CRUZEIRO

Milton Nascimento se pronuncia após notificar Cruzeiro por direitos autorais

Cantor notificou o Cruzeiro por uso indevido de música na apresentação de Gabigol, em janeiro; veja pronunciamento

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O cantor Milton Nascimento se manifestou, neste domingo (3/8), em suas redes sociais a respeito da notificação feita em conjunto com a Sony Music e o Clube da Esquina ao Cruzeiro por direitos autorais. Em nota oficial, assinada pela Nascimento Música, o artista alega que se trata de uma “ação legítima”.

Entre as justificativas apresentadas, o artista aponta que sua obra musical foi utilizada sem autorização “em uma campanha publicitária do clube, veiculada em 1º de janeiro de 2025”.

O uso em questão se refere a um vídeo de apresentação do jogador Gabigol, contratado pelo Cruzeiro em 2025.

“A música foi utilizada para anunciar a contratação de um jogador de forma claramente promocional, sem qualquer autorização ou tentativa de diálogo prévio, o que configura violação direta da Lei de Direitos Autorais (Lei 9.610/1998). Tentativas amigáveis de resolução foram feitas, porém foram ignoradas.”

“Reiteramos que a música é trabalho, é sustento, é propriedade intelectual. Assim como um jogador de futebol é remunerado por seu ofício, compositores e artistas também têm o direito de decidir quando, como e por quem suas obras podem ser usadas. Em casos assim, é necessário separar a idolatria, e se entender que o Clube, para além do sentimento, é uma empresa/marca, que visa e tem lucros, e a música, para além do entretenimento que gera, é um trabalho sério, um patrimônio do autor e fonte de renda.”

“Essa não é uma briga por dinheiro. É uma defesa legítima do trabalho artístico, do direito autoral e do respeito à profissão.”

O colunista Ancelmo Gois, de O Globo, divulgou nesse sábado (2/8) que a Sony Music e o Clube da Esquina processaram o Cruzeiro. Cada um requisita o pagamento de R$ 50 mil pelo uso indevido da música. Além disso, a gravadora pede uma indenização por danos materiais.

Analogia com Supermercados BH

Ainda em nota, a equipe de Milton Nascimento fez uso de uma analogia com o Supermercados BH, grupo de propriedade de Pedro Lourenço, dono da SAF Cruzeiro, e com os próprios jogadores do clube. “É curioso notar como ainda há dificuldade, por parte de muitos, em compreender a música como profissão.”

“Para tornar mais clara essa lógica, propomos uma analogia simples: imagine se alguém entrasse em uma grande rede de supermercados pertencente ao proprietário do Clube, pegasse os produtos das pratelerias e, ao chegar no caixa, solicitasse os itens gratuitamente, por amor ao time. Seria aceito?”

“Ou, até mesmo, solicitar que os jogadores joguem ou façam campanhas publicitárias sem a sua devida remuneração, apenas por amor. É exatamente isso que acontece quando se exige o uso gratuito de uma obra musical com fins comerciais, em nome de uma suposta homenagem”, diz trecho da nota.

Ofensas e medidas cabíveis

Por fim, a nota revelou que o cantor recebeu uma série de ataques nas redes sociais, com comentários etaristas e ofensivos. Segundo a Nascimento Música, todas as medidas cabíveis serão tomadas individualmente.

Pronunciamento do Cruzeiro

Nesse sábado (2/8), em contato com o No Ataque, a assessoria do Cruzeiro já havia se manifestado sobre o ocorrido. O clube afirmou não foi informado sobre um possível processo, mas confirmou que recebeu uma notificação.

“O Cruzeiro informa que não recebeu qualquer citação referente ao processo mencionado na reportagem, portanto, desconhece o exato teor da demanda. Contudo, o clube esclarece que recebeu uma notificação extrajudicial, há aproximadamente seis meses, com alegação de violação de direitos autorais por ter compartilhado, em colaboração, um vídeo divulgado na página pessoal do atleta Gabriel Barbosa”, iniciou o Cruzeiro.

“Em resposta, o Cruzeiro se posicionou contrário à notificação, uma vez que não houve qualquer violação autoral por parte do clube, que apenas compartilhou, em formato collab, o vídeo postado pelo atleta, que continha fundo musical extraído da galeria musical do Instagram, disponibilizada pela plataforma digital a todos os usuários, com a referência clara aos criadores musicais ao longo de toda a sua exibição.”

“O compartilhamento da postagem pelo Cruzeiro foi apenas de cunho editorial, até como uma forma de homenagem ao artista que, em inúmeras ocasiões, declarou ser torcedor do clube, sem qualquer edição adicional que justifique violação autoral ou qualquer intuito de exploração da obra musical”, finalizou.

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