorrência. Assim vimos que havia relação com a rixa e, a partir desse levantamento, identificamos que as lideranças tinham perpetrado esse roubo”.

Foram cumpridos três mandados de prisão e quatro de busca e apreensão contra três homens.

O ponto de partida da investigação foi um crime ocorrido em 13 de março deste ano, no Bairro Padre Eustáquio, na Região Noroeste de Belo Horizonte.

Os suspeitos teriam invadido um estabelecimento comercial para agredir um atleticano, de 32 anos, e roubar uma camisa da torcida rival (veja o vídeo abaixo). Durante a ação, a mãe da vítima, de 56, também foi agredida ao tentar intervir.

“Levaram a camisa do torcedor rival e houve agressões, na vítima e na mãe dele. Em princípio, lesões leves: soco, chute, tapa, empurrão”, disse o capitão Pena, ressaltando ainda: “As peças roubadas eram exibidas em um perfil de rede social, o que potencializa o efeito criminoso da conduta. É uma questão grave”.

Segundo o delegado Félix Magno, titular da Delegacia de Eventos e Proteção ao Turista, a investigação aponta para premeditação no crime: “Filmagens indicam que houve premeditação para o delito uma vez que as informações que chegaram são no sentido de que os responsáveis foram vistos mais de uma vez no local, até terem a oportunidade de praticar o ilícito. A princípio, conheciam a vítima”.

Brigas entre torcidas organizadas

O capitão Pena afirmou esperar que a atuação da polícia iniba outras cenas de violência relacionadas a torcidas organizadas em Minas Gerais: “Com essas operações, queremos dar um recado a todas as organizadas do estado, para que contribuam conosco para criar este ambiente de paz nos estádios”.

E acrescentou: “É uma resposta para a sociedade, para que continuem indo a estádio, torcendo pelos seus times, mas sempre num ambiente de paz, clima de confraternização. Qualquer ato relacionado a violência, crime, nos estádios ou fora deles estamos aqui para atuar, investigar, para que esses casos seja solucionados e não aconteçam outros futuramente”.

Cenas da agressão

A Polícia Civil divulgou imagens do dia da agressão que levou à prisão dos líderes da Máfia Azul.

Defesa da Máfia Azul

A defesa dos líderes da Máfia Azul presos emitiu nota na qual afirma que os “fatos estão em fase inicial de investigação” e que “não há provas concretas” da responsabilidade penal dos diretores presos.

“A defesa do presidente e do vice-presidente da Máfia Azul vem a público manifestar-se acerca da recente abertura de inquérito policial envolvendo seus representados. Esclarecemos que os fatos estão em fase inicial de investigação e, até o momento, não há provas concretas que sustentem qualquer responsabilidade penal dos diretores da torcida organizada.

Reiteramos a confiança de que, no momento oportuno, todos os fatos serão devidamente esclarecidos e a verdade prevalecerá. A defesa acredita que os diretores estão sendo injustamente associados a condutas praticadas por terceiros, o que evidencia um tratamento seletivo e, por vezes, persecutório.

Recentemente, dois membros da torcida, conhecidos como Digô e Bidu, foram brutalmente assassinados em meio aos conflitos entre torcidas organizadas. Até o presente momento, não houve prisões ou responsabilizações pelos crimes, tampouco informações oficiais sobre o andamento de investigações relacionadas a essas mortes.

Diante do cenário de constantes conflitos entre torcidas organizadas, é notória a ausência de imparcialidade por parte das autoridades policiais, que reiteradamente adotam medidas mais severas contra integrantes da Máfia Azul.

Ressaltamos que a torcida vem sendo alvo de sucessivos ataques por parte de rivais e tem, de forma contínua, comunicado tais ocorrências às autoridades competentes, sem que se perceba o mesmo rigor investigativo ou empenho para apurar os delitos praticados contra seus membros.

Dessa forma, a defesa reafirma que considera a prisão dos diretores como medida arbitrária e desproporcional, e seguirá atuando com firmeza e dedicação para demonstrar sua inocência e restaurar a justiça.’’

Compartilhe
google-news-logo