Nas últimas semanas, torcedores do Cruzeiro têm se deparado com campanhas educativas sobre a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) nas redes sociais do clube. O No Ataque procurou entender o contexto das publicações e traz a resposta a seguir.
Em nota enviada à reportagem, o Ministério Público do Trabalho de Minas Gerais (MPT-MG) esclareceu que as inserções fazem parte de uma investigação ao clube por questões relacionadas a saúde e segurança.
O Cruzeiro havia sido condenado a pagar indenização por dano moral coletivo para reparar as irregularidades. Contudo, essa punição foi revertida em seis vídeos sobre os direitos dos trabalhadores.
As postagens geraram dúvidas nos cruzeirenses pelo fato de Pedro Lourenço, dono da SAF, ser proprietário dos Supermercados BH, que emprega cerca de 40 mil trabalhadores no regime CLT e faturou R$ 21,2 bilhões em 2024.
Uma das inserções do MPT, por exemplo, questiona a jornada de motoristas de aplicativo, que são autônomos, têm a renda atrelada à quantidade de horas ao volante e não dispõem de direitos como férias, 13º salário, FGTS e INSS.
Os seguidores das páginas do Cruzeiro teorizaram que Pedrinho estaria com dificuldades para preencher os postos de trabalho no BH devido à remuneração ofertada. No entanto, o empresário não é o responsável pelo conteúdo, e sim o MPT.
Assista a um dos vídeos do MPT no perfil do Cruzeiro no Instagram
Fim dos problemas do Cruzeiro com a Justiça do Trabalho
O Cruzeiro enfrentou problemas com a Justiça do Trabalho quando era associação civil. Em 2020 e 2021, época em que o clube disputou a Série B do Campeonato Brasileiro, as receitas caíram substancialmente e as dívidas aumentaram na mesma proporção.
No auge da crise financeira, o clube atrasou salários de jogadores e funcionários, bem como deixou de cumprir o pagamento de verbas trabalhistas. Os débitos da instituição superaram R$ 1 bilhão, ao passo que o faturamento era de R$ 116 milhões.
A sangria foi estancada com a criação da Sociedade Anônima de Futebol, que teve o ex-jogador Ronaldo Nazário como primeiro investidor, e a aprovação da recuperação judicial da associação civil.
A RJ teve grande importância porque o Cruzeiro ganhou prazo de 18 anos para arcar com metade da dívida – acima de R$ 500 milhões. O clube também fez acordo com a Fazenda Nacional para quitar R$ 200 milhões até 2033.
Após organizar a casa, Ronaldo vendeu as ações da SAF para Pedro Lourenço em abril de 2022 (R$ 482 milhões parcelados em 10 anos). O dono dos Supermercados BH cumpre as obrigações trabalhistas em dia e investe dinheiro em contratações.
No primeiro ano da gestão de Pedrinho, o Cruzeiro chegou à final da Copa Sul-Americana e foi nono colocado no Campeonato Brasileiro. Em 2025, o time ocupa a vice-liderança da Série A e está nas oitavas de final da Copa do Brasil.